segunda-feira, 24 de maio de 2010

Poucas palavras (muito sentido)

Seu corpo vestia o meu. Coberto por você, com o peso de suas pernas e o tic tac de seu coração. Sua barriga de chopp, quantos chopps, esquentava as minhas costas nesse quase inverno carioca. Eu pensei muito no quanto te adoro e no quanto somos felizes juntos. Pensei na pergunta “o que falta?” e se você saberia respondê-la. Sua respiração no meu pescoço e seus dentes mordendo meus lábios. Seu beijo selvagem. Suas mãos leves e firmes, sobre meu corpo, em êxtase. Seu ranger de dentes, me acordando durante toda a madrugada. E minha mão carinhosa segurando seu queixo, cuidando de sua boca. Seu sorriso quase amoroso, como que me dizendo “você é fofa”. Sua cosquinha de manhã, me acordando. Suas palavras poucas e seus gestos muitos. Seu jeito de me admirar e me respeitar. Nossa amizade e sua língua que me faz ficar na ponta dos pés.

É uma tentativa de alcançar o céu.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Escravos da rotina

Acordei extremamente bem humorada depois de 12 horas de sono. Sim, 12 horas muito bem usadas. Agora já estou sentada na cadeira onde passo a maior parte dos meus dias. Fico pensando nas prioridades que cada um tem na vida. Eu coloco essa calça social, bolsa de couro e um sapato altíssimo de verniz. Chego com um sorriso no rosto e um “bom dia” super simpático. Tudo que eu não sou. Saio daqui tarde e graças a deus já passei da fase MBA.

Hoje em dia, nunca estamos bem, nunca terminamos nada, sempre temos que correr contra o tempo, contra o bem estar e contra a saúde para concorrer com o amiguinho. Precisamos de trabalho porque o dinheiro nunca é suficiente. E então, nos afogamos em rotinas enlouquecedoras, onde não sobra espaço nem para pensar. Somos transformados em robôs e a parte mecânica nos guia o dia inteiro. Mas eu não vivo assim. Eu não aceito isso.

De que adianta eu ter uma conta bancária deliciosa se não terei tempo para gastar meu dinheiro? De que adianta a sociedade se orgulhar do meu trabalho, se não estou feliz? De que adianta eu ser pós doutorada em química se não uso meu tempo com coisas que me dão prazer?

Eu ainda não fui devorada por esse mundo. E espero não ser. Quero ter tempo de fazer as minhas coisas, nem que isso seja sentar no sofá para ler um livro ou deitar na minha cama e tentar encostar os pés no teto. Meus colegas de trabalho ficam impressionados com a minha dificuldade de gravar senhas. Não tenho acesso ao bankline, não consigo entrar na intranet da empresa e minha caixa postal do celular está lotada porque em algum momento tive que gravar uma senha para ouvir os recados. Essas coisas não me fazem falta, por isso não as resolvo. Não vou trocar minha cervejinha do final do dia por duas horas no telefone ouvindo “disque 1, dique 7, disque 9”.

Tenho mais o que fazer. E enquanto eu encontrar coisas que me dão prazer não cederei todo o meu tempo aos escravos da rotina.

É o que eu acho.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

E para deixar tudo ainda mais perfeito


Tocava Los Hermanos no fundo...

Uma noite de sábado como antigamente

Totalmente inesperada

Em que eu tive certeza que nossa história não terminou.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tudo muda o tempo todo

E aí você chega no meu ouvido, bem baixinho, e diz que eu sou insubstituível. Fiquei toda arrepiada e você sabia que me deixaria assim.

Você que nunca disse frase, palavra ou nada que pudesse aumentar meu ego. Agora chega e diz: INSUBSTITUÍVEL! Pois é, não duvido disso. Eu que sempre te beijei bem molhado, te pedi abraço antes de dormir e acordei mais cedo para comprar Todinho. Eu que chorei quando você disse que não estava tão comigo quanto eu com você. Eu que não chorava há anos por um homem. Chorei por você. E esperava o sábado chegar para ficar bêbada ao seu lado e sentir todo o carinho e afinidade. Eu que quis muito ser sua. Sua. Só sua.

Agora você vem, diz que não pode me perder, que eu sou a mulher para você e que nossa sintonia é maior que tudo. Agora você me quer ao seu lado de verdade, para dividir tudo, ou quase tudo. E eu penso em como te quis, mesmo eu não sendo nada perto do futebol. Mesmo sem trabalho e sem gozo. Eu te queria demais. Você me conquistou com sua honestidade, respeito e amizade.

Mas agora?

Eu sou intensa. Você não.

Eu trabalho. Você não.

Eu acho sexo fundamental. Você não.

Esses três pontos sempre estiveram me martelando. Mas, quando o encantamento acaba, tudo fica mais evidente. E agora eu já não sei mais o que eu quero.

Por que é tudo assim?

Fora de tempo. Fora de contexto.

Mistura

Você me disse que eu não dou apenas a minha opinião, eu falo como se eu fosse a dona da verdade. E é verdade. Você me disse que eu trago muito eles dois para a nossa relação (relação?) e que eu falo muito. Você reclamou dos meus cremes no banheiro e disse que minha casa é de patricinha. Você mentiu para mim e achou que eu acreditei. Talvez você ache que minha ingenuidade é maior do que ela de fato é. Ou talvez você ache que minha adolescência não me permite perceber as histórias. Eu disse que a gente ainda ia brigar muito, mas no fundo sei que não. Sei levar discussões sem brigas. Gritos, palavrões e tapas só na cama...Bate na minha cara pra ver...

Deixei você fazer o que bem quis comigo. Eu quis ver se tudo seria como de fato eu imaginei, se você saberia respirar, me pegar e me lamber. Eu queria saber se você ia me deixar com vontade de dia seguinte. Eu queria ter certeza de que ia relembrar cada cena, cada palavra, cada gemido. E, nas lembranças, ia tremer querendo mais. Eu queria ver se minhas pernas perderiam o controle e se mexeriam sem eu deixar. Eu queria ver se as palavras sairiam da minha boca sem minha permissão e se os gritos seriam mais fortes do que eu. Eu queria ver se teria vontade de te colocar na minha boca e sentir seu corpo misturado ao meu. {Mistura virou palavra nossa} Eu queria ver se íamos encaixar e nos entregar um ao outro. Eu queria ver a sua entrega. Eu queria ver se haveria a intensidade que eu tanto gosto. {E que bom que você já descobriu} Eu queria ver se você realmente ia gostar e querer. Eu queria ver sua vontade de me fazer querer. Eu queria ouvir você pedindo, pedindo, pedindo. Eu queria colocar em prática tudo que você imaginou, tudo que eu imaginei.

{Os outros detalhes ficam entre nós dois}

Eu queria ver se, da próxima vez, eu ia querer dormir abraçadinha.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sacanagem?

Parte 1

- Oi, te vejo sempre correndo por aqui...
- Sério?
(claro que já o vi mil vezes também)
- É, e você corre sempre no mesmo horário. Eu também...
- Tô tentando manter o ritmo...
- Você corre quanto?
- Pouco. Vou até o Arpoador.
- Eu costumo ir até o 9, mas depende da disposição.
- Quem sabe um dia eu chego lá?
- Se correr comigo, aposto que vai conseguir...
(Ai, meu Deus. Eu devo merecer...)
- Quem sabe...
- Mas me diz, você faz o que da vida?
(Céus, vai começar com esse papinho. Mas também, coitado, o que eu queria que ele falasse? Pelo menos está tendo atitude.)
- Trabalho de escrava.
- Nossa... risos.
- Sou consultora. Trabalho na XX, conhece?
- Já ouvi falar sim...
- E você, faz o que?
- Eu sou músico.
- TÁ DE SACANEGEM, NÉ?

Aí sim é que eu corri. Muito e muito rápido. Até a minha portaria.

Parte 2

- Oi, menina maluquinha!
- Oi, músico do meu coração!
(nossa, eu não valho realmente nada)
- Não entendi você ontem...
- Ah, nem tente me entender...Nem eu mesma entendo...
- Veio mais cedo hoje?
- Um pouco...aposto que você correu mais rápido para cruzar comigo estrategicamente no Arpoador...
- Nossa...maluquinha e esperta.
- Pois é...
- Vamos tomar uma água de coco?
- Po...nem trouxe dinheiro...
- Eu pago, claro!
- Ah, meio chato, nem te conheço direito...
- Fala sério, vem cá...
(E me puxou pela mão. Até gostei. Cara de atitude esse aí.)
- Aposto que você trouxe dinheiro já pensando nesse coco...
- Nossa, você é demais, hein menina.
(detesto que me chamem de menina, mas ok)
- Mas fica tranqüilo, eu também coloquei essa calça pensando que ela deixa minha bunda maior. Não percebeu?
(Estava com a mesma calça de ontem, mas ele não perceberia isso e adoro provocar.)
- Você é diferente das outras...
- Não tenho a menor dúvida disso.
- Você gosta mais de coco ou de cerveja?
- Cerveja, sem dúvida.
- Eu também. Vamos tomar banho e beber uma no Baixo Copa.
- Hoje não posso. Tenho que terminar uma apresentação para uma reunião amanhã cedo. Esqueceu que sou escrava?
- Poxa... então me dá seu telefone?
- Vamos fazer assim: a gente se encontra amanhã na corrida. Assim eu te estimulo a vir correr ao invés de ver televisão.
- Ai, ai menina...
- Meu nome é fulana... Pode me chamar assim, ao invés de menina. Quando tivermos mais intimidade eu até permito um “linda”...
- Ai, ai fulana linda...
- Meu nome é Fulano.
- Ah, não! VOCÊ TÁ DE SACANAGEM, NÉ?

Desejos

Tô há 2 dias com vontade de vomitar. Sensação muito estranha de querer colocar tudo para fora. Não sei o que acontece que faz com que eu fique tão angustiada. Tento relembrar certas coisas e reconstruir uma história, com começo, meio e fim. Fim? Meio? Talvez eu tente reconstruir o começo. Ou apenas construí-lo, nos meus sonhos. Eu definitivamente não gosto de sonhar. Prefiro o pão, pão, queijo, queijo. Gosto de dizer logo tudo que quero. Mas aí talvez perca o mistério, a descoberta.
Talvez a angústia seja em criar sonhos e, na hora em que eles podem se tornar realidade, a palavra não sai, o gesto não corresponde. Ou as palavras saem demais, perdidas, fora de contexto. E os gestos acontecem fora de ordem. Depois fico tentando juntar os fatos para criar uma história. E isso enlouquece qualquer um. Eu nunca consigo lembrar de tudo que gostaria. E então os mesmos gestos e palavras repentem-se na minha memória e me fazem querer mais.
Eu sempre quero mais. Fico pensando no que eu queria ter feito e não fiz. E aí o desejo cresce mais ainda.
Eu realmente sou cheia de desejos. E talvez esteja buscando alguém para gastá-los.
Gastar desejos.
É bom porque podemos gastar a vontade. Os meus desejos nunca acabam.

E os seus?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Nao

Gato
Meu trabalho
Leite
Televisao
Livro de auto ajuda
Filmes de Hollywood
Nha Benta
Pessoas enroladas
Sexo bebada
Caipirinha com leite condensado
Senso comum
Hip hop
Beijos vazios
Agulha

Bem menos que o "sim"...

Sim

Vento na cara
Unhas compridas
Coca Zero
Samba
Forró
Mar gelado
Teatro
Sol
Chuva
Estrelas
Lua
Vinho
Cobertor
Varanda
Natação
Altura
Massagem
Cerveja
Estrada
Botequim
Cafuné
Feijão
Intensidade
Coxinha de galinha
Mensagens
Rampa de bicicleta
Livros de ficção
Filme europeu
Beijo molhado
Pessoas descontraídas
Camisa de homem
Andar descalça
Sem maquiagem
Sussuros no pescoço
Férias
Ligações na madrugada
Sensação de liberdade
Sexo matinal
Dormir agarradinho
Surpresas
Brincadeiras de criança
Empada de cebola
Frescobol
Churrasquinho de família
Química entre dois
Natureza
Silencio
Bananeira na piscina
Escrever

...

Ah, tem muito mais!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Vem
...........Vem
.....................Vem
...............................Vem
..........................................Vem
.....................................................Vem
...............................................................Vem
..........................................................................Vem

Que hoje tem!
Lembra daquele meu "problema" em não conseguir dar para flertes aleatórios?
Lembra que por mais que eu queira querer, eu não quero?
Lembra que não é por escrúpulo, mas sim por pura falta de vontade, de intimidade?

Então...

Apenas por isso continuo dando para você. É quase um favor seu para o meu bem estar. Mas que fique claro, não há mais sentimento algum, além do tesão de sempre, pra sempre. Quando aparecer o próximo lance mais sério, aí abro mão de você.

Ele descobriu isso ontem. E disse que então não me come mais.

D U V I D O!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Vício (ou quase)

Eu fui caminhando, embaixo da chuva. As gotas fortes e grossas deixavam o meu vestido vermelho ainda mais escuro. Eu não estava de branco, toda molhada, linda e despenteada. Eu estava de vermelho, vermelho sangue. E meu cabelo, só você consegue despentear. A chuva não é poderosa como você. Fui andando, calmamente. Você sabe como gosto de chuva, como gosto de me molhar e como sei ficar calma. Bem devagar. Sabia que na próxima esquina você estaria me esperando. Embaixo de uma marquise, com um casaco e as mãos no bolso. Você acha que chuva deixa resfriado. E acha que se chover, também está frio. Então usa um casaco e se protege das gotas que caem.

Eu não. Sou despojada demais para isso. Não acredito em nada que me contam. Então, mergulho de cabeça na piscina depois de almoçar, se eu gostasse de leite, beberia junto com manga e passo por baixo de escadas com ar desafiador. Eu gosto de provocar, gosto de contestar, gosto de duvidar. Não tenho alergia, nem TPM. Não tenho cólica, não tenho paranóia, não tenho frescura. Eu sou pura e simples. Ou não tão pura e muito simples.

Cheguei e você estava exatamente como imaginei. Eu te abracei toda molhada, como você gosta que eu sempre esteja. Segurei na sua mão, apertei, olhei para o seu rosto e sorri. Olhei fundo nos seus olhos. E pedi:

- Hoje eu posso tomar uma Coca Zero?

Sabia que você não resistiria ao meu sorriso. Nem ao meu olhar.

domingo, 2 de maio de 2010

Falta

Meu caro amigo,

Sexta-feira sai do trabalho às 18h. Mas não, não estava indo para casa, muito menos para um happy hour. Você sabe como é nossa empresa, como eles nos testam, querem ver quem agüenta mais tempo. E, como prova de resistência, marcaram um treinamento no escritório até às 22h. Numa sexta-feira. Então, saí do cliente e no caminho passei pelo Bar da Maria. Ó meu amigo, como senti sua falta. Não resisti, sentei em uma mesa e pedi uma Original. O professor logo veio falar comigo, perguntando por você, Diretor. Contei a sua história. Lembrei de como você gostava do pastel de queijo com cebola e eu do risole de frango. Lembrei que você quase não cabia no banheiro e lembrei de como a rotina Bar da Maria fazia minha vida mais feliz.

Ó meu amigo, meu melhor companheiro de copo, se eu te contar que hoje quase não bebo? Se eu te contar que hoje quase não saio? Se eu te contar que dispensei todos aqueles telefonemas? É, meu amigo, lembra daquele namorado, o magrinho? Lembrei de você tentando me convencer do quanto ele era ótimo porque era louco por mim, me tratava como uma princesa e tinha caráter. Mas não... ele não era bom para mim. Tão pouco vivido, eu já estava voltando com a mala pronta quando ele ainda estava separando a primeira peça. Lembro de você me dizendo que então, se eu gostava mesmo do outro lá, que eu pegasse o telefone e ligasse. E se fosse o caso, que eu corresse atrás para ver se ele realmente amava a mulher. E eu não queria, como ficar com alguém que trai com a mesma freqüência que bebemos cerveja? É, meu amigo, e os outros todos? Acredita que não gostei de nenhum. Fui ficando mais experiente e exigente. Tão pouca coisa tem me interessado.

E, sentada ali sozinha no Bar da Maria, lembrei de todas as histórias que discutimos. Lembrei de como você se importava comigo. E tive a sensação de que hoje, talvez você não mais me reconhecesse. De tão na minha, de tão sozinha. Troquei os muitos por um livro, uma música, uma corridinha na praia. Troquei as madrugadas por, no máximo, um sambinha a tarde. É quase uma sensação de desistência, sabe? Mas é só quase. Ainda sou muito nova para isso.

Ó, meu amigo, como sinto sua falta.