quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Será(2)?

Não tinha como imaginar ou prever algum tipo de emoção. No máximo uns sorrisos, após muitas cervejas. Aqueles mesmo lugares provavelmente não seriam os mesmos, devido às novas circunstâncias. As coisas teriam outras cores, outros ares. Os personagens seriam outros, marcados pelos meses distantes. Nada de novo aconteceria, até as lembranças estariam apagadas pelo passado. Mas, não havia como saber.

A previsão não funciona quando falamos de sentimentos, de relações, de histórias. Não sei se foi a forma como enchia o copo compulsivamente, não sei se foi a forma como fumava seus cigarros, compulsivamente. Também pode ter sido o seu jeito grosso, de falar como o garçom. Ou a forma como se referia a mim, me comparando à uma outra das suas, doente. Será que foi sua bolsa, cruzada ao corpo? Ou seu tique de piscar os olhos? Será que foi sua mania de reclamar dos meus saltos?

Não há previsões.

Pudemos relembrar. Será que foi seu jeito ríspido, afirmando que pelo menos na cama eu tinha que ser boa? Foi nessa mesma época, nesses mesmos arredores, nessas mesmas linhas que tudo começou.

Será? Será?
Será?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Porteiro

Porteiro é uma profissão bastante interessante. Parece meio monótono, mas acho que eles se divertem bastante. Passam o dia ali, sem ter muito o que fazer. Atendem interfone, abrem porta, conversam com os colegas na rua. Os meus nem mesmo ajudam com as malas. Na maioria das vezes, não estão na portaria no momento que chego e, de madrugada, eles dormem em uma cadeira de praia montada ali mesmo no corredor.

O que eles fazem é ver quem entra e quem sai. Com quem entra e com quem sai. Que horas entra e que horas sai. Quantas vezes entra e quantas vezes sai. Porque entra e porque sai. ONDE entra e ONDE sai.


O que será que o meu porteiro pensa de mim, hein?