quarta-feira, 21 de outubro de 2009

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Não entendo porque você ainda me procura. Não entendo porque você vem, me chamando como sempre chamou. Não entendo porque não esquece. Ou pelo menos finge que esquece. Não entendo como suas letras têm o efeito de palavras suaves ao pé do ouvido. Não entendo porque suas promessas são tão curtas quanto um sonho bom. Não entendo porque você aparece nos meus sonhos. Não entendo porque você ainda diz que me ama. Não entendo porque diz que tudo era tão bom. Não entendo porque fala que quer, se não vai fazer, mesmo querendo. Não entendo porque não mente, dizendo não querer. Não entendo porque decidiu assim. Não entendo porque fechou as portas. Não entendo porque lembro sempre que o metrô pára ali. Não entendo porque te procuro no meu vagão. Não entendo porque você lembra até mesmo do jeito que eu falava, respirava e amava. Não entendo porque você lembra e me faz relembrar. Não entendo porque a cerveja com você era mais gelada. Não entendo porque com você tinha sempre feijão. Não entendo porque você está sempre aqui. Não entendo porque não me esquece. Não entendo porque me procura. Não entendo porque minha ausência te aflige. Não entendo.

Mas também não quero entender nada. Não mesmo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Portas

É. O problema está mesmo na enorme quantidade de portas. Ficam todos à procura da felicidade. A procura do par perfeito, do amor ideal, do homem da vida. Encontram qualquer um, no meio da rua, numa festa, na padaria. Beijam, transam, trocam algumas palavras. E caem na ilusão. Ilusão de ter encontrado o par perfeito, o amor ideal, o homem da vida. Ilusão de existir o par perfeito, o amor ideal, o homem da vida.

Não é possível nada disso. Não existe nada disso. Porque temos muitas opções de porta. A porta que nos leva ao saradão de pau pequeno, mas que dá pra tirar mó onda. A porta do intelectual, bom de papo, mas péssimo de cama. A porta do alternativo, com uma puta pica, mas que não se satisfaz nem comendo a torcida do Flamengo. A porta do quadradão, apaixonado, mas que não tem virilidade, como diria alguém. A porta do paulista, lindinho, mas que ta lá em São Paulo. A porta daquele que chupa loucamente, mas é obsessivo como ninguém.

A porta do sexo por uma noite, a porta da homossexualidade, a porta da amante, a porta do relacionamento aberto, a porta do casamento na igreja, a porta do namoro de 3 meses, a porta do amor de carnaval, a porta do swing...

Com tantas portas, como saber se estamos entrando na melhor? Como ter satisfação com apenas uma, se podemos testar todas?

A culpa não é minha, não é sua. A culpa é da modernidade e de suas portas.


Será que para entrar em uma nova porta precisamos sair daquela que estamos?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

(Sem)Dor

Queria realmente poder trocar o sorriso que só eu tenho por uma carinha esmiuçada. Só para te fazer feliz e você reclamar um pouco menos de sua vida ociosa. Talvez, se eu conseguisse ter a cara fingida de “Não doeu” você não tivesse se apaixonado pelo meu lindo sorriso. Talvez, se eu fosse um pouco menos sincera, teria fingido acreditar que tudo daria certo. Talvez, se eu conseguisse mentir, não teria te feito fugir, tantas vezes.

Não, não doeu. De verdade, não. Se houvesse apenas um pouquinho da dor que você me deseja, eu confessaria. Só para te fazer feliz. Infelizmente, não teve nada de dilacerante. A conta chega sim. Para mim, para você e para todos os outros. Por isso, digo de forma clichê, que o mundo dá voltas. Talvez, dessa vez, você tenha tido a sensação de ver meu corpo ao solo. Mas, só para te fazer feliz, sugiro guardar o seu tesão, porque a volta pode ocorrer a qualquer momento.

Talvez você se sinta especial o suficiente para destruir alteregos. Talvez eu seja imatura ou queira me auto-afirmar. Talvez nenhum caráter seja melhor do que a falta dele. Talvez a sua insegurança esteja nas entrelinhas.

Talvez eu esteja no fundo do seu copo, em uma sexta-feira. Só para te fazer feliz.