terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Teatro
Ele me enlouqueceu. Com aquele beijo sem sentimento. Aquele beijo agressivo. Aquelas mãos fortes. As marcas pelo meu corpo. As dores no dia seguinte. E o ódio que tive, sem saber o porquê. Ele foi sensacional.
Naquela noite, contracenei num palco alto, cheio de expectadores. Fui a puta que eu tanto gosto de ser e há tempos não sou.
Faltam homens que saibam entrar nessa cena de teatro.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Lembranças
Mas sei que ele lembra. Lembra das minhas caras e feições. Lembra do meu descontrole. Lembra da minha vontade constante de mais, sempre mais. Lembra do quanto me desejava, tantas vezes por dia. Lembra do quanto eu era a melhor. Lembra que nada nunca será da mesma forma. Lembra de tudo que descobrimos juntos. De tudo que eu aceitei, provei e gostei. Lembra das posições, dos cheiros, dos sussurros e de mim.
Lembra de mim. Lembro dele.
E vivemos de lembranças.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Cinderela
Eu sou atriz. Cinco dias por semana, uso uma máscara. Escolho uma de minhas fantasias e uso uma maquiagem para parecer mais velha, mais séria. Atuo nesse papel cinco dias por semana, cerca de 12 horas por dia. Aparento ser simpática, motivada e sorridente. Falta-me caráter e ética. Esqueço tudo que os meus pais me ensinaram. Recrimino os pobres, o samba e o subúrbio. Não ando de ônibus, nem de metrô. Moro no Leblon e tenho o carro do ano. Meu namorado me leva em restaurantes caríssimos e paga a conta, claro. Mostro que produzo muito, inclusive nos fins de semana. Passo por cima de meus parceiros, na maior descrição. Digo, e depois desdigo. Faço tudo como manda o figurino.
Fingo viver um sonho, que está longe de um conto de fadas, materializado no Castelo da Cinderela. O castelo, eu vou rever ainda esse mês.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Acabou
E assim, entramos na estação do metrô, com a sensação de estar em uma cidade em colapso. Um azul forte escurece o corredor. Toda a parede mostra os últimos momentos daquilo que chamamos de mundo. Pelo chão, onde os trabalhadores andam, um mar revoltado. Eles se locomovem para o serviço diário, mas com a notícia de que o mundo irá acabar. E, mais uma vez, não há nada que possamos fazer.
Ninguém percebe que o mundo já acabou. Pessoas são más, egoístas e competitivas. Não pensam, não questionam, não entendem. Sentam em frente à televisão e divertem-se com o filme de Hollywood. Querem roupas, jóias e apartamentos. Querem uma aliança no dedo e um casamento de fachada. Querem o corpo esbelto e o cabelo liso. Pensam ter vontade própria. Pensam ser felizes. Pensam ser independentes. Acreditam que o mundo irá acabar.
Em 2012.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Ratinhos
Quando puderam sair da jaula, sentiram-se livres. Eram tão bitolados dentro daquela caixa, que não conseguiam ver muito além. Então, todos eles, quase que em fila indiana, entraram na outra jaula. Tinham (e muitos ainda têm) a impressão de estarem livres. Não percebem que apenas mudaram de jaula. Competição, falta de ética, lavagem cerebral, desrespeito, mentiras. Imagens, postura, cara a tapa. Promessas não cumpridas. Esperança de sair da jaula para um lugar melhor.
São um monte de ratinhos de laboratório. Correm em suas esteiras para chegar antes do outro. Fingem que são amigos, felizes e comprometidos. Vivem arrumadinhos e sorridentes.
Acho que vou comprar um nariz de palhaço.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
?
Mas também não quero entender nada. Não mesmo.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Portas
Não é possível nada disso. Não existe nada disso. Porque temos muitas opções de porta. A porta que nos leva ao saradão de pau pequeno, mas que dá pra tirar mó onda. A porta do intelectual, bom de papo, mas péssimo de cama. A porta do alternativo, com uma puta pica, mas que não se satisfaz nem comendo a torcida do Flamengo. A porta do quadradão, apaixonado, mas que não tem virilidade, como diria alguém. A porta do paulista, lindinho, mas que ta lá em São Paulo. A porta daquele que chupa loucamente, mas é obsessivo como ninguém.
A porta do sexo por uma noite, a porta da homossexualidade, a porta da amante, a porta do relacionamento aberto, a porta do casamento na igreja, a porta do namoro de 3 meses, a porta do amor de carnaval, a porta do swing...
Com tantas portas, como saber se estamos entrando na melhor? Como ter satisfação com apenas uma, se podemos testar todas?
A culpa não é minha, não é sua. A culpa é da modernidade e de suas portas.
Será que para entrar em uma nova porta precisamos sair daquela que estamos?
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
(Sem)Dor
Não, não doeu. De verdade, não. Se houvesse apenas um pouquinho da dor que você me deseja, eu confessaria. Só para te fazer feliz. Infelizmente, não teve nada de dilacerante. A conta chega sim. Para mim, para você e para todos os outros. Por isso, digo de forma clichê, que o mundo dá voltas. Talvez, dessa vez, você tenha tido a sensação de ver meu corpo ao solo. Mas, só para te fazer feliz, sugiro guardar o seu tesão, porque a volta pode ocorrer a qualquer momento.
Talvez você se sinta especial o suficiente para destruir alteregos. Talvez eu seja imatura ou queira me auto-afirmar. Talvez nenhum caráter seja melhor do que a falta dele. Talvez a sua insegurança esteja nas entrelinhas.
Talvez eu esteja no fundo do seu copo, em uma sexta-feira. Só para te fazer feliz.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Mitos
Ah, sim! Eu queria. Queria te ver e perceber que nada disso existe. Que nada disso nunca existiu. Que você é e sempre foi um mito. E mitos são coisas de criança...
Vamos brincar?
sábado, 26 de setembro de 2009
descobertas
percebi que aquele ditado, ouvido das bocas mais cliches que conheco, faz realmente sentido. não me preocupei. não fiquei chateada. apenas percebi que minha crise dos 20 e muitos com certeza eh melhor do que aquela que vira, aos quase 40. percebi que ter enteado aos 20, eh menos desistimulante do que ter filhos. Percebi que dancar ate o chao, eh sim coisa de adolescente, mas que não eh tao grave estravasar vez ou outa. tem gente de quase 40, que beija como na epoca da escola, na frente de todos.
diverti-me demais com aquilo tudo. comprovei que seres humanos realmente são despreziveis. sim, alguns tentam me convencer do contrario, mas, por favor, sejamos realistas. uma vez, disse a um namoradinho, que ele era pior, em termos de carater, do que aquele que um dia foi o homem da minha vida. ele não acredita ate hoje. mas isso foi apenas mais uma coisa que comprovei ontem.
não estou chateada. nao estou preocupada. mas o mundo da voltas.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Vida
Não há sentido, nem explicação. A vida não pára. Acontecimentos incessantes. Beijos, estórias. Sexo e mais nada. Madrugadas, copos de cerveja. Nenhuma lembrança. Nostalgias de infância. Adolescência, vida adulta. Tudo tão rápido. Muitas pessoas, muitas sensações, situações. Amores, companheiros. Tudo intenso.
Mas não tente entender. Não há explicação. É tudo junto e misturado. É tudo essa grande loucura. E esse é o grande barato da vida. Não temos certezas. Não sabemos o que virá. Os mais inteligentes apenas vivem. Sem grandes planos, sem grandes perguntas.
Beba um xote, dance um samba, dê um sorriso, procure algo que te dê prazer. A vida é essa. E é muito boa para quem sabe curtir, relaxar, dar um pouco. Um pouco de amor, um pouco de dedicação, um pouco de alegria, um pouco de lealdade, um pouco de vontade, um pouco de você.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Pravocê
Pelo menos, de tapa na cara eu gosto. E muito. Pode bater.
Vai, com força, porra!!!!
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Tempo
Daqui a pouco, quase no tempo de um piscar de olhos, começa uma estória de 30 e poucos anos. Não sei bem como será. Mas imagino algo como casamentos, filhos, mais contas para pagar, menos verba para gastar, menos tempo para a cerveja, mais trabalhos domésticos, creches, deveres de casa, reuniões escolares. Aulas de inglês, ginástica olímpica, brigas entre irmãos. Zona norte, café da manhã e jantar na mesa, passeios de bicicleta, nenhum samba. Obrigações a dois, cobranças, falta da minha tão amada independência. Lembranças e nostalgias de uma época muito, mais muito bem vivida.
Nesse domingo faço 18 anos.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Bons
Eu queria ser blasé. Não pensar em porra nenhuma a não ser no tipo de escova que vou fazer para uma festa de 150 reais que vou nesse sábado. Queria esquecer o comportamento humano e deitar no meu sofá para ver sessão da tarde. Não pensar em porra nenhuma a não ser no penteado da atriz principal. Queria apenas brindar meu champanhe após o trabalho e reparar no modelito do vestido da loira ao meu lado.
Na verdade, eu queria mesmo era parar de contestar e seguir esse fluxo babaca da sociedade. Queria internalizar a babaquice, porque assim eu não perceberia o quão babaca são as pessoas. Queria achar que sou o máximo porque tenho a bolsa da Louis Vitton e os óculos da Diesel. Queria acreditar que o que sou se resume ao meu cabelo bem tratado, meu corpo esbelto e minha maquiagem da L´Oreal. Queria comprar minha felicidade nos bilhetes de festas de playboy. Queria trocar minha tranqüilidade pelo meu status social. Queria dizer por ai que a cidade em que vivo é apenas violência e andar no meu carro blindado, com um motorista negro.
Mas, o que eu queria mesmo era acreditar nessas pessoas. Acreditar, como os babacas que comem a comida da empregada, que os seres humanos são bons. Queria acreditar que ninguém faz nada por mal. Que as pessoas não percebem, fazem por descuido, distração. Queria acreditar que essa patricinha babaca milionária não paga o que consome porque não percebe que comeu, bebeu, dançou.
Ela não é estelionatária.
As pessoas são boas, né babacas?
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Por que?
Nós não lemos textos felizes, de autores bem resolvidos. Os melhores foram e são aqueles que pensam, criticam, revoltam-se, negam. Os melhores se suicidam. Os melhores se afogam no álcool, no cigarro, nas drogas. Os melhores não dormem, vagam pelas madrugadas boêmias. Os melhores lêem os melhores e copiam as suas formas de depressão.
A criatividade vem da dor. Os melhores têm dor intensa, profunda, eterna.
...
Acho que é por isso que não tenho mais conseguido escrever.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Viva a sociedade babaca, que atua como a igreja, construindo uma ilusão coletiva.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Dor
Será que era para ser tudo em vão? Será que seremos mais felizes assim? Será que é para respirarmos apenas toda aquela poeira? Será que restaram as fotos perdidas em um computador qualquer? Será que olharei sempre para os potinhos de comida? Será que sempre me desabafará sua saudade? Será que vale você dizer que ainda me ama? Será que conseguirá me esquecer? Será que valeram as lágrimas? Será que precisava de danças, letras e sons? Será que merecemos as descobertas? Será que minha jaqueta está no lixo? Será que seus chinelos estão no armário? Será que era tudo verdade? Será que era tudo mentira? Será que existe verdade? Será que existe mentira? Será que era você? Será que era eu? Será que conhecemos a ilha da fantasia? Será que a fumaça ainda está ali? Será que perdemos vida? Será que ganhamos vida? Será que aprendemos? Será que valeu a pena? Será que te amo? Será que me ama? Será que existe futuro? Será que existe passado? Será que existe vontade? Será que existe esperança? Será que existe vida? Será que ouvirei barulhos? Será que esperarei para sempre? Será que preciso?
Será que você vai continuar me procurando? Será que um dia isso acaba?
Será que você fez a coisa certa?
Com certeza.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Vapor
Olha nos meus olhos, com aquela sinceridade que me cativou.
Pega nas minhas mãos com a suavidade que me enfeitiçou.
Ele dança de manhã com o bom humor que me dominou.
Liga e chuveiro e me chama com a iniciativa que me agarrou.
Fala de noite com a paixão que me capturou.
Ele me pega de jeito, me envolve em seus braços e me ama como eu sempre sonhei. Seu cheiro, seu peso, seu beijo me enlouquecem. Sinto-me desejada, amada, determinada. O vapor de sua boca, que passa pela minha. O vapor de sua boca na minha nuca, na minha pele, no meu rosto. O vapor de sua boca em minhas costas, em meus pés, em minhas pernas. O vapor de sua boca que me tira dessa esfera, fazendo o mundo inteiro parar. O vapor de sua boca que me faz achar que o mundo nada mais é do que amor. O vapor de sua boca que faz de mim o que você bem quiser. O vapor de sua boca, tão poderoso, que roubou meu coração.
O vapor de sua boca que me faz querer-te mais e mais, todos os dias. O vapor da sua boca que me faz sentir uma mistura de paixão com amor. O vapor da sua boca que me faz acreditar em eternidade. O vapor da sua boca que me faz dormir e acordar em seu colo. O vapor da sua boca que me dá paz. O vapor da sua boca que me domina os sentidos, todos eles. O vapor da sua boca que arrepia meu corpo inteiro.
O vapor da sua boca que me faz ver meu pai, de mão dada comigo, pela primeira e última vez.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Desumano
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Sonho
Racional. Um homem ideal para se viver, então essa oportunidade não poderia ser desperdiçada. Não há fantasias, loucuras, exageros, paixões. É tudo pura razão.
Quanta falta de razão. O que mais existe é o sonho.
Sonho de você. Sonho de uma vida. Sonho de uma estória. Sonho de um futuro.
Sonho de que tudo isso seja apenas um sonho.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
EueVocê
Você me sorriu, quando o que eu mais precisava era um sorriso. Você me ligou, quando o que eu mais precisava era uma ligação. Você me disse não, quando o que eu mais precisava era decidir que eu realmente queria. Você escreveu, quando o que eu mais precisava eram as suas letras na minha caixa de entrada. Você pediu um chope, quando eu mais esperava. Você segurou minha mão, quando o que eu mais precisava era me sentir segura. Você me olhou, quando o que eu mais queria era ser admirada. Você me beijou, quando o que mais precisava era carinho. Você ouviu minhas estórias e me contou as suas, quando o que eu mais precisava era saber que existem pessoas como eu.
Você me abraçou e fez tudo como eu imaginava. Eu me entreguei, quando o que você mais precisava era atenção. Eu me dediquei, quando o que você mais esperava era amizade. Eu demonstrei, quando o que você mais queria era sinceridade. Eu dei sorrisos, carinhos, beijos e abraços, quando o que você mais precisava era amor.
Você me deu segurança, quando o que eu mais precisava era ter certeza. Você me deu estabilidade, quando o que mais queria era tranqüilidade. Você me deu paz, quando eu achei que isso não existisse mais. Você me fez pensar tudo diferente, viver tudo diferente, querer tudo diferente.
Você me fez acreditar, em algo que eu nunca tinha pensado existir.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Amor
Pensei merecer loucuras, cobranças, doenças. Pensei estar pagando pela aventura que quis desvendar com os pés sujos. Pensei que a solução fosse andar descalça, comer pão com margarina, sentar na birosca da cerveja mais barata. Pensei ser alternativa, esquecendo-me que a vida é muito mais do que água e ar. Pensei em escrever, discutir e impor idéias. Achei que eu fosse forte demais.
Quanta modéstia. Achei que pudesse brigar com o mundo. Achei que pudesse ser diferente de todos. Esqueci que precisamos, querendo ou não, seguir a sociedade. Isso não significa comprar roupas, carros e apartamentos de luxo. Isso não significa deslumbrar a aparência, o corpo, os cabelos. Isso não significa menosprezar cérebros, idéias e pensamentos.
Significa apenas que a vida é essa e precisamos encará-la. Quero conforto. Quero paz. Quero viagens. Quero carinhos. Quero viver sem fazer contas no final do mês. Quero dar um presente. Quero comprar um vinho. Quero pegar um avião.
Quero te dar meu amor.
Quer?
segunda-feira, 29 de junho de 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Dois
Ela, da minha idade, veio com muita ansiedade me contar uma descoberta. O pai dela, muito preocupado com essa vida cheia de relações sem importância, cheia de pessoas cheia de problemas, quer que a filha se estabilize. Profissionalmente, nesse caso, não há muito o que se preocupar. Mas a vida pessoal preocupa. Ele quer alguém tranqüilo, determinado, estável. Alguém que possa, de fato, fazer a filha dele feliz. Não hoje, embaixo dos edredons. Mas, amanhã. Em uma segunda-feira, um dia cheio de trabalho. Cheio de estresse. Com crianças com fome e as contas apertadas para o curso de inglês. Ele quer um futuro para a filha, que hoje já é uma mulher.
Então, ele ensinou a ela que não é o outro que decide que vai dar certo. Que não vai aparecer um príncipe encantado que vai fazê-la mudar de idéia e achar que uma cama quentinha vale mais que milhões de cerveja com as amigas. Não é um corpo perfeito, um carro do ano, um apartamento em Copacabana. Não é um sexo selvagem, um beijo encaixado, um ombro amigo. Não é um jantar a luz de velas, nem um anel de brilhantes.
O príncipe vem quando nós decidimos que queremos que ele venha. Simples assim. E quando nós decidimos, o carro da mãe se transforma no carro do ano, o almoço no restaurante a quilo se transforma no jantar a luz de velas, e o apartamento em Copacabana é nosso e não deles. A gente resolve. E não briga, apenas sorri quando ele deseja colocar as almofadas por ordem de tamanho. Apenas sorri quando ele diz que se irrita com o banheiro molhado. Apenas sorri quando pensa nos filhos e na saudade que virá de 15 em 15 dias.
O nosso príncipe não chegou em um cavalo branco. Mas chegou. Assim, ao mesmo tempo. Coincidência?
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Escolhas
- Boas escolhas.
- Mas como fazer boas escolhas?
- Experiência - diz o mestre.
- E como adquirir experiência, mestre?
- Más escolhas.
Papai
Só aprendemos depois de colocar o dedo na tomada. Meu pai dizia: Deixa ela enfiar o dedo. Os outros familiares o achavam totalmente louco, despreocupado com a filha. Pelo contrário. Minha mãe falava todo dia que aquilo era perigoso e por isso eu não podia fazer. Logo para mim? Só por ser perigoso, aí sim que eu sempre tentava. E ela, nunca deixava. Um dia, meu pai deixou. E eu nunca mais coloquei. Aprendi. Sozinha. Depois do choque.
Não é questão de individualismo. Aprendemos sozinhos. Com nossos erros e não com nossos acertos. Os erros dos outros não nos fazem chorar, não nos fazem ter insônia, não nos fazem emagrecer 10 quilos. Eles não valem nada.
Meu pai também me fez beber uísque. Fumar um maço inteiro de uma só vez. De nada disso, eu gosto. A única vez que ele me sugeriu não fazer algo; lavei o rosto no mictório.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
terça-feira, 9 de junho de 2009
Dúvida
Uma mulher gritava. Não sei se era na rua ou em algum apartamento ao redor. Mas ela gritava muito. Parava e voltava a gritar. Xingava alguém. Provavelmente ele. Só se ouvia a voz dela. Com muita raiva. Eu ouvia aquilo tudo, tinha pena da mulher, devia estar sofrendo. Tentava imaginar o porquê daquilo, o que será que havia acontecido. E lembrei.
Não havia como não lembrar. Foi há duas semanas atrás. Gritei, berrei, joguei cerveja, arranhei, odiei. Fui maltratada, menosprezada. Aquela indiferença foi pior do que qualquer coisa. E eu me descontrolei como fazia a moça nessa madrugada de segunda-feira. Por que fiz aquilo? Por amor? Ou por falta de amor? Próprio.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Bom(humor)
E mais um dia, cedo pela manhã. Todos ali correndo, literalmente. O tempo é nosso inimigo, precisamos economizá-lo. Precisamos de concentração, atenção, dedicação. Mas também precisamos de simpatia, sorriso, abraços. Nossa vida, agora, está quase toda ali. Precisamos pelo menos estar felizes, de bom humor. Trocar piadas entre um documento e outro. Olhares sociais?
É, eu também sou flamenguista. É, eu também durmo por aqui. É, eu também almoço naquele restaurantizinho pé de chinelo. É, eu também dou a vida por essa empresa. Não, eu não tava procurando nada.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Ciclos
Passa o tempo, passam as sessões de análise, de auto-análise, as lágrimas, gritos, porradas no chuveiro. Percebemos que estamos doentes, que eles são doentes, que precisamos dizer “fim”. Passamos noites sem dormir, sentindo a dor da saudade. Um dia passa. E agradecemos por termos conseguido nos livrar de tudo aquilo. Temos orgulho de nós mesmas. Brindamos nossas taças em prol da liberdade interna.
Mas não percebemos que, semanas depois, existe outro que mora em Portugal, ou em Londres. Existe outro que discute a vírgula colocada no lugar que ele julga errado. Não percebemos que ele vai voltar para a Europa, que vamos chorar a saudade, que vamos gozar com a distância. Não percebemos que ele vai nos sacanear, abusar do amor, dizer que estamos sempre erradas. Não percebemos que estamos nos subestimando, nos martirizando, nos punindo.
Tudo de novo. Sempre no mesmo ciclo. A cura não está no fim da relação. A cura está na nossa descoberta. No entendimento de que a doença está em nós e não neles. Que se o problema é deles, somos ainda mais problemáticas ao aceitá-los. Não precisamos nos envolver. Escolhemos isso. E aí está a maior doença.
Será que existe cura?
sexta-feira, 22 de maio de 2009
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Escolha
Eu insisto em focar na mesma escolha.
Será que devo seguir as orientações da vida?
Ou as do meu coração?
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Mudanças
Sai do verão carioca para o inverso canadense. Sai de um quase casamento para uma casa vazia. Sai de uma rotina tediosa para mais de 14 horas diárias de trabalho. Sai de um pau que me comia o dia inteiro para um brinquedo de borracha. Sai das brigas da casa da minha mãe para uma casa solitária. Sai de uma semana de alface para uma boa feijoada. Sai da intenção de ser freira para a putaria. Sai da putaria para a intenção de ser freira. Sai de uma casa com 4 amigos para uma vazia. Sai de uma relação doentia em Vancouver para uma doentia no Brasil. Sai de uma relação ao estilo contos de fada para uma porrada de casos sem importância. Sai de uma sandália rasteira para um salto fino.
Sai de carro, voltei de ônibus. Sai para lapa, cheguei no Leblon. Sai para chegar logo, cheguei no dia seguinte. Sai para um chopp, acabei num quarto. Sai para ser santa, voltei puta. Sai de tudo isso para muito mais que ainda virá.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Políticas
Ok, e vai-se dinheiro de taxi. Essa porra de lei seca que desde que surgiu deixou nossos carros na garagem o fim de semana inteiro. Tudo bem, tenho que concordar que isso é interessante, evita acidentes e o caralho-a-quatro. Tem gente que respeita, como eu. Homens não respeitam, nenhum deles vai sair sem carro na madruga. Não tem jeito. Achei que isso fosse durar pouco. “Relaxa, daqui há dois meses já esqueceram disso e a gente volta a gastar o dinheiro do taxi com cerveja”. Doce ilusão. Passei por uma blitz na semana passada. De carro.
Multas. Porra, esse prefeito está de sacanagem né? Ou então o guardinha da minha rua está de marcação com meu carro. Multa até por estar parada fora da posição correta. Parei a 40 graus, em vez de 45. Vai multar alguém que dirige bêbado pô.
Agora vem essa porcaria de rio rotativo novo. Demitem todo mundo, colocam um monte de flanelinhas despreparados e mercenários. Minhas amigas ali da rua, que me defendiam do guarda e sorriam todo dia de manhã sumiram. Nunca me cobraram nada às 7 da manhã, quando eu tiro meu carro da vaga. Esses novos querem sempre um cafezinho. Onde será que estão minhas amigas? Será que continuam trabalhando honestamente para o seu próprio cafezinho?
Políticas.
Velhice
sexta-feira, 8 de maio de 2009
(Sem)Fim
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Você
Talvez seja a que mais se ama.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Alcool
Ao acordar, risos, gargalhadas, arrependimentos e mais um monte de coisas. Dessas não lembramos.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Realidade
Outras coisas, pra quê?
Água na garrafinha ao lado do note. Comida, idem.
Sexo não é necessário para quem aqui trabalha.
Cerveja, muito menos.
E não tenho que reclamar de nada.
Apenas agradecer por ter um trabalho decente. Um futuro decente.
Tenho orgulho de mim, sim.
Não sou malandra, nem madame!
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Paz
Levanto da cama, com meu travesseiro na mão, só para mudar de lado e encaixar em você. Sou assim, pequenininha e caibo perfeitamente no seu corpo. Seus beijinhos dorminhocos me trazem paz. E assim durmo bem.
Essa química, essa pele, esse cheiro. Esses abraços nossos, esse amor nosso, esse desejo nosso. Essa paz nossa. Não há nada melhor do que sentir os seus braços me apertando. Percebo que tudo é recíproco e te amo ainda mais.
Não te largo por nada. Não te troco por nada. Quero você assim, todos os dias. Quero dividir meu copo com você. Quero dividir minha cama com você. Minha toalha. Aprendi a viver com você, a rir com você, a seguir com você.
Faz cosquinha, faz! Por você, tomo até mate com limão.
segunda-feira, 30 de março de 2009
Título
Cura
sexta-feira, 20 de março de 2009
Palavras
Confusão!
quarta-feira, 18 de março de 2009
Chuva
Que soooorrrte!
terça-feira, 17 de março de 2009
Conclusão
É isso. Sem modéstia mesmo. Porque não precisamos disso. Percebemos que somos um excelente partido. Talvez o melhor dos melhores. E, por isso, nos damos o direito de sermos tão exigentes. E não é aquele papinho de adolescente, que defende as amigas, mesmo quando estas estão erradas. Sabemos muito bem quem somos e quem são as nossas amigas. E sabemos também, que mesmo entre elas, somos bons partidos.
Não é competição, não é auto-afirmação. É a pura verdade. Fora uma gordurinha aqui (eu) e uma mania de hidratação (ela) somos mulheres sensacionais. Aquelas que todo homem sonha em conquistar. Porque não é nada fácil entrar em nossos corações.
Olhem isso: bonitas, inteligentes, batalhadoras, interessantes, interessadas, boas de cama, não-controladoras, independentes, estudadas, ambiciosas, carinhosas, bem-sucedidas, amigas, companheiras, amantes....
Sério, o que mais alguém pode querer? E, por sermos tudo isso, sabemos que as relações só sobrevivem quando há troca. Por isso, queremos alguém que possa ser ainda mais que nós, que possa nos ensinar, segurar nossas mãos e nos levar para lugares que ainda não conhecemos. Queremos a felicidade de um presente, com a possibilidade de um futuro. O tempo não pára.
Corremos.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Aquarela
Agora, olhando para elas, percebe que usou uma boa estratégia. E agradeceu pelo fato da aquarela sair com água porque, o que a água leva, não volta mais. A mistura de tons irreconhecíveis a fez lembrar de momentos muito importantes, em que aprendeu, de verdade, a viver. Entendeu, por meio desses rabiscos de aquarela, que nada é mais importante do que o amor por si mesma.
Daqui para frente, voltará a usar os lápis de cor, que são muito mais eficazes. Com eles, ela vai construir histórias verdadeiras, com pessoas verdadeiras. E aí, em suas novas figuras, todos conseguirão ver a sua merecida felicidade.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Expressão
Na minha cama, ali, sozinha, cheia de saudade de sua companhia. E penso no quanto gosto dele, no quanto gosto de tudo ao lado dele. Nas coisas que faço, que nunca havia feito antes, e que talvez nunca viesse a fazer. Se não fosse por ele. Talvez ele não perceba, talvez ele não entenda. E cobra amor em forma de palavras. Mas não servem as palavras escritas.
Então, ele me envolve em seus braços e fala, baixinho no meu ouvido, o quanto me ama. Beija meu corpo, lambe meu rosto e diz que me ama. E sabe que nada será ouvido de meus lábios. Mas, espera minhas declarações, em letras datilografadas, no início da tarde. E isso ele terá, o dia inteiro.
É, percebi que realmente não consigo me abrir. Talvez não da forma como ele espera. O tempo passa, e muitas vezes descobrimos coisas sobre nós mesmos que ainda não tínhamos percebido. Cada um ama do seu jeito e as demonstrações desse amor podem ser as mais estranhas. Te amo (em letras datilografadas, claro) e estarei com você hoje e sempre. Acredita?
Autoagressão
Taí, humanos. Como somos complicados, não? Invejosos, egoístas, competitivos, problemáticos mesmo. Uns mais, outros menos. Talvez você seja mais. E, juro, que pena. Realmente crio e cultivo carinho eterno por todos aqueles que foram importantes em minha vida. Com algumas pessoas, vivi momentos maravilhosos, que ficarão de fato nas minhas recordações nostálgicas. Com outras, aprendi. E nada melhor do que aprender. Nesse mundo em que informação, se transforma em conhecimento, mas sem nunca se tornar suficiente.
Gosto mesmo de todos. Agradeço por não guardar mágoas, rancores. Assim, meu coração fica mais puro, mais leve. Por isso, penso nessa sua agressão, não comigo, mas com você mesmo. Para que isso? Por que não perder seu tempo tentando se encontrar, tentando entender o motivo de tantas atitudes desprezíveis, que não combinam em nada com um homem inteligente? Por que não perceber o quanto você faz mal a todas as pessoas que te rodeiam e que, um dia, te amaram? Por que não encarar que assim, você vai acabar perdendo tudo?
Estou ótima, muito feliz, simplesmente porque mereço isso. A vida é justa. Acredite. O mundo dá voltas. Tudo que vem, volta.. A sua felicidade só virá quando você for correto com você mesmo e, conseqüentemente, com as pessoas ao seu redor. Não se subestime. Você é capaz de ser feliz. Só não abandone o projeto “Felicidade” no meio, ta?
quinta-feira, 5 de março de 2009
Babaca
A igreja católica me enoja. Sim, me enoja e eu não sinto nenhuma culpa ao dizer isso. Lembro que ainda novinha li numa entrevista de um tal bispo (não gasto meus neurônios decorando nomes desse tipo de gente) uma afirmação que me chocou. Era uma matéria sobre métodos anti-concepcionais, assunto cuja igreja defende idéias para lá de duvidosas. Que usar camisinha é pecado, todos nós já sabemos. Diante disso, o jornalista, então, perguntava ao bispo o que uma esposa deveria fazer caso o seu marido adquirisse o vírus do HIV por meio de uma transfusão sanguinea. Sem titubear, o religioso respondeu: No amor, tudo deve ser dividido.
Conto essa história sempre que o assunto “religião” vem à tona. E minha mãe continua querendo me converter.
Enfim, mas hoje quero falar sobre algo que realmente me tirou do sério. Depois de dias de trabalho intenso, resolvi fazer uma pausa de 5 minutos para ler pelo menos as manchetes do globo.com. Foi então que me deparei com o seguinte: “Menina de 9 anos aborta: mãe e médicos excomungados”.
Claro que eu estava acompanhando essa crueldade feita com a criança. Mas, ao ler que mãe e médicos foram excomungados, fiquei realmente enfurecida. Para mim, não faz diferença nenhuma ser excomungada ou não. Porém, para muitas pessoas, isso pode ser motivo de vida. Vejam o caso da menina de 11 anos, também estuprada, que está correndo risco de morte, por não ter abortado. Por que ela não tirou esse filho? Simplesmente porque a ignorância, que infelizmente é uma realidade brasileira, não permitiu que a mãe da criança entendesse que a vida de sua filha e de seu futuro neto é muito mais importante do que as regras idiotas da igreja católica.
Espero que mãe e médicos agradeçam a excomunhão. Porque permitiram que uma vida continuasse. E, quem sabe daqui há alguns anos, uma outra vida surja de dentro dessa menina, que então já será madura para ser mãe de verdade e defender sua cria de ideais religiosos.
Quanta babaquice!
quarta-feira, 4 de março de 2009
Ano
- Duas horas de trânsito na segunda de manhã.
- 19 horas de trabalho por dia.
- Provas no MBA.
- Percurso Zona Sul – Barra – Centro – Zona Sul.
- 4 horas de sono.
- 2 chefes mulheres (pior que isso, só os chefes gays).
- Uma delas, mal-comida.
- Melhor amiga precisando de atenção, mas não cobrando.
- Namorado carente de carinho.
- Mãe ligando 300 vezes para dizer a mesma coisa.
- Celular que só dá “número inexistente” e mesmo assim a conta exorbitante.
- Cartão do banco bloqueado por erros de informações.
- Carro com o mesmo problema de sempre na aceleração.
- Algumas multas por estacionamento em lugar proibido.
- Cabelos e poeira pela casa inteira.
- Compras de mercado por fazer.
- Dores no ombro e no pescoço.
- Nenhuma cerveja.
Mas, mesmo assim, sorrio. A vida é bela, vai!
segunda-feira, 2 de março de 2009
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Martha
Sempre fui fã de Martha Medeiros. Ela sempre pareceu escrever para mim. O meu amor estava em paginas tao proximas, e tao inteligentes. E ele nao precisa me cobrar, porque meus gestos de carinho vêm sempre quando ele menos espera.
Tipo agora.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Carnaval
Lá fora, a cidade ferve. O trânsito se acumula e eu não imagino a hora que chegarei na zona sul. As fantasias prontas, as cervejas gelando, as marchinhas no ouvido. A vontade de sair gritando, cantando, rindo, aproveitando cada momento da época em que todos se fantasiam de felicidade.
Eu queria que essa fantasia fosse eterna. Mas entre uma cerveja e outra, penso no porquê de tantos sentimentos que bagunçam minha cabeça, angustiam meu coração, embrulham meu estômago. A vida é uma delícia e juro que tudo que sinto, no fundo, me faz bem.
Vamos sentir menos, por 4 dias, e exercitar os três “S”. Skol, Samba e Sexo.
Usem camisinha. Bom carnaval.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Parabéns!
E sabe que, mesmo detestando, amava muito tudo aquilo. E amava ele, mais ainda. E ainda ama, como uma das pessoas mais especiais que já conheceu, com certeza a mais especial com quem dividiu a cama. Aprendeu o que era o amor, daqueles de verdade, sinceros, sem posses, sem ciúmes. Orgulha-se dele, dos dois, da relação, do passado, da amizade que permanece e da coragem de dizer “fim”.
Lembra do chopp com caldinho de feijão. Sente falta. Hoje, é dia de recordar. Relembrar as comemorações, festas em boate de playboy, mas ela ia. De salto, maquiagem, vestidinho.
- Você está linda!
- Só para você.
E ele não acreditava, mas aquela patricinha falsa era só para ele. De verdadeiros já bastavam os sentimentos, o amor, que ela jurou ser eterno. E realmente é.
Nunca estiveram realmente longe. Apesar das diferenças, dos caminhos da vida, das outras relações, dos interesses contraditórios. Sempre ali, juntos. Amando. Independente de qualquer coisa. Um amor familiar.
Ela hoje pensa nele, nos anos que passarão, e que continuarão vindo, sempre mais um. E deseja apenas felicidade, saúde, paz, amor e dinheiro (porque disso, ele gosta).
Tudo de melhor pra você! Sem exageros, você merece mais do que ninguém.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Mundos
Por que eu não freqüento boates? Por que eu não gosto de filmes de Hollywood? Por que eu não uso a sandália da moda? Por que eu não tenho franjinha? Por que não ouço hip hop? Por que minha mãe me apresenta como “a filha despojada”? Por que todos me olham e dizem que sou estranha. Por que?
Quer saber? Não to nem aí pra vocês do senso comum. Não vou sair com vocês. Não vou pedir conselhos pra vocês. Muito provavelmente não vou nem conversar com vocês. Tudo bem, estou exercitando a minha tolerância, então talvez troque algumas palavras com vocês. Mas, por favor, não me pergunte a boa do fim de semana, não troque confidências amorosas.
Pensamos diferente. Somos muito diferentes. É outro mundo, de fato. Saibam que é muito mais fácil ser feliz assim, no padrãozinho dessa sociedade ridícula. Mas também é muito mais vazio, embora vocês não tenham discernimento para perceber isso. Tenho muito mais dúvidas, questões, idéias. Mas, não abro mão dessa angústia resolvida nas mesas do botequim. Sim, botequim. É sujo? E daí? Eu curto.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Faces
- Que a gente não tem nada a ver.
Diante desse desabafo, a menina olhou para ele, assim meio abobalhada. Ficou se perguntando se era aquilo mesmo, ou se, na verdade, não era nada daquilo. Não entendeu porque tanto radicalismo, tanta sinceridade. Não entendeu porque ele pensou isso depois de tanta sintonia desvendada. Não entendeu como uma simples conversa, em que houve desacordo, pode ter gerado uma conclusão tão certeira. “Não temos nada a ver”.
Tudo bem, ela pensou. E lembrou que, para ela, “será” já não era mais a palavra certa. Já sabia como era e agora era seguir, como ele havia dito. Não podemos prever nada, mas vamos vivendo. Ah, vai, não foi tão estranho assim. Estranha foi a forma como tudo aconteceu, mas isso agora já não importa tanto. Foi bom, até melhor do que eu imaginava, confesso. “Será que você vai me preencher assim, certinho?”
- Gostei do seu abraço. Às vezes, parece que somos um só...
- É bom, né?
- Pakaraleo.
E agora, ele vem com um “não temos nada a ver”, seguido de, “acho que estou mais empolgado que você”. Ela já não entendia tanta contradição e sabia que ali, não eram apenas as frases dela que formavam um paradoxo.
Então vem, olhe para as minhas muitas faces e tente desvendá-las. Sou multifacetada. Mergulhe em cada expressão e procure significado para cada novo rosto. Entre no meu ritmo e excite-se com sorrisos tão diferentes. Procure explicação para cada rostinho. Fale da intensidade dos meus gestos. E pense em tudo que desvendamos, que desvendaremos. Pense em quantas novas faces você vai apreciar, se deliciar. E me diga, vai, que “não temos nada a ver”.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Será?
Imagino cenas, ácidas, mas cheias de desejo. E sei que você também imagina. Fantasio em cada linha. E me inspiro em cada idéia semelhante. Parece tudo tão encaixado, mas como podemos saber, dentro desse mundo virtual. Às vezes, esse sim parece ser O mundo. O real está se apagando e deixando espaço para ações, aquisições, relações, sensações cada vez mais virtuais.
Mas, pela virtualidade, já entendemos que gostamos mesmo é de pele, de verdade, de vontade, de saudade. Queremos sentir o real. Ombros, pescoços. Sensação de prazer, de querer, de não-dever. Será que nos esbarramos assim, por acaso? Será que as afinidades realmente existem? Será? Será? Não importa.
O desejo é feito de expectativas, mesmo. O novo atrai. E nada mais excitante do que querer algo que, não sabemos muito bem o que será, o que trará, o que sentirá. Mas, entre o medo e o desejo, entre o pudor e a vontade, entre a frustração e a tentativa, acho que vamos.
Vou.
Vem.
Fui.
Fomos.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Inspirado
Sabemos que nada foi por acaso. E por isso, nos revisitamos, mesmo que agora só em pensamentos. Confesso que fujo, mas o medo mesmo foi seu. Sei que senta no sofá da varanda e lembra. Lembra de nós e dos adolescentes que namoravam no playground em frente. Será que eles ainda namoram? Nós não. Apenas na virtualidade dos e-mails, mensagens de texto e bate-papos. E nos pensamentos, nas recordações. Que doem. Mas, existem. E disso, não é possível fugir.
Pode me desejar, em cada cômodo da sua casa, agora vazia. Sei que muitas freqüentam, mas nenhuma a preenche como eu fiz. Você sente minha presença. Minha alma andando por todos os lados. Dormindo no sofá que vira cama. E quantas fantasias descobrimos ali. Lembre-se dos seus maiores prazeres, todos comigo. Aprendemos. Sinta meus lábios. Meu hálito. Meu cheiro. Minha vontade. E sofra. De prazer. “Feche os olhos para que o sonho e as imagens se tornem mais reais. Como sempre vai ser...”
Existe outro em seu lugar. Mais alto, mais forte. Me pega em casa. Paga a conta. Não se surpreenda ao perceber que curto ele. E espero o telefone tocar. A energia mudou de foco. Espero uma mensagem, um beijo, um abraço. Mas sei que depois do ápice, lembrarei de tudo que vivemos. Assim, como você deve estar lembrando, a cada vez que sente um prazer pela metade. Você disse, tantas vezes, que nunca haveria nada igual, nada tão mágico. Justo você que recriminava os extremos “sempre” e “nunca”. Eu não sei. “Lembre-se que fui e ainda sou teu anjo. Talvez o pornográfico de Nelson Rodrigues, levando todo o exausto fogo que lhe pertence e que decifrei.”Lembre de cada despedida, de cada volta que apagou a sofrida saudade. Lembre dos pontos finais, que nada mais eram do que reticências. E entenda que dessa vez acabou, mesmo. Lembre do fatídico natal, em que fui. Passei. Sai. Fui. De vez.
Procure-me em outros braços, outros abraços. E chore. Por não me achar. Beba cerveja, fume, veja TV, fale de células, de experimentos. Longe de mim. Lembre da minha companhia, dos dias de risos, das noites de amor. Lembre de quantas vezes tentou fugir, sem sucesso. Lembre do quanto desejou não me desejar. Lembre de todas as vezes que voltou. Aceite que não conseguiu ficar longe de mim. Saiba que o mérito do nosso fim é todo meu.
Continue tentando me esquecer. Mas não se desespere se não conseguir. “A culpa é tua, fique sabendo”.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Cachinho
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Liberdade
Ninguém vai me conhecer melhor por meio de textos escritos às presas, numa mesa de trabalho, com 30 pessoas em volta. As linhas, muitas vezes, também estão fora de ordem, dessincronizadas. A estória contada hoje pode ter acontecido há anos atrás ou pode até nunca ter ocorrido. O que seríamos nós sem o mundo da fantasia?
Pretendo continuar assim, escrevendo mais textos tristes do que alegres. Simplesmente porque é isso que as pessoas gostam de ler. E todo mundo escreve para ser lido. Senão não existiriam os livros e, agora, os blogs. E, por favor, não venha dizer que gosta de finais felizes. Porque senão será preciso me explicar o sucesso de “Marley e eu”.
É até bom que leiam as minhas estórias e imaginem que estou triste. Assim, quando algum “voyeur” passar pelo meu blog não sentirá inveja da minha felicidade. E, como eu sempre disse, nada melhor do que a liberdade.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Oba
A verdade é que nós, mulheres, em qualquer idade, enfrentamos crises. Mas não há nada que nos derrube de vez. Aquelas com trinta e poucos talvez suportem mais, pois já passaram pela dor do parto. E, nesse momento, perceberam que a dor sempre traz algo muito bom. A dor é o pedágio que precisamos pagar para chegar na região dos lagos. A dor é o que nos mostra o quanto é bom o prazer. Se não houvesse dor, como saberíamos o que é o prazer? Por isso, a dor de perder a virgindade, a dor do sexo anal.
Toda dor antecede prazer, felicidade.
Oba!