Sem sal. Nem açúcar. Cinza como os últimos dias de maio no Rio de Janeiro. Mais uma noitada, mais uma derrota. Estamos sempre em busca e quando não há busca, há vazio. É preciso um corpo para aquecer esse inverno. Falta até tesão. Deve ser a idade. Ficam mais prioritários o cinema e a pipoca. Eca!
Ainda bem que tenho dois cobertores. E ninguém pra dividir. Tem feito frio, tenho tido preguiça de começar e quando olho em volta não quero mais os mesmos beijos sem graça. Começo a acreditar no que meus pais me diziam: não é a paixão, é a situação. A pessoa precisa estar procurando. Não existe muito isso de quando é a pessoa, é o momento. Na verdade, é o oposto. O momento faz a pessoa.
Mas hoje as mulheres têm sido tão fáceis (e me incluo nessa) que não há motivo para que os homens mantenham-se com uma única. Se eles podem ter a mim e a todas as minhas amigas quase que ao mesmo tempo, por que escolher apenas uma? Por outro lado, se nós mulheres não aceitarmos algumas dessas situações, ficaremos assim como a minha chefe: sem nenhum amiguinho para dar uma alegrada na quarta-feira cinza.
Realmente não sei o que tem me feito mais feliz. Sexos casuais que terminam em lágrimas na manhã seguinte ou vida solitária sem uma história para contar? No primeiro caso, vive-se na roda gigante, no segundo, vive-se um vazio concreto. Porém, casos e mais casos aumentando a lista de tamanho, grossura e formato de perus também trazem vazio sentimental.
Resta saber qual o tipo de vazio se adéqua melhor a mim.