sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Clac

Ela só queria viver tudo aquilo de novo: aquele acordar delicado, aquele sorriso sutil, aquele querer incessante, aquele prazer devastador. Ela só queria a combinação de uma manhã serena e tranqüila com uma noite de loucura e tesão. Ela só queria poder sentir novamente a sensação de paz e paixão. Ela sabia que isso era possível. E queria cultivar momentos assim, que a fariam esquecer de todos os outros, que não foram bem assim.
E ela sabia que um dia isso ia acontecer, assim como um estalo. Clac. E assim foi. E no dia que isso viesse, seria a entrega total. Seria a abertura definitiva da porta, que traz um coração cheio de amor para oferecer. Seria a verdadeira estória, com as afinidades, a sinceridade, a fidelidade, a amizade e a lealdade. Seria sério. De uma forma como nada antes foi encarado.
E assim ela promete ser. Porque essa sensação não se explica, não se escreve. Essa sensação apenas faz querer gostar cada vez mais. Querer cada vez mais. E um dia, ter a certeza de um amor. Um amor seu, um amor meu, um amor nosso. Para sempre, nosso!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Novo

O sábado era de sol. E não poderia ser diferente. Com o cansaço de quem chegou às 6 da manha, os olhos se abriram fazendo-a perceber que tudo aquilo tinha sido muito mais do que um sonho. Era verdade, e dessa vez era mesmo. A felicidade invadia o coração, embora não pudesse negar que também havia uma sensação de estranheza. É uma mudança de vida, não podemos negar. E toda mudança vem acompanhada de certo medo, insegurança.
Mas isso era muito pouco comparado ao alívio que a nova vida trazia. Novos sorrisos, novas estórias, novos abraços, novas rotinas. Uma infinidade de novidades que estava por vir e mostrar como a vida pode ser gostosa. Ela estava animada e disposta a dar todo o amor que alguém pode merecer. Disposta a investir em laços fortes, reais e sinceros. Disposta a viver de verdade, e não pela metade.
E ela sabia que ele também pensava assim. E, dessa forma, as chances de um envolvimento eram grandes. Ela olhou o céu, o sol, o chorinho. E sorriu. Sorriu para a música, para o dia ensolarado. Sorriu para as crianças na rua. Sorriu para ele. Pensou em tudo que estava por vir, em tudo que poderia ser construído, em tudo que aquele momento estava lhe oferecendo.
Agradeceu por, enfim, ter o que achava que merecia, há tanto tempo.
Um novo amor.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mágica

Lembro das crianças, enfileiradas, na festa infantil. Atentas, observavam aquele moço de preto, com chapéu quadrado. Ele fazia muitas coisas inexplicáveis e todos queriam entender como aquilo acontecia, qual era o segredo do coelho branco e do pombo que saía voando pela platéia. Coisas inesperadas acontecem e, desde pequenos, queremos entender o porquê, o como, o quando, o quanto e o aonde. Mas não temos respostas para todas as perguntas.
Por isso, conforme fui me tornando um pouco menos criança, fui percebendo que, muitas vezes, o melhor é não buscar explicações. As coisas mais bonitas, são as que não esperamos acontecer, são as que não conseguimos explicar, são as que mal conseguimos de fato entender.
As moedas que saem da orelha do moço nos interessam justamente porque não sabemos como elas surgem. O bonito é o mistério. E a vida é cheia deles. Vivemos sem saber o que pode acontecer logo ali, daqui a pouco. Mas vivemos, fazemos planos, desejamos construir castelos em que caibam muitos coelhos brancos.
Vejo que a felicidade está exatamente no segredo. Na busca de um entendimento que é diferente na cabeça de cada pessoa. Mas, às vezes, duas pessoas podem descobrir o mesmo segredo. E ai....
Ai, os segredos do moço de preto passam a ser muito pouco. Porque a grande mágica agora é a própria vida.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Caderno

"A vida se abrirá, num feroz carrossel."