quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Martha

"O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito. A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender."
Sempre fui fã de Martha Medeiros. Ela sempre pareceu escrever para mim. O meu amor estava em paginas tao proximas, e tao inteligentes. E ele nao precisa me cobrar, porque meus gestos de carinho vêm sempre quando ele menos espera.
Tipo agora.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Carnaval

Pensando assim, num calor desconcertante de uma sala sem ar-condicionado, em plena sexta-feira, véspera de carnaval. Louca para ir embora, à procura de algum bloco. Em volta, todos trabalham incessantemente. Parece que esqueceram que é carnaval. Parece que não sentem o calor do verão do Rio de Janeiro.
Lá fora, a cidade ferve. O trânsito se acumula e eu não imagino a hora que chegarei na zona sul. As fantasias prontas, as cervejas gelando, as marchinhas no ouvido. A vontade de sair gritando, cantando, rindo, aproveitando cada momento da época em que todos se fantasiam de felicidade.
Eu queria que essa fantasia fosse eterna. Mas entre uma cerveja e outra, penso no porquê de tantos sentimentos que bagunçam minha cabeça, angustiam meu coração, embrulham meu estômago. A vida é uma delícia e juro que tudo que sinto, no fundo, me faz bem.
Vamos sentir menos, por 4 dias, e exercitar os três “S”. Skol, Samba e Sexo.
Usem camisinha. Bom carnaval.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Parabéns!

É, mais uma sexta-feira 13, que faz lembrar algumas outras. Vários “trezes”, algumas sextas-feiras, com o treze de fevereiro. É aniversário dele. E ela pensa em todas as comemorações que aconteceram ali, naquele apartamento da Barra. Aquele bairro que ela tanto detestava, e agora freqüenta. Todos os dias. E sente falta, daqueles restaurantes, que ela também detestava.
E sabe que, mesmo detestando, amava muito tudo aquilo. E amava ele, mais ainda. E ainda ama, como uma das pessoas mais especiais que já conheceu, com certeza a mais especial com quem dividiu a cama. Aprendeu o que era o amor, daqueles de verdade, sinceros, sem posses, sem ciúmes. Orgulha-se dele, dos dois, da relação, do passado, da amizade que permanece e da coragem de dizer “fim”.
Lembra do chopp com caldinho de feijão. Sente falta. Hoje, é dia de recordar. Relembrar as comemorações, festas em boate de playboy, mas ela ia. De salto, maquiagem, vestidinho.
- Você está linda!
- Só para você.
E ele não acreditava, mas aquela patricinha falsa era só para ele. De verdadeiros já bastavam os sentimentos, o amor, que ela jurou ser eterno. E realmente é.
Nunca estiveram realmente longe. Apesar das diferenças, dos caminhos da vida, das outras relações, dos interesses contraditórios. Sempre ali, juntos. Amando. Independente de qualquer coisa. Um amor familiar.
Ela hoje pensa nele, nos anos que passarão, e que continuarão vindo, sempre mais um. E deseja apenas felicidade, saúde, paz, amor e dinheiro (porque disso, ele gosta).
Tudo de melhor pra você! Sem exageros, você merece mais do que ninguém.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Mundos

É, as vezes seria mais fácil fazer parte do senso comum. Sentar em frente a TV e ali ficar por horas. Mas não. Em vez disso, penso. E nas páginas da internet, leio coisas de pessoas, assim como eu, anônimas. Elas também pensam. E, impressionantemente, têm as mesmas angústias que eu. Questionam tudo e, muito provavelmente, são vistas como chatas. Do contra. Assim como eu, também.
Por que eu não freqüento boates? Por que eu não gosto de filmes de Hollywood? Por que eu não uso a sandália da moda? Por que eu não tenho franjinha? Por que não ouço hip hop? Por que minha mãe me apresenta como “a filha despojada”? Por que todos me olham e dizem que sou estranha. Por que?
Quer saber? Não to nem aí pra vocês do senso comum. Não vou sair com vocês. Não vou pedir conselhos pra vocês. Muito provavelmente não vou nem conversar com vocês. Tudo bem, estou exercitando a minha tolerância, então talvez troque algumas palavras com vocês. Mas, por favor, não me pergunte a boa do fim de semana, não troque confidências amorosas.
Pensamos diferente. Somos muito diferentes. É outro mundo, de fato. Saibam que é muito mais fácil ser feliz assim, no padrãozinho dessa sociedade ridícula. Mas também é muito mais vazio, embora vocês não tenham discernimento para perceber isso. Tenho muito mais dúvidas, questões, idéias. Mas, não abro mão dessa angústia resolvida nas mesas do botequim. Sim, botequim. É sujo? E daí? Eu curto.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Faces

- No que você tá pensando?
- Que a gente não tem nada a ver.
Diante desse desabafo, a menina olhou para ele, assim meio abobalhada. Ficou se perguntando se era aquilo mesmo, ou se, na verdade, não era nada daquilo. Não entendeu porque tanto radicalismo, tanta sinceridade. Não entendeu porque ele pensou isso depois de tanta sintonia desvendada. Não entendeu como uma simples conversa, em que houve desacordo, pode ter gerado uma conclusão tão certeira. “Não temos nada a ver”.
Tudo bem, ela pensou. E lembrou que, para ela, “será” já não era mais a palavra certa. Já sabia como era e agora era seguir, como ele havia dito. Não podemos prever nada, mas vamos vivendo. Ah, vai, não foi tão estranho assim. Estranha foi a forma como tudo aconteceu, mas isso agora já não importa tanto. Foi bom, até melhor do que eu imaginava, confesso. “Será que você vai me preencher assim, certinho?”
- Gostei do seu abraço. Às vezes, parece que somos um só...
- É bom, né?
- Pakaraleo.
E agora, ele vem com um “não temos nada a ver”, seguido de, “acho que estou mais empolgado que você”. Ela já não entendia tanta contradição e sabia que ali, não eram apenas as frases dela que formavam um paradoxo.
Então vem, olhe para as minhas muitas faces e tente desvendá-las. Sou multifacetada. Mergulhe em cada expressão e procure significado para cada novo rosto. Entre no meu ritmo e excite-se com sorrisos tão diferentes. Procure explicação para cada rostinho. Fale da intensidade dos meus gestos. E pense em tudo que desvendamos, que desvendaremos. Pense em quantas novas faces você vai apreciar, se deliciar. E me diga, vai, que “não temos nada a ver”.