quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Será?

Te vejo, te imagino, te quero. Fantasio. Mesmo sem saber se tudo isso faz sentido. Mas, será que algo faz sentido nesse mundo? Pode estar tudo errado, ou não. Mas o que é o certo ou o errado? Quem inventou esses conceitos? Será que você vai me preencher, assim certinho? Será que toda essa curiosidade vai ter fundamento?
Imagino cenas, ácidas, mas cheias de desejo. E sei que você também imagina. Fantasio em cada linha. E me inspiro em cada idéia semelhante. Parece tudo tão encaixado, mas como podemos saber, dentro desse mundo virtual. Às vezes, esse sim parece ser O mundo. O real está se apagando e deixando espaço para ações, aquisições, relações, sensações cada vez mais virtuais.
Mas, pela virtualidade, já entendemos que gostamos mesmo é de pele, de verdade, de vontade, de saudade. Queremos sentir o real. Ombros, pescoços. Sensação de prazer, de querer, de não-dever. Será que nos esbarramos assim, por acaso? Será que as afinidades realmente existem? Será? Será? Não importa.
O desejo é feito de expectativas, mesmo. O novo atrai. E nada mais excitante do que querer algo que, não sabemos muito bem o que será, o que trará, o que sentirá. Mas, entre o medo e o desejo, entre o pudor e a vontade, entre a frustração e a tentativa, acho que vamos.
Vou.
Vem.
Fui.
Fomos.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Inspirado

Aposto que você ainda sonha, e me deseja. Nos piores dias, abraça seu travesseiro e me sente. Aquele travesseiro maior, que encaixa direitinho na sua barriga e traz conforto. Um pouco menos do que eu trazia. Dorme profundo. E acorda, às vezes ao lado de algo mais humano do que seu travesseiro. Mas isso, para mim, é indiferente. Porque sei que você me visita, todas as noites, todas as manhãs. E as outras figuras femininas, ao seu lado, apenas trazem um vazio maior.
Sabemos que nada foi por acaso. E por isso, nos revisitamos, mesmo que agora só em pensamentos. Confesso que fujo, mas o medo mesmo foi seu. Sei que senta no sofá da varanda e lembra. Lembra de nós e dos adolescentes que namoravam no playground em frente. Será que eles ainda namoram? Nós não. Apenas na virtualidade dos e-mails, mensagens de texto e bate-papos. E nos pensamentos, nas recordações. Que doem. Mas, existem. E disso, não é possível fugir.
Pode me desejar, em cada cômodo da sua casa, agora vazia. Sei que muitas freqüentam, mas nenhuma a preenche como eu fiz. Você sente minha presença. Minha alma andando por todos os lados. Dormindo no sofá que vira cama. E quantas fantasias descobrimos ali. Lembre-se dos seus maiores prazeres, todos comigo. Aprendemos. Sinta meus lábios. Meu hálito. Meu cheiro. Minha vontade. E sofra. De prazer. “Feche os olhos para que o sonho e as imagens se tornem mais reais. Como sempre vai ser...”
Existe outro em seu lugar. Mais alto, mais forte. Me pega em casa. Paga a conta. Não se surpreenda ao perceber que curto ele. E espero o telefone tocar. A energia mudou de foco. Espero uma mensagem, um beijo, um abraço. Mas sei que depois do ápice, lembrarei de tudo que vivemos. Assim, como você deve estar lembrando, a cada vez que sente um prazer pela metade. Você disse, tantas vezes, que nunca haveria nada igual, nada tão mágico. Justo você que recriminava os extremos “sempre” e “nunca”. Eu não sei. “Lembre-se que fui e ainda sou teu anjo. Talvez o pornográfico de Nelson Rodrigues, levando todo o exausto fogo que lhe pertence e que decifrei.”Lembre de cada despedida, de cada volta que apagou a sofrida saudade. Lembre dos pontos finais, que nada mais eram do que reticências. E entenda que dessa vez acabou, mesmo. Lembre do fatídico natal, em que fui. Passei. Sai. Fui. De vez.
Procure-me em outros braços, outros abraços. E chore. Por não me achar. Beba cerveja, fume, veja TV, fale de células, de experimentos. Longe de mim. Lembre da minha companhia, dos dias de risos, das noites de amor. Lembre de quantas vezes tentou fugir, sem sucesso. Lembre do quanto desejou não me desejar. Lembre de todas as vezes que voltou. Aceite que não conseguiu ficar longe de mim. Saiba que o mérito do nosso fim é todo meu.
Continue tentando me esquecer. Mas não se desespere se não conseguir. “A culpa é tua, fique sabendo”.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Cachinho

Pela primeira vez, andava de braços dados com meu pai. Todos, emocionados, me observavam. Paramos no fim da passarela vermelha rodeada de flores. Ele segurou forte a minha mão e a entregou para quem ele sabia que iria cuidar da filha dele para sempre. Você me admirava, realizando o seu sonho inconsciente de me ver naquela cauda branca...Aceitamos e prometemos diante de Deus sermos fiéis até a morte. Juramos a felicidade eterna, ate nos momentos mais dificeis. Nossas mães choravam com a certeza de que aquele era o dia mais importante de nossas vidas...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Liberdade

Poucas pessoas freqüentam meu blog. Além de anônimo, não faço divulgação em comunidades do Orkut. Na verdade, nem Orkut tenho mais. Essas poucas pessoas, todas do meu mais estreito círculo social, naturalmente criam imagens de como está minha vida de acordo com meus textos. Mas, é bom saber que as narrativas sempre vêm recheadas de exageros e imaginações. A ficção não é real. E nem pretende ser.
Ninguém vai me conhecer melhor por meio de textos escritos às presas, numa mesa de trabalho, com 30 pessoas em volta. As linhas, muitas vezes, também estão fora de ordem, dessincronizadas. A estória contada hoje pode ter acontecido há anos atrás ou pode até nunca ter ocorrido. O que seríamos nós sem o mundo da fantasia?
Pretendo continuar assim, escrevendo mais textos tristes do que alegres. Simplesmente porque é isso que as pessoas gostam de ler. E todo mundo escreve para ser lido. Senão não existiriam os livros e, agora, os blogs. E, por favor, não venha dizer que gosta de finais felizes. Porque senão será preciso me explicar o sucesso de “Marley e eu”.
É até bom que leiam as minhas estórias e imaginem que estou triste. Assim, quando algum “voyeur” passar pelo meu blog não sentirá inveja da minha felicidade. E, como eu sempre disse, nada melhor do que a liberdade.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Oba

Estava lendo num blog, de mulheres de 30 e poucos anos, bem diferentes daquelas como eu, de vinte e poucos. Apreciando as estórias que elas contam, sinto-me bem. Até que estou com a vida colorida. Menos contas, menos obrigações, menos cuidados com a saúde e nenhum filho. Que sorte. Algumas coisas em comum: noites em casa. Mas, ao invés de colo de filho, colo de mãe. Que também é muito bom.
A verdade é que nós, mulheres, em qualquer idade, enfrentamos crises. Mas não há nada que nos derrube de vez. Aquelas com trinta e poucos talvez suportem mais, pois já passaram pela dor do parto. E, nesse momento, perceberam que a dor sempre traz algo muito bom. A dor é o pedágio que precisamos pagar para chegar na região dos lagos. A dor é o que nos mostra o quanto é bom o prazer. Se não houvesse dor, como saberíamos o que é o prazer? Por isso, a dor de perder a virgindade, a dor do sexo anal.
Toda dor antecede prazer, felicidade.
Oba!