sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Bons

Eu queria ser blasé. Não pensar em porra nenhuma a não ser no tipo de escova que vou fazer para uma festa de 150 reais que vou nesse sábado. Queria esquecer o comportamento humano e deitar no meu sofá para ver sessão da tarde. Não pensar em porra nenhuma a não ser no penteado da atriz principal. Queria apenas brindar meu champanhe após o trabalho e reparar no modelito do vestido da loira ao meu lado.
Na verdade, eu queria mesmo era parar de contestar e seguir esse fluxo babaca da sociedade. Queria internalizar a babaquice, porque assim eu não perceberia o quão babaca são as pessoas. Queria achar que sou o máximo porque tenho a bolsa da Louis Vitton e os óculos da Diesel. Queria acreditar que o que sou se resume ao meu cabelo bem tratado, meu corpo esbelto e minha maquiagem da L´Oreal. Queria comprar minha felicidade nos bilhetes de festas de playboy. Queria trocar minha tranqüilidade pelo meu status social. Queria dizer por ai que a cidade em que vivo é apenas violência e andar no meu carro blindado, com um motorista negro.
Mas, o que eu queria mesmo era acreditar nessas pessoas. Acreditar, como os babacas que comem a comida da empregada, que os seres humanos são bons. Queria acreditar que ninguém faz nada por mal. Que as pessoas não percebem, fazem por descuido, distração. Queria acreditar que essa patricinha babaca milionária não paga o que consome porque não percebe que comeu, bebeu, dançou.

Ela não é estelionatária.

As pessoas são boas, né babacas?

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