segunda-feira, 11 de maio de 2009

Velhice

O tempo vai passando e realmente as coisas vão ficando menos importantes. Não damos mais atenção a cada probleminha, o que antes era fundamental hoje já virou quase esquecível. Uma não ligação já não traz tristeza, até porque quando a ligação acontece somos nós que não queremos. Uns goles a mais, já não trazem ressaca moral, até porque já viraram rotina. A descoberta de que uma amiga de infância é a maior das filhas da puta já não traz mágoa, apenas raiva. Uma grande companheira de trabalho rir quando você é o motivo da piada, também já não incomoda. Já percebemos que ninguém é confiável mesmo. O fim de um namoro já não é acompanhado pela depressão, pois hoje entendemos que realmente não é nem o primeiro nem o último. A notícia da morte de alguém também é comum, estampada em letras garrafais na capa do jornal. Um pé na bunda é até um alívio, afinal a fila é muito grande e quase não conseguimos escolher. Uma foda mal dada, é apenas motivo de riso, já nos acostumamos com isso. Um beijo na boca ruim, muito ruim, traz lágrimas apenas para quem busca outro numa boca desconhecida. Ser trocada por uma velha, de 30 e muitos anos, é quase tão comum como descobrir que o ex-namorado é viado. Um pau que não sobe, um pau que não goza, um pau que não entra. Dois quilos a mais, uma calça que não entra. Um sapato que machuca, a tentativa de um salto. Tudo normal. Com alguns fios brancos e umas rugas por vi.

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