quinta-feira, 20 de março de 2008

Passado

Paro para pensar naqueles momentos vividos ao lado dele. Éramos completamente diferentes, mas nos completávamos. Eu era feliz pra caralho. Tinha tudo que a personagem da novela das 8 luta para ter e só consegue no último capítulo. E ele tava ali. Para mim. Sempre. Vivemos, crescemos, dividimos, aprendemos, cedemos, compreendemos e, é claro, amamos. E digo isso sem hipocrisia porque amamos mesmo. Aquele amor verdadeiro no fundo da alma. Acabou.
Assim, numa conversa de telefone. Acabou. Fim. Game over. Ninguém acreditou, nem mesmo eu. Quando percebi, tinham-se passado meses e a falta foi pouca. Confesso sem peso na consciência. Amei muito e talvez por isso a saudade não tenha sido tão pesada. Amava e desejava o bem. Acima de tudo. Não queria prender a mim uma pessoa que merecia alguém por completo. Eu não estava mais ali. Estava aqui, onde estou até hoje, um ano e meio depois.
E agora sou eu que estou presa, e é um presídio gostoso. Admito que talvez haja até uma certa dependência, vontade intensa do sempre, do para sempre. Levo tudo que vivi como requisito para o agora, um agora delicioso, sonhado, desejado. O ele do passado também deve estar preso, ou talvez acomodado. Acho que pela sua personalidade, acomodado. Que merda! Quero vê-lo em um cela arrumada, com ela.
Acomodado ou preso, ele está feliz. Ele é feliz. Não pensa muito, vida sem reflexões muito profundas. Por isso, é feliz. Os mais filósofos que me desculpem, mas às vezes, invejo esse não-pensar. Essa felicidade superficial. Onde, para mim, tudo seria mais fácil. Mas hoje, mesmo com os milhões de pensamentos/reflexões/angústias/questionamentos estou presa.
Caralho! Nunca imaginei que estar presa fosse tão bom! To feliz pra caralho! (já usei o “caralho” 3 vezes, agora 4).
Pois é, a mulher independente, feminista e extremista está presa. E feliz pra caralho!

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