terça-feira, 30 de junho de 2009

Alguém comentou com você sobre a queda do avião do Iêmen no Oceano Índico?
Mas aposto que ainda se ouve falar no 447.
Sociedade elitista.
É nela que vivemos.

Papo pra quando eu tiver mais tempo.
Ainda bem que não continuei jornalista.
Pior que isso, só se tivesse seguido com a publicidade.

Amor

E continuo com a sensação de que não sei nada do que achei que sabia. Mas, em vez de me desesperar, sentindo-me impotente, alivio-me. Vejo que existem coisas novas, diferentes e deliciosas. Ainda existe paz, compreensão, reciprocidade. Como existiu, há muitos anos atrás, num apartamento recém reformado ali no Cantagalo. Achei que a minha chance tivesse se perdido, numa das largas avenidas da Barra da Tijuca.
Pensei merecer loucuras, cobranças, doenças. Pensei estar pagando pela aventura que quis desvendar com os pés sujos. Pensei que a solução fosse andar descalça, comer pão com margarina, sentar na birosca da cerveja mais barata. Pensei ser alternativa, esquecendo-me que a vida é muito mais do que água e ar. Pensei em escrever, discutir e impor idéias. Achei que eu fosse forte demais.
Quanta modéstia. Achei que pudesse brigar com o mundo. Achei que pudesse ser diferente de todos. Esqueci que precisamos, querendo ou não, seguir a sociedade. Isso não significa comprar roupas, carros e apartamentos de luxo. Isso não significa deslumbrar a aparência, o corpo, os cabelos. Isso não significa menosprezar cérebros, idéias e pensamentos.
Significa apenas que a vida é essa e precisamos encará-la. Quero conforto. Quero paz. Quero viagens. Quero carinhos. Quero viver sem fazer contas no final do mês. Quero dar um presente. Quero comprar um vinho. Quero pegar um avião.

Quero te dar meu amor.
Quer?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem"

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Dois


No fundo, devo ser assim meio metidinha. Acho que entendo da vida, das pessoas, dos sentimentos, das reações e das relações. Por ter esse estilinho meio alternativo, penso demais e acho que entendo demais. Doce ilusão. A gente percebe que não sabe de nada, ou quase nada, quando ouve com atenção nossos pais. Aí podemos perceber que os 40 anos que nos separam deles realmente significam alguma coisa.
Ela, da minha idade, veio com muita ansiedade me contar uma descoberta. O pai dela, muito preocupado com essa vida cheia de relações sem importância, cheia de pessoas cheia de problemas, quer que a filha se estabilize. Profissionalmente, nesse caso, não há muito o que se preocupar. Mas a vida pessoal preocupa. Ele quer alguém tranqüilo, determinado, estável. Alguém que possa, de fato, fazer a filha dele feliz. Não hoje, embaixo dos edredons. Mas, amanhã. Em uma segunda-feira, um dia cheio de trabalho. Cheio de estresse. Com crianças com fome e as contas apertadas para o curso de inglês. Ele quer um futuro para a filha, que hoje já é uma mulher.
Então, ele ensinou a ela que não é o outro que decide que vai dar certo. Que não vai aparecer um príncipe encantado que vai fazê-la mudar de idéia e achar que uma cama quentinha vale mais que milhões de cerveja com as amigas. Não é um corpo perfeito, um carro do ano, um apartamento em Copacabana. Não é um sexo selvagem, um beijo encaixado, um ombro amigo. Não é um jantar a luz de velas, nem um anel de brilhantes.
O príncipe vem quando nós decidimos que queremos que ele venha. Simples assim. E quando nós decidimos, o carro da mãe se transforma no carro do ano, o almoço no restaurante a quilo se transforma no jantar a luz de velas, e o apartamento em Copacabana é nosso e não deles. A gente resolve. E não briga, apenas sorri quando ele deseja colocar as almofadas por ordem de tamanho. Apenas sorri quando ele diz que se irrita com o banheiro molhado. Apenas sorri quando pensa nos filhos e na saudade que virá de 15 em 15 dias.
O nosso príncipe não chegou em um cavalo branco. Mas chegou. Assim, ao mesmo tempo. Coincidência?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Escolhas

- Mestre, como faço para me tornar um sábio?
- Boas escolhas.
- Mas como fazer boas escolhas?
- Experiência - diz o mestre.
- E como adquirir experiência, mestre?
- Más escolhas.

Papai

A gente aprende, assim desde pequenos, que cada coisa tem seu tempo. Primeiro o almoço, depois a sobremesa. Primeiro a digestão, depois a piscina. Primeiro o dever de casa, depois o play. Quanta facilidade temos para não aprender porra nenhuma. Não é dificuldade de aprender, é facilidade para não aprender. Queremos fugir de tudo que nos ensinam. Por que viver nas regrinhas de mamãe?

Só aprendemos depois de colocar o dedo na tomada. Meu pai dizia: Deixa ela enfiar o dedo. Os outros familiares o achavam totalmente louco, despreocupado com a filha. Pelo contrário. Minha mãe falava todo dia que aquilo era perigoso e por isso eu não podia fazer. Logo para mim? Só por ser perigoso, aí sim que eu sempre tentava. E ela, nunca deixava. Um dia, meu pai deixou. E eu nunca mais coloquei. Aprendi. Sozinha. Depois do choque.

Não é questão de individualismo. Aprendemos sozinhos. Com nossos erros e não com nossos acertos. Os erros dos outros não nos fazem chorar, não nos fazem ter insônia, não nos fazem emagrecer 10 quilos. Eles não valem nada.

Meu pai também me fez beber uísque. Fumar um maço inteiro de uma só vez. De nada disso, eu gosto. A única vez que ele me sugeriu não fazer algo; lavei o rosto no mictório.
Faz assim:
Chega de repente
Segura a minha mão
Dá um sorriso
Tenta um beijo
Puxa meu braço
Olha no meu olho
Acaricia meu cabelo
Olha mais um pouco
Sinta meu cheiro
Aprecie meus dentes
Mostre estar feliz

...

Proporcione paz
Que eu caso com você.

quarta-feira, 10 de junho de 2009


Madrasta: adj. Pessoa pouco carinhosa, ingrata, má.

Ou será que isso era apenas na época da Cinderela e da Branca de Neve?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dúvida

Tinha uma voz me acordando no meio da noite. Aquilo tava me atrapalhando, tirando meu sono. Mas nada que me deixasse irritada. Tava tudo bem. Aproveitei para pensar um pouco na vida. Além de eu não ter muito tempo para reflexões ao longo do dia, na madrugada os pensamentos fluem de uma forma diferente. Meio dormente, meio dormindo. Pensava no quanto eu sou boa e no quanto eu também sou má.

Uma mulher gritava. Não sei se era na rua ou em algum apartamento ao redor. Mas ela gritava muito. Parava e voltava a gritar. Xingava alguém. Provavelmente ele. Só se ouvia a voz dela. Com muita raiva. Eu ouvia aquilo tudo, tinha pena da mulher, devia estar sofrendo. Tentava imaginar o porquê daquilo, o que será que havia acontecido. E lembrei.

Não havia como não lembrar. Foi há duas semanas atrás. Gritei, berrei, joguei cerveja, arranhei, odiei. Fui maltratada, menosprezada. Aquela indiferença foi pior do que qualquer coisa. E eu me descontrolei como fazia a moça nessa madrugada de segunda-feira. Por que fiz aquilo? Por amor? Ou por falta de amor? Próprio.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Bom(humor)

Eu tava assim, meio sem procurar nada. Andando pelo prédio, buscando informações, evitando problemas, corrigindo inconsistências. Chegava cedo, saia tarde, num ritmo assim meio alucinante. Um dia, era tarde, bem tarde, os assuntos pipocando, aquele cansaço, fome e as mesmas pessoas de sempre. Nessa rotina devastadora para encontrar um satisfatório meio de vida. Mais tarde, bem mais tarde.
E mais um dia, cedo pela manhã. Todos ali correndo, literalmente. O tempo é nosso inimigo, precisamos economizá-lo. Precisamos de concentração, atenção, dedicação. Mas também precisamos de simpatia, sorriso, abraços. Nossa vida, agora, está quase toda ali. Precisamos pelo menos estar felizes, de bom humor. Trocar piadas entre um documento e outro. Olhares sociais?
É, eu também sou flamenguista. É, eu também durmo por aqui. É, eu também almoço naquele restaurantizinho pé de chinelo. É, eu também dou a vida por essa empresa. Não, eu não tava procurando nada.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ciclos

Tolos são aqueles que acham que tudo não passa de uma coincidência. E mais uma. E outra atrás de uma. Nós só vivemos o que escolhemos. De nada adianta xingá-los de filhos de uma puta, se aceitamos o que eles nos oferecem. A culpa é toda nossa. Nós fazemos nossas vidas, nós escolhemos o que nos dá prazer. E aí, vamos gozar com a saudade de quem mora em Paris, com a imaginação de quem come uma velha.
Passa o tempo, passam as sessões de análise, de auto-análise, as lágrimas, gritos, porradas no chuveiro. Percebemos que estamos doentes, que eles são doentes, que precisamos dizer “fim”. Passamos noites sem dormir, sentindo a dor da saudade. Um dia passa. E agradecemos por termos conseguido nos livrar de tudo aquilo. Temos orgulho de nós mesmas. Brindamos nossas taças em prol da liberdade interna.
Mas não percebemos que, semanas depois, existe outro que mora em Portugal, ou em Londres. Existe outro que discute a vírgula colocada no lugar que ele julga errado. Não percebemos que ele vai voltar para a Europa, que vamos chorar a saudade, que vamos gozar com a distância. Não percebemos que ele vai nos sacanear, abusar do amor, dizer que estamos sempre erradas. Não percebemos que estamos nos subestimando, nos martirizando, nos punindo.
Tudo de novo. Sempre no mesmo ciclo. A cura não está no fim da relação. A cura está na nossa descoberta. No entendimento de que a doença está em nós e não neles. Que se o problema é deles, somos ainda mais problemáticas ao aceitá-los. Não precisamos nos envolver. Escolhemos isso. E aí está a maior doença.
Será que existe cura?