quinta-feira, 15 de julho de 2010

Recordações

Ontem, resolvi abrir uma garrafa de vinho, depois de ir ao cinema sozinha. Enquanto bebia, abri uma caixa rosa, que fica no chão do meu quarto. Dentro dela, muitas recordações que eu nem me recordava. Bilhetes e mais bilhetes. Lindo ver como vivemos, doamos, compartilhamos, acreditamos e nos entregamos. As coisas acabam, sempre. Mas o que fica vale até mais do que a própria relação. Ficam lembranças e muito aprendizado. Ficam brigas, discussões e declarações de amor. Sim, você me amou mais do que cerveja e menos do que o vasco. Bonito isso. Sincero, né? Imagino o tamanho do seu amor pelo time de futebol do seu coração.
Eu era a Ping e confesso que disso já tinha até me esquecido. De Ping não tenho nada se comparada a você. Sou mais Zanguinha que Ping. Embora cada vez menos Zanguinha e mais Ping. Ando trocando relações vazias por copos cheios. Vale a pena, né?
E ali ficaram cinzas de cigarro, restos de cerveja e muitas e muitas manhãs inteiras de sono. E madrugadas em claro. E diferenças, quantas! Como é importante conhecermos pessoas para nos conhecermos. Tenho certeza que sou cada dia melhor, pelo menos no meu íntimo. Para mim mesma. E é isso que importa, certo?
Foi maravilhoso relembrar. Mesmo sabendo que você namorou comigo e com sua ex ao mesmo tempo. Isso pouca importa, sinceramente. Bom terminar e ainda poder sentir carinho. Melhor ainda é saber que sentimentos verdadeiros nunca acabam, apenas se transformam.

Depois de um caso traumático que tive há cerca de dois anos, ele foi o único com quem pude dividir sentimentos recíprocos e sinceros. Anda difícil gostar de quem gosta de mim. Ou vice-versa. Anda difícil. Mas nunca impossível.

Noite fria e feliz

Fui ao cinema. Sessão lotada para uma quarta-feira chuvosa. Filme bem mais ou menos. Uma mulher alta na minha frente, atrapalhando a segunda linha da legenda. Aos meus lados, dois casais. Um deles, já casado, não me chamou muita atenção. O outro me distraiu nos poucos minutos antes do filme começar. Amigos que estão prestes a iniciar um romance. Desses, bem café com leite. Sem sofrimentos, sem auges de paixão. Aquela relaçãozinha cinema – mac donalds – fantástico. Tudo que eu não quero.

A menina carregava uma pasta, com livros e anotações. Não sabia como agir, devia estar se questionando se ele daria um beijo ao se despedir. O rapaz, um típico nerd da escola. Já com seus 20 e bastante anos. Menos interessante do que a moçoila. Ele falava que teria que chegar em casa e fazer trabalho em grupo pelo msn. Ela ria, fingindo estar adorando a conversa. Ele ainda teria muito o que fazer após o filme, já anunciando que não haveria mac donals depois. Ela pouco falava.

Eu pensei no quanto não quero nada perto disso. De frio, já bastava aquele dia de inverno. No meio do filme, olhei e vi as mãos, uma sobre a outra. Até o momento em que a menina teve uma crise de tosse e o rapaz nada fez para ajudá-la. É tudo que eu não quero. Acabou a sessão. Peguei meu taxi, sozinha. Abri meu vinho, sozinha. Pão australiano com requeijão, sozinha. Deitei no frio e pensei: “Que bom poder ser sozinha. Pelo menos hoje”.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Doce ilusão

Preciso voltar a correr na praia. Olhar para as pessoas que prezam pela saúde, pelo bem estar. O meu bem está quase sempre associado à cerveja. E a sexo. E a carinho. E a essa porra toda que nunca me basta. Eu quero sempre mais. E aí fico na busca incessante por paus que possam me oferecer cerveja e carinho. Sem entender que nada nunca vai me ser suficiente. Simplesmente porque eu não quero metade, eu não quero às vezes, eu não quero aos poucos. Eu quero tudo, sempre, de uma vez.

E como não tenho, busco a saciedade na cerveja. No vinho. Ou no que seja que me faça companhia nesses dias de inverno. Olho a chuva. O meu casaco. São 17 horas. Falta uma hora para a liberdade. Liberdade para quê? Procuro o que fazer. Não quero edredon sozinha. Cansei de me conhecer. Quero conhecer o outro. UM outro. E não os outros. Muitos já chega. Cansei. Mesmo.

Não sei se vou ao cinema, ou se bebo um vinho enquanto escrevo sobre a vida. Não sei se vou ao shopping e compro uns vestidos decotados. Ou se visito a minha mãe. Posso também ligar para uma amiga e sugerir uma pizza. Ou chamar minha chefe para uma peça de teatro. Posso arrumar a casa e os meus armários. Ou terminar de ler “A menina má”. Passar minhas blusas sociais e costurar minhas calças. Mandar mensagens para as minhas 457 opções de companhia masculinas.

Nada disso me interessa.

Será que um dia vou conseguir te conquistar?

terça-feira, 13 de julho de 2010

Sonho

A gente dá uns tragos. Aquela ondinha de preguiça me dá vontade de ficar parada, enquanto você abusa dos meus desejos. Lembro daqueles tremiliques, quase terremotos. Você corta a pizza na embalagem de papelão e divide o prato comigo. E o copo. E o corpo. Você segura a minha mão e jura que não preciso sentir ansiedade, muito menos insegurança. Você diz me amar, no meu ouvido, bem baixinho, assim como eu sempre sonhei. E seca minha testa suada. Liga o ventilador e, 5 minutos depois, me cobre com o edredon. Sabe que eu não durmo sem ele. Abraça minha cabeça, segura a minha mão e dorme. Ronca bem baixinho para não me acordar, mas me mostra que está ali. E sempre estará.

Com você posso ser eu mesma. Nada de durona. Nada de fingir frieza. Você permite que eu abra toda a gaveta que guarda meus sentimentos reprimidos. Você aceita meu jeito e sorri quando eu digo te amar. Beija meus lábios e passa a língua em meu rosto. Você que me conquista a cada dia. Entrega-se totalmente ao meu amor.

E pede mais. Sempre mais.

Amor é para ser vivido.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Babe

Hoje é segunda e já estou com sede. Sabe, deve ser saudade das suas mensagens brotando em meu celular. A falta das suas palavras, babe, perguntando se já estou com sede. Você que me traz água, sempre. E sabe que eu gosto de gelado. Ou quente, nada de morno. Intensa, né? Você que só acaba quando eu peço. Acha-me apaixonada e relaxa o corpo sobre essa certeza. Mal sabe que certezas não existem quando falamos de sentimentos. As pessoas mudam todos os dias. Mas hoje eu acordei te desejando. Acabou o fim de semana, ficaram alguns beijos no caminho. Beijos pouco molhados. Lembrei de você e isso na sua cabeça significa envolvimento. Não babe, não há envolvimento. Apenas a minha constante necessidade de conquista. Quero conquistar o mundo, assim como você quer comer o mundo. Sabe? É impossível. Um dia, você vai se apaixonar. E eu também. Enquanto isso, vamos nos curtindo. É só isso. Desculpe, tá? Mas é só isso.
Hoje eu acordei com sede.

Nao sei se é sede de cerveja. Ou sede dos seus beijos.