terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Teatro

Acho que a vodka deve ter me deixado meio louca. Mas não apenas louca de álcool. Louca a ponto de cometer loucuras, de verdade. Eu queria dar na cara dele. Eu queria tirar sangue daquelas costas. Eu queria encontrar motivos para odiá-lo. Ele me pagou uma água, me sentou num sofá da área vip e me mentiu dizendo morar em Bonsucesso. “Por que você não acredita? O que importa não é o que temos, mas o que somos.” Aquilo era papinho de um playboy de boate, que eu queria espancar. Eu queria arranhar e enforcar aquele menino. Feio. Muito feio. O mais horroroso dos últimos tempos, sem dúvida. Mas algo me enfeitiçou. E, enfeitiçada, eu queria brigar com ele. Com tapas, sangue, força, ódio.

Ele me enlouqueceu. Com aquele beijo sem sentimento. Aquele beijo agressivo. Aquelas mãos fortes. As marcas pelo meu corpo. As dores no dia seguinte. E o ódio que tive, sem saber o porquê. Ele foi sensacional.

Naquela noite, contracenei num palco alto, cheio de expectadores. Fui a puta que eu tanto gosto de ser e há tempos não sou.


Faltam homens que saibam entrar nessa cena de teatro.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Lembranças

Quando me lembro dele, lembro também do meu corpo em êxtase. Lembro das minhas pernas e braços debatendo-se em minha cama. Lembro da respiração difícil, da falta de ar. Lembro dos meus pedidos de “pare, por favor!”. Lembro da minha sinceridade ao dizer “não agüento mais”. O prazer não cabia em minha alma. Lembro de palavras, dos gritos desesperados. Lembro da vontade de sempre mais. Lembro dos tapas implorados. Lembro da mão dele em meu pescoço. Forte como eu pedia. Lembro da puta que eu conseguia ser, todos os dias. Lembro de seu gozo jorando em minha bunda. Lembro da força que ele usava para me possuir. Lembro da minha entrega. Lembro que aquilo ali, ficou ali.

Mas sei que ele lembra. Lembra das minhas caras e feições. Lembra do meu descontrole. Lembra da minha vontade constante de mais, sempre mais. Lembra do quanto me desejava, tantas vezes por dia. Lembra do quanto eu era a melhor. Lembra que nada nunca será da mesma forma. Lembra de tudo que descobrimos juntos. De tudo que eu aceitei, provei e gostei. Lembra das posições, dos cheiros, dos sussurros e de mim.

Lembra de mim. Lembro dele.

E vivemos de lembranças.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Cinderela

Eu sou atriz. Cinco dias por semana, uso uma máscara. Escolho uma de minhas fantasias e uso uma maquiagem para parecer mais velha, mais séria. Atuo nesse papel cinco dias por semana, cerca de 12 horas por dia. Aparento ser simpática, motivada e sorridente. Falta-me caráter e ética. Esqueço tudo que os meus pais me ensinaram. Recrimino os pobres, o samba e o subúrbio. Não ando de ônibus, nem de metrô. Moro no Leblon e tenho o carro do ano. Meu namorado me leva em restaurantes caríssimos e paga a conta, claro. Mostro que produzo muito, inclusive nos fins de semana. Passo por cima de meus parceiros, na maior descrição. Digo, e depois desdigo. Faço tudo como manda o figurino.


Fingo viver um sonho, que está longe de um conto de fadas, materializado no Castelo da Cinderela. O castelo, eu vou rever ainda esse mês.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Eles não querem seres humanos.
Eles querem super man, batman, he-man e homem aranha.

Eu não quero eles.
Eu quero ética, postura e humanidade.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Acabou

Pois é. Eles não apenas acham que o mundo vai acabar como fazem questão de dizer a todos. Nós não temos opção. Precisamos conviver com toda essa poluição. E não é somente em outdoors, revistas e televisão. Somos devorados por propagandas dentro do banheiro, no fundo do prato, dentro do cinema. Precisamos ser saudáveis, atléticos e magros. Mas também temos que comer Elma Chips, Bombom Garoto e Mac Donald´s. Não temos escolha nenhuma. Não somos responsáveis por nós mesmos. Nem pelos nossos atos, nem pela humanidade. O mundo vai acabar. “Nós avisamos”.

E assim, entramos na estação do metrô, com a sensação de estar em uma cidade em colapso. Um azul forte escurece o corredor. Toda a parede mostra os últimos momentos daquilo que chamamos de mundo. Pelo chão, onde os trabalhadores andam, um mar revoltado. Eles se locomovem para o serviço diário, mas com a notícia de que o mundo irá acabar. E, mais uma vez, não há nada que possamos fazer.

Ninguém percebe que o mundo já acabou. Pessoas são más, egoístas e competitivas. Não pensam, não questionam, não entendem. Sentam em frente à televisão e divertem-se com o filme de Hollywood. Querem roupas, jóias e apartamentos. Querem uma aliança no dedo e um casamento de fachada. Querem o corpo esbelto e o cabelo liso. Pensam ter vontade própria. Pensam ser felizes. Pensam ser independentes. Acreditam que o mundo irá acabar.

Em 2012.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ratinhos

Todos aqui vieram de um laboratório. Lá, eles aprenderam a agir exatamente assim. Passaram os dias e as noites naquela sala, fazendo tudo que o palhaço mandasse. Sabiam como abaixar a cabeça e aceitar tarefas. Feriados, fins de semana e madrugadas foram passados naquele laboratório com regras que não poderiam ser desrespeitadas.

Quando puderam sair da jaula, sentiram-se livres. Eram tão bitolados dentro daquela caixa, que não conseguiam ver muito além. Então, todos eles, quase que em fila indiana, entraram na outra jaula. Tinham (e muitos ainda têm) a impressão de estarem livres. Não percebem que apenas mudaram de jaula. Competição, falta de ética, lavagem cerebral, desrespeito, mentiras. Imagens, postura, cara a tapa. Promessas não cumpridas. Esperança de sair da jaula para um lugar melhor.

São um monte de ratinhos de laboratório. Correm em suas esteiras para chegar antes do outro. Fingem que são amigos, felizes e comprometidos. Vivem arrumadinhos e sorridentes.

Acho que vou comprar um nariz de palhaço.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

?

Não entendo porque você ainda me procura. Não entendo porque você vem, me chamando como sempre chamou. Não entendo porque não esquece. Ou pelo menos finge que esquece. Não entendo como suas letras têm o efeito de palavras suaves ao pé do ouvido. Não entendo porque suas promessas são tão curtas quanto um sonho bom. Não entendo porque você aparece nos meus sonhos. Não entendo porque você ainda diz que me ama. Não entendo porque diz que tudo era tão bom. Não entendo porque fala que quer, se não vai fazer, mesmo querendo. Não entendo porque não mente, dizendo não querer. Não entendo porque decidiu assim. Não entendo porque fechou as portas. Não entendo porque lembro sempre que o metrô pára ali. Não entendo porque te procuro no meu vagão. Não entendo porque você lembra até mesmo do jeito que eu falava, respirava e amava. Não entendo porque você lembra e me faz relembrar. Não entendo porque a cerveja com você era mais gelada. Não entendo porque com você tinha sempre feijão. Não entendo porque você está sempre aqui. Não entendo porque não me esquece. Não entendo porque me procura. Não entendo porque minha ausência te aflige. Não entendo.

Mas também não quero entender nada. Não mesmo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Portas

É. O problema está mesmo na enorme quantidade de portas. Ficam todos à procura da felicidade. A procura do par perfeito, do amor ideal, do homem da vida. Encontram qualquer um, no meio da rua, numa festa, na padaria. Beijam, transam, trocam algumas palavras. E caem na ilusão. Ilusão de ter encontrado o par perfeito, o amor ideal, o homem da vida. Ilusão de existir o par perfeito, o amor ideal, o homem da vida.

Não é possível nada disso. Não existe nada disso. Porque temos muitas opções de porta. A porta que nos leva ao saradão de pau pequeno, mas que dá pra tirar mó onda. A porta do intelectual, bom de papo, mas péssimo de cama. A porta do alternativo, com uma puta pica, mas que não se satisfaz nem comendo a torcida do Flamengo. A porta do quadradão, apaixonado, mas que não tem virilidade, como diria alguém. A porta do paulista, lindinho, mas que ta lá em São Paulo. A porta daquele que chupa loucamente, mas é obsessivo como ninguém.

A porta do sexo por uma noite, a porta da homossexualidade, a porta da amante, a porta do relacionamento aberto, a porta do casamento na igreja, a porta do namoro de 3 meses, a porta do amor de carnaval, a porta do swing...

Com tantas portas, como saber se estamos entrando na melhor? Como ter satisfação com apenas uma, se podemos testar todas?

A culpa não é minha, não é sua. A culpa é da modernidade e de suas portas.


Será que para entrar em uma nova porta precisamos sair daquela que estamos?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

(Sem)Dor

Queria realmente poder trocar o sorriso que só eu tenho por uma carinha esmiuçada. Só para te fazer feliz e você reclamar um pouco menos de sua vida ociosa. Talvez, se eu conseguisse ter a cara fingida de “Não doeu” você não tivesse se apaixonado pelo meu lindo sorriso. Talvez, se eu fosse um pouco menos sincera, teria fingido acreditar que tudo daria certo. Talvez, se eu conseguisse mentir, não teria te feito fugir, tantas vezes.

Não, não doeu. De verdade, não. Se houvesse apenas um pouquinho da dor que você me deseja, eu confessaria. Só para te fazer feliz. Infelizmente, não teve nada de dilacerante. A conta chega sim. Para mim, para você e para todos os outros. Por isso, digo de forma clichê, que o mundo dá voltas. Talvez, dessa vez, você tenha tido a sensação de ver meu corpo ao solo. Mas, só para te fazer feliz, sugiro guardar o seu tesão, porque a volta pode ocorrer a qualquer momento.

Talvez você se sinta especial o suficiente para destruir alteregos. Talvez eu seja imatura ou queira me auto-afirmar. Talvez nenhum caráter seja melhor do que a falta dele. Talvez a sua insegurança esteja nas entrelinhas.

Talvez eu esteja no fundo do seu copo, em uma sexta-feira. Só para te fazer feliz.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Mitos

Eu queria te encontrar. Ah, como eu queria. Queria olhar nos seus olhos azuis, de tão negros. Queria ver os seus cabelos, que derramaram minhas lágrimas em uma foto no banheiro, de tão grandes. Queria olhar a sua mão, com aqueles dedinhos, que eu pensava serem de neném. Queria tocar sua barriga, que eu tanto admirava, pelos muitos chopinhos ali guardados. Queria segurar seus pés, que roçavam nos meus e eu tanto gostava. Queria sentir seus dentes fora do lugar, e passar minha língua nos caminhos de sua boca, nada previsível. Seus cílios, quase inexistentes, e meu sorriso, como seus cílios. Seus braços e suas estrias, dessas eu confesso que tinha quase esquecido. Suas pernas, grossas, fortes e preparadas para o que eu quisesse. O barulho de você dormindo, e eu sonhando. Ou seria pesadelo? Nossas fotos contrastando o branco e o preto. As lembranças, as noites, em claro. Eu e você, sempre e apenas. Eu queria. Desculpa, mas eu queria. Queria que você visse meu sorriso, meus longos cabelos. Loiros, do jeito que você detesta. Minha alegria, meus amigos, minha vida. Ah, eu queria. Eu queria que você me visse. Linda e feliz. Gostosa e bem melhor. Garanto.

Ah, sim! Eu queria. Queria te ver e perceber que nada disso existe. Que nada disso nunca existiu. Que você é e sempre foi um mito. E mitos são coisas de criança...
Vamos brincar?

sábado, 26 de setembro de 2009

descobertas

sexta-feira, 9 da noite. estava esperando ele, que nunca vem. como já disse algumas vezes por aqui, pessoas se viciam nas mesmas historias e, por isso, eu tinha que arranjar um namorado que nunca vem. já estava meio pronta para dormir quando tocou meu telefone. eu tenho um serio problema: não resisto a uma cerveja. fomos. muito bom.

percebi que aquele ditado, ouvido das bocas mais cliches que conheco, faz realmente sentido. não me preocupei. não fiquei chateada. apenas percebi que minha crise dos 20 e muitos com certeza eh melhor do que aquela que vira, aos quase 40. percebi que ter enteado aos 20, eh menos desistimulante do que ter filhos. Percebi que dancar ate o chao, eh sim coisa de adolescente, mas que não eh tao grave estravasar vez ou outa. tem gente de quase 40, que beija como na epoca da escola, na frente de todos.

diverti-me demais com aquilo tudo. comprovei que seres humanos realmente são despreziveis. sim, alguns tentam me convencer do contrario, mas, por favor, sejamos realistas. uma vez, disse a um namoradinho, que ele era pior, em termos de carater, do que aquele que um dia foi o homem da minha vida. ele não acredita ate hoje. mas isso foi apenas mais uma coisa que comprovei ontem.

não estou chateada. nao estou preocupada. mas o mundo da voltas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Vida

Tentar entender a vida, procurar porquês para acontecimentos, querer explicações para fatos é coisa para leigos. A vida é assim misteriosa, confusa, perdida. Inícios e fins acontecem todos os dias. Nascimentos e mortes. Idas e voltas. Tudo numa seqüência, não-lógica, não-temporal. Um ri, outro chora. Uma escolha, uma renúncia. Hoje é apenas hoje. O amanhã não conhecemos. Planos não concretizados. Encontros e desencontros. Dúvidas. Sonhos. Objetivos.

Não há sentido, nem explicação. A vida não pára. Acontecimentos incessantes. Beijos, estórias. Sexo e mais nada. Madrugadas, copos de cerveja. Nenhuma lembrança. Nostalgias de infância. Adolescência, vida adulta. Tudo tão rápido. Muitas pessoas, muitas sensações, situações. Amores, companheiros. Tudo intenso.

Mas não tente entender. Não há explicação. É tudo junto e misturado. É tudo essa grande loucura. E esse é o grande barato da vida. Não temos certezas. Não sabemos o que virá. Os mais inteligentes apenas vivem. Sem grandes planos, sem grandes perguntas.

Beba um xote, dance um samba, dê um sorriso, procure algo que te dê prazer. A vida é essa. E é muito boa para quem sabe curtir, relaxar, dar um pouco. Um pouco de amor, um pouco de dedicação, um pouco de alegria, um pouco de lealdade, um pouco de vontade, um pouco de você.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pravocê

As pessoas se viciam nas mesmas estórias. Só mudam os personagens. O enredo é o mesmo. Não conseguem pensar fora da caixa, entender que a mudança faz parte do processo de crescimento. Mesmas doenças, mesmo início, meio e fim. Mesmas posições, mesmas rotinas, mesmas cobranças. Mesmas implicâncias. Mesmo tudo. Menos eu.

Pelo menos, de tapa na cara eu gosto. E muito. Pode bater.
Vai, com força, porra!!!!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Tempo

Era uma vez uma estória de 20 e poucos anos. Mas o tempo passa, os cabelos crescem, ficam loiros, o peito cai, a barriga cresce, a perna flácida, as maquiagens mais caras, as roupas mais longas, os biquínis maiores e a maturidade. Os 20 e poucos anos vão ficando para trás. Assim como a Moonight, os Cabofolias, Garopaba, Porto Seguro, ônibus de madrugada, cachaça com Sprite, vans da Bernadete, beijos escondidos, forrós da lagoa, praia no Pelé, festas americanas, música lenta, cinto de placa, saia de coton, calça de moletin, os muitos namorados, as comparações, as vontades, desejos e nenhuma resistência a nada. As raves, noites viradas, aulas aos sábados, matinês, sexo no corredor, na piscina e na pista de skate. Guardiãs de sofá, cervejas até o amanhecer, loucuras etílicas e mensagens indevidas. A falta de orgulho e a falsa idéia de conhecer tudo. Tudo isso ficou, numa estória de 20 e poucos anos.
Daqui a pouco, quase no tempo de um piscar de olhos, começa uma estória de 30 e poucos anos. Não sei bem como será. Mas imagino algo como casamentos, filhos, mais contas para pagar, menos verba para gastar, menos tempo para a cerveja, mais trabalhos domésticos, creches, deveres de casa, reuniões escolares. Aulas de inglês, ginástica olímpica, brigas entre irmãos. Zona norte, café da manhã e jantar na mesa, passeios de bicicleta, nenhum samba. Obrigações a dois, cobranças, falta da minha tão amada independência. Lembranças e nostalgias de uma época muito, mais muito bem vivida.

Nesse domingo faço 18 anos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Bons

Eu queria ser blasé. Não pensar em porra nenhuma a não ser no tipo de escova que vou fazer para uma festa de 150 reais que vou nesse sábado. Queria esquecer o comportamento humano e deitar no meu sofá para ver sessão da tarde. Não pensar em porra nenhuma a não ser no penteado da atriz principal. Queria apenas brindar meu champanhe após o trabalho e reparar no modelito do vestido da loira ao meu lado.
Na verdade, eu queria mesmo era parar de contestar e seguir esse fluxo babaca da sociedade. Queria internalizar a babaquice, porque assim eu não perceberia o quão babaca são as pessoas. Queria achar que sou o máximo porque tenho a bolsa da Louis Vitton e os óculos da Diesel. Queria acreditar que o que sou se resume ao meu cabelo bem tratado, meu corpo esbelto e minha maquiagem da L´Oreal. Queria comprar minha felicidade nos bilhetes de festas de playboy. Queria trocar minha tranqüilidade pelo meu status social. Queria dizer por ai que a cidade em que vivo é apenas violência e andar no meu carro blindado, com um motorista negro.
Mas, o que eu queria mesmo era acreditar nessas pessoas. Acreditar, como os babacas que comem a comida da empregada, que os seres humanos são bons. Queria acreditar que ninguém faz nada por mal. Que as pessoas não percebem, fazem por descuido, distração. Queria acreditar que essa patricinha babaca milionária não paga o que consome porque não percebe que comeu, bebeu, dançou.

Ela não é estelionatária.

As pessoas são boas, né babacas?

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Por que?

A tristeza nos faz escrever. A angústia nos faz escrever. A dúvida nos faz escrever. A insônia nos faz escrever. A carência nos faz escrever. O medo nos faz escrever. O incerto nos faz escrever.

Nós não lemos textos felizes, de autores bem resolvidos. Os melhores foram e são aqueles que pensam, criticam, revoltam-se, negam. Os melhores se suicidam. Os melhores se afogam no álcool, no cigarro, nas drogas. Os melhores não dormem, vagam pelas madrugadas boêmias. Os melhores lêem os melhores e copiam as suas formas de depressão.

A criatividade vem da dor. Os melhores têm dor intensa, profunda, eterna.

...

Acho que é por isso que não tenho mais conseguido escrever.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Essa sociedade babaca cria um monte de robôs que fazem exatamente o que a mídia deseja. Compram grifes, compram futilidades, compram Leblon. A única coisa barata que compram é o amor. Compram um amor superficial e acham que seres humanos são bons.

Viva a sociedade babaca, que atua como a igreja, construindo uma ilusão coletiva.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dor

Será que você fez a coisa certa?
Será que era para ser tudo em vão? Será que seremos mais felizes assim? Será que é para respirarmos apenas toda aquela poeira? Será que restaram as fotos perdidas em um computador qualquer? Será que olharei sempre para os potinhos de comida? Será que sempre me desabafará sua saudade? Será que vale você dizer que ainda me ama? Será que conseguirá me esquecer? Será que valeram as lágrimas? Será que precisava de danças, letras e sons? Será que merecemos as descobertas? Será que minha jaqueta está no lixo? Será que seus chinelos estão no armário? Será que era tudo verdade? Será que era tudo mentira? Será que existe verdade? Será que existe mentira? Será que era você? Será que era eu? Será que conhecemos a ilha da fantasia? Será que a fumaça ainda está ali? Será que perdemos vida? Será que ganhamos vida? Será que aprendemos? Será que valeu a pena? Será que te amo? Será que me ama? Será que existe futuro? Será que existe passado? Será que existe vontade? Será que existe esperança? Será que existe vida? Será que ouvirei barulhos? Será que esperarei para sempre? Será que preciso?
Será que você vai continuar me procurando? Será que um dia isso acaba?

Será que você fez a coisa certa?
Com certeza.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Vapor

Ele chega com aquele sorriso que me apaixonou.
Olha nos meus olhos, com aquela sinceridade que me cativou.
Pega nas minhas mãos com a suavidade que me enfeitiçou.
Ele dança de manhã com o bom humor que me dominou.
Liga e chuveiro e me chama com a iniciativa que me agarrou.
Fala de noite com a paixão que me capturou.

Ele me pega de jeito, me envolve em seus braços e me ama como eu sempre sonhei. Seu cheiro, seu peso, seu beijo me enlouquecem. Sinto-me desejada, amada, determinada. O vapor de sua boca, que passa pela minha. O vapor de sua boca na minha nuca, na minha pele, no meu rosto. O vapor de sua boca em minhas costas, em meus pés, em minhas pernas. O vapor de sua boca que me tira dessa esfera, fazendo o mundo inteiro parar. O vapor de sua boca que me faz achar que o mundo nada mais é do que amor. O vapor de sua boca que faz de mim o que você bem quiser. O vapor de sua boca, tão poderoso, que roubou meu coração.

O vapor de sua boca que me faz querer-te mais e mais, todos os dias. O vapor da sua boca que me faz sentir uma mistura de paixão com amor. O vapor da sua boca que me faz acreditar em eternidade. O vapor da sua boca que me faz dormir e acordar em seu colo. O vapor da sua boca que me dá paz. O vapor da sua boca que me domina os sentidos, todos eles. O vapor da sua boca que arrepia meu corpo inteiro.

O vapor da sua boca que me faz ver meu pai, de mão dada comigo, pela primeira e última vez.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Desumano

As pessoas são filhas da puta. Não sou revoltada, nem desiludida com a vida. Mas, seres humanos realmente são desprezíveis. Não existem pessoas boas. Todos são egoístas, competitivos, interesseiros. Não há quem pense nos outros, quem queira o verdadeiro bem do outro. Nós queremos apenas o nosso bem. E não abrimos mão de nada que nos seja ideal pela felicidade de outro.Assim, não devemos acreditar em amigos de infância, amigos de trabalho, amigos de noitada. Não devemos confiar no cara bonitinho, no cara evangélico, no cara que nos ama. Ninguém é confiável, ninguém vai estar com você quando você precisar. Ninguém abre mão de seus próprios interesses. Ninguém deixa de sair com o gatinho porque a melhor amiga terminou com o namorado ontem. Ninguém deixa de comprar um relógio de ouro porque tem gente morrendo de fome na rua. Ninguém deixa de dormir porque o companheiro está doente. O mundo só não está perdido por um motivo: a maioria de nós escolhe algumas pessoas para amar de verdade. Quem escolhe muitas pessoas, não ama ninguém de verdade. Nós não temos condição de amar muitos. Com a vida de sociedade moderna em que estamos inseridos, infelizmente não temos tempo para amar muitos e muito. Ou somos filhos da puta achando que amamos muitos ou escolhemos poucos para amar muito.O amor é fundamental. Quanto mais eu puder amar, melhor para mim. Quanto mais tempo eu puder dedicar em prol do amor verdadeiro, mais feliz serei. Mas, o amor tem que ser total. Prezo pela sinceridade do meu amor. Hoje, posso dizer que amo quatro pessoas com o amor maior que posso ter. Sobrou um dedo, que em breve será verdadeiramente preenchido. Aí, poderei fechar a minha mão e deixar essas pessoas bem guardadinhas, para sempre no meu coração.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sonho

Você veio e me disse que é tudo racional. Como quem diz, sem querer dizer, que eu estou me forçando, talvez tentando. Que você não é o que eu sonhei, sem nem saber se em algum momento eu sonhei. Que você não se encaixa nos padrões; mas será que ainda existem padrões? Você procurou problemas porque a perfeição por vezes assusta.

Racional. Um homem ideal para se viver, então essa oportunidade não poderia ser desperdiçada. Não há fantasias, loucuras, exageros, paixões. É tudo pura razão.

Quanta falta de razão. O que mais existe é o sonho.

Sonho de você. Sonho de uma vida. Sonho de uma estória. Sonho de um futuro.

Sonho de que tudo isso seja apenas um sonho.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

EueVocê

Você chegou na hora certa, com tudo que eu estava precisando.

Você me sorriu, quando o que eu mais precisava era um sorriso. Você me ligou, quando o que eu mais precisava era uma ligação. Você me disse não, quando o que eu mais precisava era decidir que eu realmente queria. Você escreveu, quando o que eu mais precisava eram as suas letras na minha caixa de entrada. Você pediu um chope, quando eu mais esperava. Você segurou minha mão, quando o que eu mais precisava era me sentir segura. Você me olhou, quando o que eu mais queria era ser admirada. Você me beijou, quando o que mais precisava era carinho. Você ouviu minhas estórias e me contou as suas, quando o que eu mais precisava era saber que existem pessoas como eu.

Você me abraçou e fez tudo como eu imaginava. Eu me entreguei, quando o que você mais precisava era atenção. Eu me dediquei, quando o que você mais esperava era amizade. Eu demonstrei, quando o que você mais queria era sinceridade. Eu dei sorrisos, carinhos, beijos e abraços, quando o que você mais precisava era amor.

Você me deu segurança, quando o que eu mais precisava era ter certeza. Você me deu estabilidade, quando o que mais queria era tranqüilidade. Você me deu paz, quando eu achei que isso não existisse mais. Você me fez pensar tudo diferente, viver tudo diferente, querer tudo diferente.

Você me fez acreditar, em algo que eu nunca tinha pensado existir.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Alguém comentou com você sobre a queda do avião do Iêmen no Oceano Índico?
Mas aposto que ainda se ouve falar no 447.
Sociedade elitista.
É nela que vivemos.

Papo pra quando eu tiver mais tempo.
Ainda bem que não continuei jornalista.
Pior que isso, só se tivesse seguido com a publicidade.

Amor

E continuo com a sensação de que não sei nada do que achei que sabia. Mas, em vez de me desesperar, sentindo-me impotente, alivio-me. Vejo que existem coisas novas, diferentes e deliciosas. Ainda existe paz, compreensão, reciprocidade. Como existiu, há muitos anos atrás, num apartamento recém reformado ali no Cantagalo. Achei que a minha chance tivesse se perdido, numa das largas avenidas da Barra da Tijuca.
Pensei merecer loucuras, cobranças, doenças. Pensei estar pagando pela aventura que quis desvendar com os pés sujos. Pensei que a solução fosse andar descalça, comer pão com margarina, sentar na birosca da cerveja mais barata. Pensei ser alternativa, esquecendo-me que a vida é muito mais do que água e ar. Pensei em escrever, discutir e impor idéias. Achei que eu fosse forte demais.
Quanta modéstia. Achei que pudesse brigar com o mundo. Achei que pudesse ser diferente de todos. Esqueci que precisamos, querendo ou não, seguir a sociedade. Isso não significa comprar roupas, carros e apartamentos de luxo. Isso não significa deslumbrar a aparência, o corpo, os cabelos. Isso não significa menosprezar cérebros, idéias e pensamentos.
Significa apenas que a vida é essa e precisamos encará-la. Quero conforto. Quero paz. Quero viagens. Quero carinhos. Quero viver sem fazer contas no final do mês. Quero dar um presente. Quero comprar um vinho. Quero pegar um avião.

Quero te dar meu amor.
Quer?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem"

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Dois


No fundo, devo ser assim meio metidinha. Acho que entendo da vida, das pessoas, dos sentimentos, das reações e das relações. Por ter esse estilinho meio alternativo, penso demais e acho que entendo demais. Doce ilusão. A gente percebe que não sabe de nada, ou quase nada, quando ouve com atenção nossos pais. Aí podemos perceber que os 40 anos que nos separam deles realmente significam alguma coisa.
Ela, da minha idade, veio com muita ansiedade me contar uma descoberta. O pai dela, muito preocupado com essa vida cheia de relações sem importância, cheia de pessoas cheia de problemas, quer que a filha se estabilize. Profissionalmente, nesse caso, não há muito o que se preocupar. Mas a vida pessoal preocupa. Ele quer alguém tranqüilo, determinado, estável. Alguém que possa, de fato, fazer a filha dele feliz. Não hoje, embaixo dos edredons. Mas, amanhã. Em uma segunda-feira, um dia cheio de trabalho. Cheio de estresse. Com crianças com fome e as contas apertadas para o curso de inglês. Ele quer um futuro para a filha, que hoje já é uma mulher.
Então, ele ensinou a ela que não é o outro que decide que vai dar certo. Que não vai aparecer um príncipe encantado que vai fazê-la mudar de idéia e achar que uma cama quentinha vale mais que milhões de cerveja com as amigas. Não é um corpo perfeito, um carro do ano, um apartamento em Copacabana. Não é um sexo selvagem, um beijo encaixado, um ombro amigo. Não é um jantar a luz de velas, nem um anel de brilhantes.
O príncipe vem quando nós decidimos que queremos que ele venha. Simples assim. E quando nós decidimos, o carro da mãe se transforma no carro do ano, o almoço no restaurante a quilo se transforma no jantar a luz de velas, e o apartamento em Copacabana é nosso e não deles. A gente resolve. E não briga, apenas sorri quando ele deseja colocar as almofadas por ordem de tamanho. Apenas sorri quando ele diz que se irrita com o banheiro molhado. Apenas sorri quando pensa nos filhos e na saudade que virá de 15 em 15 dias.
O nosso príncipe não chegou em um cavalo branco. Mas chegou. Assim, ao mesmo tempo. Coincidência?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Escolhas

- Mestre, como faço para me tornar um sábio?
- Boas escolhas.
- Mas como fazer boas escolhas?
- Experiência - diz o mestre.
- E como adquirir experiência, mestre?
- Más escolhas.

Papai

A gente aprende, assim desde pequenos, que cada coisa tem seu tempo. Primeiro o almoço, depois a sobremesa. Primeiro a digestão, depois a piscina. Primeiro o dever de casa, depois o play. Quanta facilidade temos para não aprender porra nenhuma. Não é dificuldade de aprender, é facilidade para não aprender. Queremos fugir de tudo que nos ensinam. Por que viver nas regrinhas de mamãe?

Só aprendemos depois de colocar o dedo na tomada. Meu pai dizia: Deixa ela enfiar o dedo. Os outros familiares o achavam totalmente louco, despreocupado com a filha. Pelo contrário. Minha mãe falava todo dia que aquilo era perigoso e por isso eu não podia fazer. Logo para mim? Só por ser perigoso, aí sim que eu sempre tentava. E ela, nunca deixava. Um dia, meu pai deixou. E eu nunca mais coloquei. Aprendi. Sozinha. Depois do choque.

Não é questão de individualismo. Aprendemos sozinhos. Com nossos erros e não com nossos acertos. Os erros dos outros não nos fazem chorar, não nos fazem ter insônia, não nos fazem emagrecer 10 quilos. Eles não valem nada.

Meu pai também me fez beber uísque. Fumar um maço inteiro de uma só vez. De nada disso, eu gosto. A única vez que ele me sugeriu não fazer algo; lavei o rosto no mictório.
Faz assim:
Chega de repente
Segura a minha mão
Dá um sorriso
Tenta um beijo
Puxa meu braço
Olha no meu olho
Acaricia meu cabelo
Olha mais um pouco
Sinta meu cheiro
Aprecie meus dentes
Mostre estar feliz

...

Proporcione paz
Que eu caso com você.

quarta-feira, 10 de junho de 2009


Madrasta: adj. Pessoa pouco carinhosa, ingrata, má.

Ou será que isso era apenas na época da Cinderela e da Branca de Neve?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dúvida

Tinha uma voz me acordando no meio da noite. Aquilo tava me atrapalhando, tirando meu sono. Mas nada que me deixasse irritada. Tava tudo bem. Aproveitei para pensar um pouco na vida. Além de eu não ter muito tempo para reflexões ao longo do dia, na madrugada os pensamentos fluem de uma forma diferente. Meio dormente, meio dormindo. Pensava no quanto eu sou boa e no quanto eu também sou má.

Uma mulher gritava. Não sei se era na rua ou em algum apartamento ao redor. Mas ela gritava muito. Parava e voltava a gritar. Xingava alguém. Provavelmente ele. Só se ouvia a voz dela. Com muita raiva. Eu ouvia aquilo tudo, tinha pena da mulher, devia estar sofrendo. Tentava imaginar o porquê daquilo, o que será que havia acontecido. E lembrei.

Não havia como não lembrar. Foi há duas semanas atrás. Gritei, berrei, joguei cerveja, arranhei, odiei. Fui maltratada, menosprezada. Aquela indiferença foi pior do que qualquer coisa. E eu me descontrolei como fazia a moça nessa madrugada de segunda-feira. Por que fiz aquilo? Por amor? Ou por falta de amor? Próprio.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Bom(humor)

Eu tava assim, meio sem procurar nada. Andando pelo prédio, buscando informações, evitando problemas, corrigindo inconsistências. Chegava cedo, saia tarde, num ritmo assim meio alucinante. Um dia, era tarde, bem tarde, os assuntos pipocando, aquele cansaço, fome e as mesmas pessoas de sempre. Nessa rotina devastadora para encontrar um satisfatório meio de vida. Mais tarde, bem mais tarde.
E mais um dia, cedo pela manhã. Todos ali correndo, literalmente. O tempo é nosso inimigo, precisamos economizá-lo. Precisamos de concentração, atenção, dedicação. Mas também precisamos de simpatia, sorriso, abraços. Nossa vida, agora, está quase toda ali. Precisamos pelo menos estar felizes, de bom humor. Trocar piadas entre um documento e outro. Olhares sociais?
É, eu também sou flamenguista. É, eu também durmo por aqui. É, eu também almoço naquele restaurantizinho pé de chinelo. É, eu também dou a vida por essa empresa. Não, eu não tava procurando nada.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ciclos

Tolos são aqueles que acham que tudo não passa de uma coincidência. E mais uma. E outra atrás de uma. Nós só vivemos o que escolhemos. De nada adianta xingá-los de filhos de uma puta, se aceitamos o que eles nos oferecem. A culpa é toda nossa. Nós fazemos nossas vidas, nós escolhemos o que nos dá prazer. E aí, vamos gozar com a saudade de quem mora em Paris, com a imaginação de quem come uma velha.
Passa o tempo, passam as sessões de análise, de auto-análise, as lágrimas, gritos, porradas no chuveiro. Percebemos que estamos doentes, que eles são doentes, que precisamos dizer “fim”. Passamos noites sem dormir, sentindo a dor da saudade. Um dia passa. E agradecemos por termos conseguido nos livrar de tudo aquilo. Temos orgulho de nós mesmas. Brindamos nossas taças em prol da liberdade interna.
Mas não percebemos que, semanas depois, existe outro que mora em Portugal, ou em Londres. Existe outro que discute a vírgula colocada no lugar que ele julga errado. Não percebemos que ele vai voltar para a Europa, que vamos chorar a saudade, que vamos gozar com a distância. Não percebemos que ele vai nos sacanear, abusar do amor, dizer que estamos sempre erradas. Não percebemos que estamos nos subestimando, nos martirizando, nos punindo.
Tudo de novo. Sempre no mesmo ciclo. A cura não está no fim da relação. A cura está na nossa descoberta. No entendimento de que a doença está em nós e não neles. Que se o problema é deles, somos ainda mais problemáticas ao aceitá-los. Não precisamos nos envolver. Escolhemos isso. E aí está a maior doença.
Será que existe cura?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Suerte

BYE BYE BARRA!!!
Pelo menos agora dormirei mais perto de casa!
E serei doutora em paciência!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Escolha

A vida insiste em me mostrar várias opções.
Eu insisto em focar na mesma escolha.
Será que devo seguir as orientações da vida?
Ou as do meu coração?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Mudanças

Ser humano é um bichinho completamente adaptável. Deve ser por isso que evoluímos tanto ao longo do tempo. Os outros animais não sobrevivem tão bem quando se deparam com mudanças. Nós, não. Seres humanos corajosos adoram mudanças. Sou um deles e deve ser por isso que faço da gestão da mudança a minha profissão. Os preguiçosos ficam ali, no mesmo lugar, acomodados. Não se desenvolvem como os corajosos, mas conseguem sobreviver.
Sai do verão carioca para o inverso canadense. Sai de um quase casamento para uma casa vazia. Sai de uma rotina tediosa para mais de 14 horas diárias de trabalho. Sai de um pau que me comia o dia inteiro para um brinquedo de borracha. Sai das brigas da casa da minha mãe para uma casa solitária. Sai de uma semana de alface para uma boa feijoada. Sai da intenção de ser freira para a putaria. Sai da putaria para a intenção de ser freira. Sai de uma casa com 4 amigos para uma vazia. Sai de uma relação doentia em Vancouver para uma doentia no Brasil. Sai de uma relação ao estilo contos de fada para uma porrada de casos sem importância. Sai de uma sandália rasteira para um salto fino.
Sai de carro, voltei de ônibus. Sai para lapa, cheguei no Leblon. Sai para chegar logo, cheguei no dia seguinte. Sai para um chopp, acabei num quarto. Sai para ser santa, voltei puta. Sai de tudo isso para muito mais que ainda virá.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Políticas

O cara vem e diz que vai fazer um choque de ordem. Transformar a cidade do Rio de Janeiro. Tem gente que reclama e acha ele um mala. Tem gente que diz que todos reclamam, pois não valorizam alguém que quer trabalhar. Tem gente que diz que queremos organização, desde que não nos tragam prejuízos.
Ok, e vai-se dinheiro de taxi. Essa porra de lei seca que desde que surgiu deixou nossos carros na garagem o fim de semana inteiro. Tudo bem, tenho que concordar que isso é interessante, evita acidentes e o caralho-a-quatro. Tem gente que respeita, como eu. Homens não respeitam, nenhum deles vai sair sem carro na madruga. Não tem jeito. Achei que isso fosse durar pouco. “Relaxa, daqui há dois meses já esqueceram disso e a gente volta a gastar o dinheiro do taxi com cerveja”. Doce ilusão. Passei por uma blitz na semana passada. De carro.
Multas. Porra, esse prefeito está de sacanagem né? Ou então o guardinha da minha rua está de marcação com meu carro. Multa até por estar parada fora da posição correta. Parei a 40 graus, em vez de 45. Vai multar alguém que dirige bêbado pô.
Agora vem essa porcaria de rio rotativo novo. Demitem todo mundo, colocam um monte de flanelinhas despreparados e mercenários. Minhas amigas ali da rua, que me defendiam do guarda e sorriam todo dia de manhã sumiram. Nunca me cobraram nada às 7 da manhã, quando eu tiro meu carro da vaga. Esses novos querem sempre um cafezinho. Onde será que estão minhas amigas? Será que continuam trabalhando honestamente para o seu próprio cafezinho?
Políticas.

Velhice

O tempo vai passando e realmente as coisas vão ficando menos importantes. Não damos mais atenção a cada probleminha, o que antes era fundamental hoje já virou quase esquecível. Uma não ligação já não traz tristeza, até porque quando a ligação acontece somos nós que não queremos. Uns goles a mais, já não trazem ressaca moral, até porque já viraram rotina. A descoberta de que uma amiga de infância é a maior das filhas da puta já não traz mágoa, apenas raiva. Uma grande companheira de trabalho rir quando você é o motivo da piada, também já não incomoda. Já percebemos que ninguém é confiável mesmo. O fim de um namoro já não é acompanhado pela depressão, pois hoje entendemos que realmente não é nem o primeiro nem o último. A notícia da morte de alguém também é comum, estampada em letras garrafais na capa do jornal. Um pé na bunda é até um alívio, afinal a fila é muito grande e quase não conseguimos escolher. Uma foda mal dada, é apenas motivo de riso, já nos acostumamos com isso. Um beijo na boca ruim, muito ruim, traz lágrimas apenas para quem busca outro numa boca desconhecida. Ser trocada por uma velha, de 30 e muitos anos, é quase tão comum como descobrir que o ex-namorado é viado. Um pau que não sobe, um pau que não goza, um pau que não entra. Dois quilos a mais, uma calça que não entra. Um sapato que machuca, a tentativa de um salto. Tudo normal. Com alguns fios brancos e umas rugas por vi.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

(Sem)Fim

Eu tava ali me escondendo. No meio daquelas pessoas todas, não queria que você me visse. E, acredite, também não queria te ver. Tinham mesas e cadeiras, mas era aquele mesmo lugar de sempre, um pouco diferente. Esconde esconde. Daqui a pouco, estávamos sentados no chão, entre minha cama e o armário. Nos encondíamos de novo. Mas dessa vez não era um do outro. As luzes da sala não podiam ser acessas. Um pouco depois, transávamos loucamente, como sempre. No banheiro do meu irmão, na casa da minha mãe. Eu, você e nossas fantasias. Sem fim.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Você

Pra você entender que você não é tão foda assim. Talvez não seja aquela namorada perfeita que o príncipe encantado se apaixonou. Talvez não seja a menina maluco beleza que você imagina. Talvez não seja a mulher diferente-de-todas-as-outras que a amiga descreve. Talvez não seja a bonequinha que ele um dia teve só para ele. Talvez não seja o melhor dos partidos. Talvez não seja a melhor na cama. Talvez não seja a mais inteligente. Talvez não seja a mais apaixonada. Talvez não seja a do melhor cheiro, do melhor abraço, do melhor cabelo. Talvez não seja a do melhor boquete. Talvez não seja a que ele sempre sonhou. Talvez não seja a mulher da vida dele. Talvez não seja tudo aquilo. Talvez não seja a mais importante. Talvez não seja a mais otária. Talvez não seja a mais coitada. Talvez não seja a mais submissa. Talvez não seja a mais problemática. Talvez não seja a mais destrutiva.
Talvez seja a que mais se ama.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Alcool

Conforme vai descendo redondo, as luzes ficam mais claras, os rostos mais bonitos, os músculos mais atraentes, as palavras mais eficazes, os olhares mais diretos, as vontades mais assumidas. No meio de pessoas meio tortas, diálogos meio perdidos, mãos meio leves. Sorrisos, apertos, sarnas, sarnas e mais sarnas.
Ao acordar, risos, gargalhadas, arrependimentos e mais um monte de coisas. Dessas não lembramos.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Realidade

Trabalhar e dormir.
Outras coisas, pra quê?
Água na garrafinha ao lado do note. Comida, idem.
Sexo não é necessário para quem aqui trabalha.
Cerveja, muito menos.
E não tenho que reclamar de nada.
Apenas agradecer por ter um trabalho decente. Um futuro decente.
Tenho orgulho de mim, sim.
Não sou malandra, nem madame!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Paz

Não adianta virar para o lado porque eu vou acordar. Não adianta pedir abraço porque eu quero ser abraçada. Não adianta querer espaço porque eu quero você bem pertinho. E essa foi nossa primeira sintonia. O prazer em estar o mais junto possível. E dormir. E acordar a cada vez que o outro se distancia um pouco.
Levanto da cama, com meu travesseiro na mão, só para mudar de lado e encaixar em você. Sou assim, pequenininha e caibo perfeitamente no seu corpo. Seus beijinhos dorminhocos me trazem paz. E assim durmo bem.
Essa química, essa pele, esse cheiro. Esses abraços nossos, esse amor nosso, esse desejo nosso. Essa paz nossa. Não há nada melhor do que sentir os seus braços me apertando. Percebo que tudo é recíproco e te amo ainda mais.
Não te largo por nada. Não te troco por nada. Quero você assim, todos os dias. Quero dividir meu copo com você. Quero dividir minha cama com você. Minha toalha. Aprendi a viver com você, a rir com você, a seguir com você.
Faz cosquinha, faz! Por você, tomo até mate com limão.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Título

Fazendo Nada, nada mais tem a ver comigo. Há muito tempo. E que bom! Queria algo que realmente me descrevesse. Assim, sem explicar muito. Cada um entende o que bem quiser. E, sem dúvida, muitas interpretações erradas surgirão. Pouco me importa. Taí, Ovelha Negra. Entendam como desejarem. Mas digo que há muitos motivos e significados para esse novo título.

Cura

As coisas acontecem sempre na hora certa. Ou errada, depende do ponto de vista. Sexta, 9 da noite. Cama, edredon, ventilador. O peso de uma semana demasiada estressante. De repente; uma luz ilumina todo o quarto escuro. Justo hoje, que estou sozinha, ele liga. Parece que está me vendo. Segundos depois, a luz intermitente se torna constante. Nao sei o que ele queria. Quarto escuro novamente. Celular de cabeça para baixo para que nenhuma outra claridade atrapalhe meu sono. Mais uma vitória. Estou curada.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Palavras

...remédios, estudo, amor, prova, trabalho, pessoas, amigas, mulheres, carinhos, sexo, suor, notebooks, e-mails, conversas,expectativas, músicas, drinks, faixa, mala, viagem, caderneta, casaco, frio, nuvem, árvores, floresta, estrela, sol, calor, praia, mar, vontade, desejo, saudade, eu, você, nós, eles, destino, opostos, busca, horas, anos, meses, vida, blusas, fora, calcinha, cueca, abraço, lápis, estórias, homem, mulher, crianças, avós, aventura, brigas, descontos, perdão, vício, drogas, comprimidos, atenção, letras, perdida, cabelos, beleza, cheeseburger, chocolate, gordura, coca, mate, feijão, carro, trânsito, buzina, Canadá, volta, ida, experiência, novidade, diferença, divergências, sono, euforia, madrugadas, samba, passado, nostalgia, putaria, marcado, machucado, revoltado, injustiça, justiça, esperança, água, necessidade, telefone, carta, carência, besteira, sarna, bebedeira, ressaca, inesquecível, família, desespero, força, batalha, pensamentos, idéias, ideais, intensidade, escolha, perda, ganho, peso, travesseiro, sofá, mesa, cozinha, café, insônia, estrada, caminho, desvio, sintonia, contato, sorrisos, perguntas, respostas, dúvidas, batatas, sentimento, ressentimento, momento...
Confusão!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Chuva

E novamente o mundo cai no Rio de Janeiro. E eu, ilhada nessa mesa de escritório, do outro lado da cidade. Sem perspectivas de ir para casa, sem perspectivas de chegar em casa. São as águas de março fechando o verão, e a promessa de vida em nossos corações.

Que soooorrrte!

terça-feira, 17 de março de 2009

Conclusão

A gente sempre procura um tempinho para um diálogo. Mesmo nos dias mais atribulados, reservamos 5 minutos para um bate-papo. Geralmente de manhã, antes da sala encher, trocamos alguns pensamentos. Outro dia, chegamos a uma conclusão que mudou bastante nossa forma de encarar certos assuntos. Duas mulheres com a vida pela frente.
É isso. Sem modéstia mesmo. Porque não precisamos disso. Percebemos que somos um excelente partido. Talvez o melhor dos melhores. E, por isso, nos damos o direito de sermos tão exigentes. E não é aquele papinho de adolescente, que defende as amigas, mesmo quando estas estão erradas. Sabemos muito bem quem somos e quem são as nossas amigas. E sabemos também, que mesmo entre elas, somos bons partidos.
Não é competição, não é auto-afirmação. É a pura verdade. Fora uma gordurinha aqui (eu) e uma mania de hidratação (ela) somos mulheres sensacionais. Aquelas que todo homem sonha em conquistar. Porque não é nada fácil entrar em nossos corações.
Olhem isso: bonitas, inteligentes, batalhadoras, interessantes, interessadas, boas de cama, não-controladoras, independentes, estudadas, ambiciosas, carinhosas, bem-sucedidas, amigas, companheiras, amantes....
Sério, o que mais alguém pode querer? E, por sermos tudo isso, sabemos que as relações só sobrevivem quando há troca. Por isso, queremos alguém que possa ser ainda mais que nós, que possa nos ensinar, segurar nossas mãos e nos levar para lugares que ainda não conhecemos. Queremos a felicidade de um presente, com a possibilidade de um futuro. O tempo não pára.

Corremos.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Aquarela

E hoje, ela se lembrou de abrir o livro de sua vida. Viu ali muitas e muitas figuras borradas. Todas as cores pintadas com a aquarela estavam desbotadas. Olhou para as páginas que não poderão ser re-coloridas. Quantas imagens, muitas já pintadas e outras várias ainda em branco. Mas, as que mais chamaram sua atenção foram as pinturas de aquarela. Aquelas, em que ela coloriu, não com amor, mas com dor.
Agora, olhando para elas, percebe que usou uma boa estratégia. E agradeceu pelo fato da aquarela sair com água porque, o que a água leva, não volta mais. A mistura de tons irreconhecíveis a fez lembrar de momentos muito importantes, em que aprendeu, de verdade, a viver. Entendeu, por meio desses rabiscos de aquarela, que nada é mais importante do que o amor por si mesma.
Daqui para frente, voltará a usar os lápis de cor, que são muito mais eficazes. Com eles, ela vai construir histórias verdadeiras, com pessoas verdadeiras. E aí, em suas novas figuras, todos conseguirão ver a sua merecida felicidade.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Expressão

Já estou há algumas semanas me perguntando se realmente tenho dificuldade de expressar sentimentos. Deito em minha cama, depois de um dia extremamente cansativo e penso nele e no quanto tudo isso tem dado sentido a minha vida recheada de tarefas não tão tesudas. Penso nos olhares, nos abraços, beijos aos pés da escada. Penso nos sorrisos, nas discussões, no pão com margarina.
Na minha cama, ali, sozinha, cheia de saudade de sua companhia. E penso no quanto gosto dele, no quanto gosto de tudo ao lado dele. Nas coisas que faço, que nunca havia feito antes, e que talvez nunca viesse a fazer. Se não fosse por ele. Talvez ele não perceba, talvez ele não entenda. E cobra amor em forma de palavras. Mas não servem as palavras escritas.
Então, ele me envolve em seus braços e fala, baixinho no meu ouvido, o quanto me ama. Beija meu corpo, lambe meu rosto e diz que me ama. E sabe que nada será ouvido de meus lábios. Mas, espera minhas declarações, em letras datilografadas, no início da tarde. E isso ele terá, o dia inteiro.
É, percebi que realmente não consigo me abrir. Talvez não da forma como ele espera. O tempo passa, e muitas vezes descobrimos coisas sobre nós mesmos que ainda não tínhamos percebido. Cada um ama do seu jeito e as demonstrações desse amor podem ser as mais estranhas. Te amo (em letras datilografadas, claro) e estarei com você hoje e sempre. Acredita?

Autoagressão

Fico aqui, de longe, pensando na sua necessidade de fuder os outros. Escutaria pessoas me dizendo que, por você ser tão fudido, precisa fuder os outros. Prefiro não acreditar nisso. Prefiro ficar sem entender. Não quero perder meu tempo (até porque, ultimamente, tempo é a única coisa que me falta) tentando entender sentimentos humanos.
Taí, humanos. Como somos complicados, não? Invejosos, egoístas, competitivos, problemáticos mesmo. Uns mais, outros menos. Talvez você seja mais. E, juro, que pena. Realmente crio e cultivo carinho eterno por todos aqueles que foram importantes em minha vida. Com algumas pessoas, vivi momentos maravilhosos, que ficarão de fato nas minhas recordações nostálgicas. Com outras, aprendi. E nada melhor do que aprender. Nesse mundo em que informação, se transforma em conhecimento, mas sem nunca se tornar suficiente.
Gosto mesmo de todos. Agradeço por não guardar mágoas, rancores. Assim, meu coração fica mais puro, mais leve. Por isso, penso nessa sua agressão, não comigo, mas com você mesmo. Para que isso? Por que não perder seu tempo tentando se encontrar, tentando entender o motivo de tantas atitudes desprezíveis, que não combinam em nada com um homem inteligente? Por que não perceber o quanto você faz mal a todas as pessoas que te rodeiam e que, um dia, te amaram? Por que não encarar que assim, você vai acabar perdendo tudo?
Estou ótima, muito feliz, simplesmente porque mereço isso. A vida é justa. Acredite. O mundo dá voltas. Tudo que vem, volta.. A sua felicidade só virá quando você for correto com você mesmo e, conseqüentemente, com as pessoas ao seu redor. Não se subestime. Você é capaz de ser feliz. Só não abandone o projeto “Felicidade” no meio, ta?

quinta-feira, 5 de março de 2009

Babaca

A igreja católica me enoja. Sim, me enoja e eu não sinto nenhuma culpa ao dizer isso. Lembro que ainda novinha li numa entrevista de um tal bispo (não gasto meus neurônios decorando nomes desse tipo de gente) uma afirmação que me chocou. Era uma matéria sobre métodos anti-concepcionais, assunto cuja igreja defende idéias para lá de duvidosas. Que usar camisinha é pecado, todos nós já sabemos. Diante disso, o jornalista, então, perguntava ao bispo o que uma esposa deveria fazer caso o seu marido adquirisse o vírus do HIV por meio de uma transfusão sanguinea. Sem titubear, o religioso respondeu: No amor, tudo deve ser dividido.

Conto essa história sempre que o assunto “religião” vem à tona. E minha mãe continua querendo me converter.

Enfim, mas hoje quero falar sobre algo que realmente me tirou do sério. Depois de dias de trabalho intenso, resolvi fazer uma pausa de 5 minutos para ler pelo menos as manchetes do globo.com. Foi então que me deparei com o seguinte: “Menina de 9 anos aborta: mãe e médicos excomungados”.
Claro que eu estava acompanhando essa crueldade feita com a criança. Mas, ao ler que mãe e médicos foram excomungados, fiquei realmente enfurecida. Para mim, não faz diferença nenhuma ser excomungada ou não. Porém, para muitas pessoas, isso pode ser motivo de vida. Vejam o caso da menina de 11 anos, também estuprada, que está correndo risco de morte, por não ter abortado. Por que ela não tirou esse filho? Simplesmente porque a ignorância, que infelizmente é uma realidade brasileira, não permitiu que a mãe da criança entendesse que a vida de sua filha e de seu futuro neto é muito mais importante do que as regras idiotas da igreja católica.
Espero que mãe e médicos agradeçam a excomunhão. Porque permitiram que uma vida continuasse. E, quem sabe daqui há alguns anos, uma outra vida surja de dentro dessa menina, que então já será madura para ser mãe de verdade e defender sua cria de ideais religiosos.
Quanta babaquice!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Ano

E o ano começa.

- Duas horas de trânsito na segunda de manhã.
- 19 horas de trabalho por dia.
- Provas no MBA.
- Percurso Zona Sul – Barra – Centro – Zona Sul.
- 4 horas de sono.
- 2 chefes mulheres (pior que isso, só os chefes gays).
- Uma delas, mal-comida.
- Melhor amiga precisando de atenção, mas não cobrando.
- Namorado carente de carinho.
- Mãe ligando 300 vezes para dizer a mesma coisa.
- Celular que só dá “número inexistente” e mesmo assim a conta exorbitante.
- Cartão do banco bloqueado por erros de informações.
- Carro com o mesmo problema de sempre na aceleração.
- Algumas multas por estacionamento em lugar proibido.
- Cabelos e poeira pela casa inteira.
- Compras de mercado por fazer.
- Dores no ombro e no pescoço.
- Nenhuma cerveja.
Mas, mesmo assim, sorrio. A vida é bela, vai!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Feliz ano novo!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Martha

"O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito. A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender."
Sempre fui fã de Martha Medeiros. Ela sempre pareceu escrever para mim. O meu amor estava em paginas tao proximas, e tao inteligentes. E ele nao precisa me cobrar, porque meus gestos de carinho vêm sempre quando ele menos espera.
Tipo agora.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Carnaval

Pensando assim, num calor desconcertante de uma sala sem ar-condicionado, em plena sexta-feira, véspera de carnaval. Louca para ir embora, à procura de algum bloco. Em volta, todos trabalham incessantemente. Parece que esqueceram que é carnaval. Parece que não sentem o calor do verão do Rio de Janeiro.
Lá fora, a cidade ferve. O trânsito se acumula e eu não imagino a hora que chegarei na zona sul. As fantasias prontas, as cervejas gelando, as marchinhas no ouvido. A vontade de sair gritando, cantando, rindo, aproveitando cada momento da época em que todos se fantasiam de felicidade.
Eu queria que essa fantasia fosse eterna. Mas entre uma cerveja e outra, penso no porquê de tantos sentimentos que bagunçam minha cabeça, angustiam meu coração, embrulham meu estômago. A vida é uma delícia e juro que tudo que sinto, no fundo, me faz bem.
Vamos sentir menos, por 4 dias, e exercitar os três “S”. Skol, Samba e Sexo.
Usem camisinha. Bom carnaval.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Parabéns!

É, mais uma sexta-feira 13, que faz lembrar algumas outras. Vários “trezes”, algumas sextas-feiras, com o treze de fevereiro. É aniversário dele. E ela pensa em todas as comemorações que aconteceram ali, naquele apartamento da Barra. Aquele bairro que ela tanto detestava, e agora freqüenta. Todos os dias. E sente falta, daqueles restaurantes, que ela também detestava.
E sabe que, mesmo detestando, amava muito tudo aquilo. E amava ele, mais ainda. E ainda ama, como uma das pessoas mais especiais que já conheceu, com certeza a mais especial com quem dividiu a cama. Aprendeu o que era o amor, daqueles de verdade, sinceros, sem posses, sem ciúmes. Orgulha-se dele, dos dois, da relação, do passado, da amizade que permanece e da coragem de dizer “fim”.
Lembra do chopp com caldinho de feijão. Sente falta. Hoje, é dia de recordar. Relembrar as comemorações, festas em boate de playboy, mas ela ia. De salto, maquiagem, vestidinho.
- Você está linda!
- Só para você.
E ele não acreditava, mas aquela patricinha falsa era só para ele. De verdadeiros já bastavam os sentimentos, o amor, que ela jurou ser eterno. E realmente é.
Nunca estiveram realmente longe. Apesar das diferenças, dos caminhos da vida, das outras relações, dos interesses contraditórios. Sempre ali, juntos. Amando. Independente de qualquer coisa. Um amor familiar.
Ela hoje pensa nele, nos anos que passarão, e que continuarão vindo, sempre mais um. E deseja apenas felicidade, saúde, paz, amor e dinheiro (porque disso, ele gosta).
Tudo de melhor pra você! Sem exageros, você merece mais do que ninguém.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Mundos

É, as vezes seria mais fácil fazer parte do senso comum. Sentar em frente a TV e ali ficar por horas. Mas não. Em vez disso, penso. E nas páginas da internet, leio coisas de pessoas, assim como eu, anônimas. Elas também pensam. E, impressionantemente, têm as mesmas angústias que eu. Questionam tudo e, muito provavelmente, são vistas como chatas. Do contra. Assim como eu, também.
Por que eu não freqüento boates? Por que eu não gosto de filmes de Hollywood? Por que eu não uso a sandália da moda? Por que eu não tenho franjinha? Por que não ouço hip hop? Por que minha mãe me apresenta como “a filha despojada”? Por que todos me olham e dizem que sou estranha. Por que?
Quer saber? Não to nem aí pra vocês do senso comum. Não vou sair com vocês. Não vou pedir conselhos pra vocês. Muito provavelmente não vou nem conversar com vocês. Tudo bem, estou exercitando a minha tolerância, então talvez troque algumas palavras com vocês. Mas, por favor, não me pergunte a boa do fim de semana, não troque confidências amorosas.
Pensamos diferente. Somos muito diferentes. É outro mundo, de fato. Saibam que é muito mais fácil ser feliz assim, no padrãozinho dessa sociedade ridícula. Mas também é muito mais vazio, embora vocês não tenham discernimento para perceber isso. Tenho muito mais dúvidas, questões, idéias. Mas, não abro mão dessa angústia resolvida nas mesas do botequim. Sim, botequim. É sujo? E daí? Eu curto.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Faces

- No que você tá pensando?
- Que a gente não tem nada a ver.
Diante desse desabafo, a menina olhou para ele, assim meio abobalhada. Ficou se perguntando se era aquilo mesmo, ou se, na verdade, não era nada daquilo. Não entendeu porque tanto radicalismo, tanta sinceridade. Não entendeu porque ele pensou isso depois de tanta sintonia desvendada. Não entendeu como uma simples conversa, em que houve desacordo, pode ter gerado uma conclusão tão certeira. “Não temos nada a ver”.
Tudo bem, ela pensou. E lembrou que, para ela, “será” já não era mais a palavra certa. Já sabia como era e agora era seguir, como ele havia dito. Não podemos prever nada, mas vamos vivendo. Ah, vai, não foi tão estranho assim. Estranha foi a forma como tudo aconteceu, mas isso agora já não importa tanto. Foi bom, até melhor do que eu imaginava, confesso. “Será que você vai me preencher assim, certinho?”
- Gostei do seu abraço. Às vezes, parece que somos um só...
- É bom, né?
- Pakaraleo.
E agora, ele vem com um “não temos nada a ver”, seguido de, “acho que estou mais empolgado que você”. Ela já não entendia tanta contradição e sabia que ali, não eram apenas as frases dela que formavam um paradoxo.
Então vem, olhe para as minhas muitas faces e tente desvendá-las. Sou multifacetada. Mergulhe em cada expressão e procure significado para cada novo rosto. Entre no meu ritmo e excite-se com sorrisos tão diferentes. Procure explicação para cada rostinho. Fale da intensidade dos meus gestos. E pense em tudo que desvendamos, que desvendaremos. Pense em quantas novas faces você vai apreciar, se deliciar. E me diga, vai, que “não temos nada a ver”.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Será?

Te vejo, te imagino, te quero. Fantasio. Mesmo sem saber se tudo isso faz sentido. Mas, será que algo faz sentido nesse mundo? Pode estar tudo errado, ou não. Mas o que é o certo ou o errado? Quem inventou esses conceitos? Será que você vai me preencher, assim certinho? Será que toda essa curiosidade vai ter fundamento?
Imagino cenas, ácidas, mas cheias de desejo. E sei que você também imagina. Fantasio em cada linha. E me inspiro em cada idéia semelhante. Parece tudo tão encaixado, mas como podemos saber, dentro desse mundo virtual. Às vezes, esse sim parece ser O mundo. O real está se apagando e deixando espaço para ações, aquisições, relações, sensações cada vez mais virtuais.
Mas, pela virtualidade, já entendemos que gostamos mesmo é de pele, de verdade, de vontade, de saudade. Queremos sentir o real. Ombros, pescoços. Sensação de prazer, de querer, de não-dever. Será que nos esbarramos assim, por acaso? Será que as afinidades realmente existem? Será? Será? Não importa.
O desejo é feito de expectativas, mesmo. O novo atrai. E nada mais excitante do que querer algo que, não sabemos muito bem o que será, o que trará, o que sentirá. Mas, entre o medo e o desejo, entre o pudor e a vontade, entre a frustração e a tentativa, acho que vamos.
Vou.
Vem.
Fui.
Fomos.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Inspirado

Aposto que você ainda sonha, e me deseja. Nos piores dias, abraça seu travesseiro e me sente. Aquele travesseiro maior, que encaixa direitinho na sua barriga e traz conforto. Um pouco menos do que eu trazia. Dorme profundo. E acorda, às vezes ao lado de algo mais humano do que seu travesseiro. Mas isso, para mim, é indiferente. Porque sei que você me visita, todas as noites, todas as manhãs. E as outras figuras femininas, ao seu lado, apenas trazem um vazio maior.
Sabemos que nada foi por acaso. E por isso, nos revisitamos, mesmo que agora só em pensamentos. Confesso que fujo, mas o medo mesmo foi seu. Sei que senta no sofá da varanda e lembra. Lembra de nós e dos adolescentes que namoravam no playground em frente. Será que eles ainda namoram? Nós não. Apenas na virtualidade dos e-mails, mensagens de texto e bate-papos. E nos pensamentos, nas recordações. Que doem. Mas, existem. E disso, não é possível fugir.
Pode me desejar, em cada cômodo da sua casa, agora vazia. Sei que muitas freqüentam, mas nenhuma a preenche como eu fiz. Você sente minha presença. Minha alma andando por todos os lados. Dormindo no sofá que vira cama. E quantas fantasias descobrimos ali. Lembre-se dos seus maiores prazeres, todos comigo. Aprendemos. Sinta meus lábios. Meu hálito. Meu cheiro. Minha vontade. E sofra. De prazer. “Feche os olhos para que o sonho e as imagens se tornem mais reais. Como sempre vai ser...”
Existe outro em seu lugar. Mais alto, mais forte. Me pega em casa. Paga a conta. Não se surpreenda ao perceber que curto ele. E espero o telefone tocar. A energia mudou de foco. Espero uma mensagem, um beijo, um abraço. Mas sei que depois do ápice, lembrarei de tudo que vivemos. Assim, como você deve estar lembrando, a cada vez que sente um prazer pela metade. Você disse, tantas vezes, que nunca haveria nada igual, nada tão mágico. Justo você que recriminava os extremos “sempre” e “nunca”. Eu não sei. “Lembre-se que fui e ainda sou teu anjo. Talvez o pornográfico de Nelson Rodrigues, levando todo o exausto fogo que lhe pertence e que decifrei.”Lembre de cada despedida, de cada volta que apagou a sofrida saudade. Lembre dos pontos finais, que nada mais eram do que reticências. E entenda que dessa vez acabou, mesmo. Lembre do fatídico natal, em que fui. Passei. Sai. Fui. De vez.
Procure-me em outros braços, outros abraços. E chore. Por não me achar. Beba cerveja, fume, veja TV, fale de células, de experimentos. Longe de mim. Lembre da minha companhia, dos dias de risos, das noites de amor. Lembre de quantas vezes tentou fugir, sem sucesso. Lembre do quanto desejou não me desejar. Lembre de todas as vezes que voltou. Aceite que não conseguiu ficar longe de mim. Saiba que o mérito do nosso fim é todo meu.
Continue tentando me esquecer. Mas não se desespere se não conseguir. “A culpa é tua, fique sabendo”.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Cachinho

Pela primeira vez, andava de braços dados com meu pai. Todos, emocionados, me observavam. Paramos no fim da passarela vermelha rodeada de flores. Ele segurou forte a minha mão e a entregou para quem ele sabia que iria cuidar da filha dele para sempre. Você me admirava, realizando o seu sonho inconsciente de me ver naquela cauda branca...Aceitamos e prometemos diante de Deus sermos fiéis até a morte. Juramos a felicidade eterna, ate nos momentos mais dificeis. Nossas mães choravam com a certeza de que aquele era o dia mais importante de nossas vidas...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Liberdade

Poucas pessoas freqüentam meu blog. Além de anônimo, não faço divulgação em comunidades do Orkut. Na verdade, nem Orkut tenho mais. Essas poucas pessoas, todas do meu mais estreito círculo social, naturalmente criam imagens de como está minha vida de acordo com meus textos. Mas, é bom saber que as narrativas sempre vêm recheadas de exageros e imaginações. A ficção não é real. E nem pretende ser.
Ninguém vai me conhecer melhor por meio de textos escritos às presas, numa mesa de trabalho, com 30 pessoas em volta. As linhas, muitas vezes, também estão fora de ordem, dessincronizadas. A estória contada hoje pode ter acontecido há anos atrás ou pode até nunca ter ocorrido. O que seríamos nós sem o mundo da fantasia?
Pretendo continuar assim, escrevendo mais textos tristes do que alegres. Simplesmente porque é isso que as pessoas gostam de ler. E todo mundo escreve para ser lido. Senão não existiriam os livros e, agora, os blogs. E, por favor, não venha dizer que gosta de finais felizes. Porque senão será preciso me explicar o sucesso de “Marley e eu”.
É até bom que leiam as minhas estórias e imaginem que estou triste. Assim, quando algum “voyeur” passar pelo meu blog não sentirá inveja da minha felicidade. E, como eu sempre disse, nada melhor do que a liberdade.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Oba

Estava lendo num blog, de mulheres de 30 e poucos anos, bem diferentes daquelas como eu, de vinte e poucos. Apreciando as estórias que elas contam, sinto-me bem. Até que estou com a vida colorida. Menos contas, menos obrigações, menos cuidados com a saúde e nenhum filho. Que sorte. Algumas coisas em comum: noites em casa. Mas, ao invés de colo de filho, colo de mãe. Que também é muito bom.
A verdade é que nós, mulheres, em qualquer idade, enfrentamos crises. Mas não há nada que nos derrube de vez. Aquelas com trinta e poucos talvez suportem mais, pois já passaram pela dor do parto. E, nesse momento, perceberam que a dor sempre traz algo muito bom. A dor é o pedágio que precisamos pagar para chegar na região dos lagos. A dor é o que nos mostra o quanto é bom o prazer. Se não houvesse dor, como saberíamos o que é o prazer? Por isso, a dor de perder a virgindade, a dor do sexo anal.
Toda dor antecede prazer, felicidade.
Oba!