terça-feira, 22 de julho de 2008

Desculpe

E assim eu fiz. Fiz com ele a mesma coisa que fizeram comigo por 2 anos. Fiz com ele a mesma coisa que me fez sofrer tanto. Fiz com ele a mesma putaria que eu não desejo a ninguém. Fui escrota como aquele outro foi comigo. Igualzinho. Desliguei o celular e dormi. Dormi sozinha, o que talvez me absolva de um pouco da maldade que também já fizerem comigo.
Mas dormi. E desliguei o celular. E deixei ele ligando. 10 vezes. Deixei ele esperando. Deixei ele querendo. Deixei ele fantasiando. Iludi alguém. Exatamente como fizeram comigo. Senti-me péssima por isso, mas não o suficiente para me impedir de dormir. Dormi, mas sonhei. Sonhei com a canalhice que eu estava fazendo. Tive remorso mesmo. Mas mesmo assim fiz. Tento me confortar pensando que pelo menos eu me sinto culpada, enquanto o outro cagava para mim, para as minhas lágrimas, minhas aflições, minha vida. Eu me preocupei com o que eu estava fazendo. Mas fiz.
Pensei em procurá-lo. Não para inventar uma estória, embora eu tenha uma coleção de desculpas desse tipo, anotadas na minha agenda, integradas ao meu sofrimento. Não para prometê-lo um próximo encontro, já que sei que este não aconteceria. Mas para lhe dizer que ele não me merece. Achei melhor não ligar. Como é engraçado. O outro não me merece e o bonitão sou eu que não mereço. Como é a vida né?
Chega um dia em que os dois se merecem. Duas pessoas unidas pelo merecimento de um amor. Ainda não chegou minha vez. Nem a do outro. Nem a deste aqui.
Desculpe, mas eu não consegui seguir em frente com essa nossa nova estória. E, mesmo assim, obrigada pelo carinho.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Não

Por que com tantas pessoas no mundo nós escolhemos apenas um? E esse um é o responsável pelo sorriso e pela lágrima. Nenhum outro é capaz de conseguir arrancar sentimentos desse coração machucado. Esse um pode fazer o que bem entender, que sempre terá uma resposta: lágrima ou sorriso. Ele terá uma resposta. Quase sempre: lágrima.
E insisto numa estória sem futuro, sem sorrisos. Uma estória sem presente. Ela existe apenas nos meus pensamentos, no meu travesseiro. Ela está cravada na fronha amarela que guardou seu cheiro. Marcada nas fotos retiradas da casa, mas ainda na memória. A escova de dente jogada no lixo, mas ainda ali, no banheiro, a sua lembrança. Os momentos continuam pelos cômodos, na minha cama quebrada.
O celular vibra, mas seria melhor que não. É sempre a mesma decepção quando o visor indica um outro nome. Tantos nomes e nenhum me interessa. Tantas vezes vibrando, mas nunca é você. O tempo passa, e talvez esse vazio também. Talvez algo aconteça para me tirar desse buraco. Não será apenas a minha força. Algo me ajudará a sair desse labirinto, eu sinto isso.
Lembro dos bons momentos. Acho que foram poucos. Sim, poucos, se comparados aos ruins. Se você soubesse de metade das lágrimas que já derramei por você. Ainda bem que não sabe. Não deveria saber de nenhuma delas, na verdade. Vejo que estou perdendo meu tempo, minha vida. Mas algo me prende. Esse algo tão misterioso.
Queria você aqui, no meu quarto. A TV ligada, a cerveja gelada, um cigarro. Muitos papos, carinhos. Nada demais. Uma ruffles. Quem sabe uma pizza? Eu e você. Na cama quebrada. Um abraço que me é tão distante. Mas talvez fosse me tirar um sorriso. Para depois, mais mil lágrimas. E tudo outra vez.
Não.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Enfim

Sabia que seria natural. Eu realmente não consigo sofrer de paixão. Mas, naturalmente, desapaixonei. Demorou. Demorou muito mais do que eu queria. Enfim, chegou. Que alívio. Consegui tocar a paz que estava esse tempo todo presa dentro de mim. Ela se libertou. Sinto que emagreci 50 quilos. Quase todo o meu peso corporal. Estou leve como uma pluma. E como dizer que isso não é felicidade? Estou mais bonita. Na verdade, devo estar idêntica, mas me sinto muito mais bonita. Sorriso de menina sapeca.
A vida sobre a qual eu tanto escrevi já se mostrou para mim. Graças a deus, eu não perdi a prática. Continuo boa nisso. Posso sorrir todos os dias e mesmo que eu durma na transversal, terei paz. Paz: uma das coisas que Mastercard não compra. Fazem 7 dias que não derramo uma lagrima. Fazem 7 dias que não falo com ele. Coincidência? Não espero mais meu telefone tocar. Ele não toca. Já não tocava antes, mas mesmo assim eu esperava. Agora não espero mais. Na verdade, espero. Mas a minha espera agora tem sentido, porque ele toca, sim. E alguém do outro lado da linha me chama de linda. Banal. Mas é o que eu precisava.
Acabou e eu estou feliz. Muito feliz. Enfim, consegui. Minha vida vai voltar a ser colorida. Nada descreve o meu alívio. Sei que ele não vai me procurar e confesso que adoro ter essa certeza. Assim não cairei em tentação. Dessa vez, não terminei esperando a volta, esperando a demonstração do amor e da saudade. Já disse que nunca teve amor, não vai ser agora. Melhor assim, porque agora sou eu que não quero.
Bebi todas no sábado e voltei para casa pensando. “Caraca, fiquei 2 anos com uma pessoa que nunca gostou de mim”. Chega a ser cômico, para não dizer desesperador. Logo eu. Com tantas opções. 2 anos. Nunca gostou. Se tenho raiva dele? Claro que não. Tenho raiva de mim, que insisti numa piada dessas. Mas hoje, confesso que estou orgulhosa de mim mesma. A vida ta aí. Meu telefone tocando. O chopp gelado na mesa. Umas batatas fritas gordurosas. A rua. A noite. As pessoas. A VIDA. Caralho, a vida!
Que bom que acabou. Eu mereço muito mais. Ah, se te desejo felicidade? Não, te desejo amor. Espero que um dia você ame alguém de verdade. A felicidade é conseqüência.