quarta-feira, 25 de junho de 2008

Fim

Sinto que sou outra. Sei lá, tô diferente. Nunca fiquei assim. Triste de verdade. Diminuída e não decidida. É exatamente isso. Claro que tenho consciência de que a culpa é unicamente minha. A paz está dentro de mim. A felicidade também. E eu não me permito usufruir delas. Com certeza é uma patologia, estudada e explicada por Freud. Não é amor. Eu já amei e sei bem o que é esse sentimento. É uma doença. Mas tenho bem claro que eu não sou doente. Eu estou doente. É muito diferente.
Sei que há um mundo que me chama lá fora e preciso vivê-lo. Preciso sair desse estado. Mas preciso sair por mim mesma. Não adianta de nada sair esperando voltar. Não adianta querer ver o outro mostrar o amor. Se não mostrou até hoje, não é agora que vai acontecer. Não adianta querer vê-lo correndo atrás, se nunca correu, não será agora. Não adianta querer nada que se relacione ao outro. O que é preciso é querer algo comigo, algo de mim.
Preciso me desprender completamente, esquecer que vivi isso. Esquecer de todos os momentos. Na terapia, dizem que é preciso lembrar para esquecer. Mas eu já lembrei demais, já posso esquecer. Chega disso. Acho que será o primeiro que não me trará nenhuma lembrança gostosa. Eu não sou assim. Mantenho ótimas relações com todos do passado. Mas preciso entender que agora ser assim é mais do que necessário. É o meu tempo que está em jogo. É a minha vida.
As coisas estão acontecendo e eu presa à uma história que só me desvaloriza, que só acaba comigo. Tenho cada vez mais consciência de que não chegarei a lugar nenhum assim. Preciso voltar a ser bonita e interessante. Preciso voltar a atrair as pessoas. Preciso voltar a ser amada. A ser valorizada. A ser abençoada. Preciso voltar a ser eu mesma.
Acho que o sofrimento tão grande e constante é porque tem uma hora que as relações realmente acabam. Depois de tantas idas e vindas, acabamos achando que sempre haverá volta. Mas não. Dessa vez, percebemos mesmo que acabou. Tanto que não temos coragem de brigar. Não conseguimos gritar. Muito menos conversar. Parece que as coisas são ditas por si só. E o fim definitivo virá naturalmente. Sofrido, mas natural.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Desalento

"Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ele
Que eu entrego os pontos"

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Schopenhauer

Estou terminando de ler “A Cura de Schopenhauer”. Faltam algumas poucas páginas que eu estou guardando para ler num momento especial. Não queria que o livro estivesse acabando... Ele me conforta. Tudo bem que Schopenhauer era extremamente pessimista e que o personagem da estória que vive de acordo com seus paradigmas irrita qualquer leitor. Mas, confesso, e podem me chamar de desiludida, pessimista ou o que for, que gostei de muitas idéias desse cara e estou até adotando algumas para a minha vida. Foi meio inconsciente, no início, mas quando me dei conta, percebi que estava vivendo meio que dentro do livro. Que complexo!
Na verdade acho que adaptei suas idéias à uma forma de vida que, no momento, estou julgando adequada para mim. Desapego é a primeira delas. Os nossos sonhos têm que ser construídos em cima de nós mesmos. Não vá achando que alguém nesse mundo vai encarar seus problemas (e nem mesmo suas alegrias) com você. Isso é pura ilusão. Ninguém está preocupado com ninguém, a verdade é essa. E não me diga que acredita na ilusão do amor. As pessoas dizem que amam o outro, mas o que elas amam mesmo é o prazer que o outro lhe proporciona. A partir do momento que o objeto amado não puder mais ceder tanto prazer, acabou-se. Não existe amor.
Por isso, cada um deve se amar. Amor-próprio. Essa é a chave. Não concordo quando Schopenhauer diz que devemos viver no isolamento. Podemos socializar, afinal ninguém é melhor que ninguém. Mas sabendo que aquelas relações são passageiras. É um erro construir planos baseados no outro. A vida é apenas de um. Prova disso é o fato de podermos viver sozinhos, independentes na sociedade. Convivendo sim, mas sem laços fortes. Cada um cuida de si e se quiser ajudar ao próximo, ótimo, mas, por favor, não espere nada em troca. A recompensa dificilmente virá.
Estou achando que no final do livro, o personagem que vive a pele de Schopenhauer vai perceber o quanto é importante o amor ao próximo. Aí que a estória vai me decepcionar. Mas, como nos filmes Hollywoodianos, o final tem sempre que ser o esperado pelo público. O livro é um Best seller, um produto. Vivemos no capitalismo.