terça-feira, 24 de novembro de 2009

Acabou

Pois é. Eles não apenas acham que o mundo vai acabar como fazem questão de dizer a todos. Nós não temos opção. Precisamos conviver com toda essa poluição. E não é somente em outdoors, revistas e televisão. Somos devorados por propagandas dentro do banheiro, no fundo do prato, dentro do cinema. Precisamos ser saudáveis, atléticos e magros. Mas também temos que comer Elma Chips, Bombom Garoto e Mac Donald´s. Não temos escolha nenhuma. Não somos responsáveis por nós mesmos. Nem pelos nossos atos, nem pela humanidade. O mundo vai acabar. “Nós avisamos”.

E assim, entramos na estação do metrô, com a sensação de estar em uma cidade em colapso. Um azul forte escurece o corredor. Toda a parede mostra os últimos momentos daquilo que chamamos de mundo. Pelo chão, onde os trabalhadores andam, um mar revoltado. Eles se locomovem para o serviço diário, mas com a notícia de que o mundo irá acabar. E, mais uma vez, não há nada que possamos fazer.

Ninguém percebe que o mundo já acabou. Pessoas são más, egoístas e competitivas. Não pensam, não questionam, não entendem. Sentam em frente à televisão e divertem-se com o filme de Hollywood. Querem roupas, jóias e apartamentos. Querem uma aliança no dedo e um casamento de fachada. Querem o corpo esbelto e o cabelo liso. Pensam ter vontade própria. Pensam ser felizes. Pensam ser independentes. Acreditam que o mundo irá acabar.

Em 2012.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ratinhos

Todos aqui vieram de um laboratório. Lá, eles aprenderam a agir exatamente assim. Passaram os dias e as noites naquela sala, fazendo tudo que o palhaço mandasse. Sabiam como abaixar a cabeça e aceitar tarefas. Feriados, fins de semana e madrugadas foram passados naquele laboratório com regras que não poderiam ser desrespeitadas.

Quando puderam sair da jaula, sentiram-se livres. Eram tão bitolados dentro daquela caixa, que não conseguiam ver muito além. Então, todos eles, quase que em fila indiana, entraram na outra jaula. Tinham (e muitos ainda têm) a impressão de estarem livres. Não percebem que apenas mudaram de jaula. Competição, falta de ética, lavagem cerebral, desrespeito, mentiras. Imagens, postura, cara a tapa. Promessas não cumpridas. Esperança de sair da jaula para um lugar melhor.

São um monte de ratinhos de laboratório. Correm em suas esteiras para chegar antes do outro. Fingem que são amigos, felizes e comprometidos. Vivem arrumadinhos e sorridentes.

Acho que vou comprar um nariz de palhaço.