terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Ambição?

Estou tão fraca que não me reconheço. Sinto que perdi alguns sentidos e tenho vontade de mergulhar num mar de lágrimas, ignorando a Praia da Boa Viagem. Sinto medo. E não é apenas dos tubarões. Aquele quarto enorme, aquela cama de filme, cabem 5 de mim. Para que 5 travesseiros se o que eu realmente preciso são os três velhos e sujos da minha casa? Minha casa, minha cama, minha vida.

É, mais uma vez chego em um novo local, um novo desafio, um novo voo semanal. E a cada segunda-feira deixo a minha vida dentro das enormes janelas em Copacabana. Encaro 5 dias sem sentido, na contagem regressiva para regressar à minha vida, ao meu sentido.

Dói demais sentir-se sem chão, sem rumo, quase sem personalidade. O café da manhã mostra a impessoalidade dos executivos vestidos em ternos caros, com largas alianças de ouro amarelo, que denotam status, apenas status. Enquanto isso, na certa, suas magras esposas estão comendo cenoura crua para reforçar a cor do verão. A noite, depois de um passeio no shopping, irão ao motel com seus amantes, tão melhores que seus maridos simplesmente porque podem lhes dar atenção.

Nesse momento, todos os maridos que me olham enquanto tomo meu café preto com queijo branco, colocam dinheiro em suas casas, bem longe daqui. Muito mais dinheiro do que precisam. Não entendem que com menos dinheiro talvez tivessem mais sexo, mais fidelidade. Mas, o que importa mesmo é o status, não é?

Esses maridos que me admiram, tão nova, tão arrumada, tão independente, pensam em mim ao chegar no hotel. Talvez um dia me chamem para um vinho, no lobby, seguido de um banho na enorme banheira. Eu vivo a vida desses maridos e me pergunto: aonde está o sentido de tudo isso? O que significa o status profissional? O que é ter ambição?

Viver: para mim é tão simples. Tenho uma casa linda e decorada, amigos maravilhosos que são o sentido de tudo e uma cidade que é a melhor do Brasil, se não do mundo.

Eu realmente preciso perder a força, os sentidos e a alegria? Tenho motivos para viver esse vazio?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Assim será

“Sentimentos não se escrevem.” Mas é tanta emoção dentro de mim, que não consigo engolir sozinha toda essa sensação. Às vezes não sou tão independente quanto julgo ser. Intenso. Muito intenso. Não entendo como nos enroscamos nessa roda gigante de admiração, companheirismo e vontades. Deve ser mais forte do que a racionalidade, que muitas vezes não é o que faz feliz. Naquele momento, ao seu lado, vivenciei sentimentos que alucinaram meu coração. Quase uma sensação adolescente de pernas bambas e coração saindo pela boca. Porque eu não sei exatamente o que passa entre nós e dentro de nós. Mas certas coisas não são para ser entendidas, nem escritas.

Você me pegou, com a naturalidade que sempre rege a nossa relação, me colocou na sua frente e me abraçou com um cuidado e carinho que tocaram lá no fundo o meu coração. E assim dançamos, ao som de músicas românticas. Não lembro das músicas, não lembro do que havia ao redor, mas lembro do seu braço me enlaçando na altura do peito e minha mão segurando o seu braço, firme. Ficamos um bom tempo assim e nesse momento eu senti o que talvez não tenha sentido no último um ano e meio.

Eu sei que têm muitas mulheres mais carinhosas do que eu. Você não precisava me contar isso, embora eu tenha gostado de ouvir. E eu também sei que você acha que eu não sou carente, mas você é. Você gosta de dormir de conchinha, eu adoro. E eu seria a namorada perfeita, porque não ia exigir telefonema todos os dias. Lá no início, você queria que te apresentasse uma amiga assim como eu, lembra? Mas assim como eu, só eu.

Como eu queria deitar no seu colo naquele carro. Dormir com suas mãos em meu cabelo. E te abraçar no vento frio que me fazia tremer quase como você me fez na manhã daquele domingo. Foi muito especial. Eu me entreguei para aquele momento, como eu geralmente não consigo fazer. Eu estava feliz, entregue. E apertava a sua mão com força, segurava a sua cabeça. Te segurei para te sentir inteiro, porque eu estava ali. Eu inteira. E não apenas o meu corpo.

Não há nada que separe, que dificulte. O que existe está escrito em nossos olhos. Quando eu te olho, eu te provoco. Você me provoca quando diz que há tempos não conhece alguém assim e que gosta muito mais do que eu posso imaginar. Eu também.

Você foge, eu corro. Mas agora quero correr para os seus braços. Segura?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Paraíso

Eu queria que vocês entendessem que não vão me levar pra cas(m)a assim tão fácil. Posso estar carente, sozinha e sem sexo. Mas não vou sair abrindo as pernas assim, por um gole a mais de qualquer coisa que me traga ressacas morais gigantescas. Eu já tentei explicar, mas realmente parece que vocês não entendem que a cada vez que insistem afastam a possibilidade de conseguir (apenas) o que querem.

Não há beijo, pegada ou álcool que me façam mudar de idéia. Certa vez levei um menino que estava saindo pela segunda vez. Chegamos na porta do meu prédio e eu disse “quer subir?”. Simples assim. Acreditem se quiser, eu fiz isso. Foi delicioso. Mas acho que muito se deve às provocações virtuais que rolavam antes. Este soube me instigar sem a pressão do “quero te comer a todo custo”.

Não há água, café ou saideira que justifique o passe livre na minha casa. Gosto muito dela, cuido com todo amor e displicência inerente à minha personalidade. Tenho orgulho mesmo do meu espaço e sou chata e individualista. É a MINHA casa. E eu não vou tornar a situação assim tão fácil para você. Eu pago contas, lavo roupa, vou ao mercado, faço sopa instantânea, varro, compro plantas e prego quadros.

Qual a possibilidade deu abrir as portas do paraíso pra qualquer um?

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vazio (mais um)

Sem sal. Nem açúcar. Cinza como os últimos dias de maio no Rio de Janeiro. Mais uma noitada, mais uma derrota. Estamos sempre em busca e quando não há busca, há vazio. É preciso um corpo para aquecer esse inverno. Falta até tesão. Deve ser a idade. Ficam mais prioritários o cinema e a pipoca. Eca!

Ainda bem que tenho dois cobertores. E ninguém pra dividir. Tem feito frio, tenho tido preguiça de começar e quando olho em volta não quero mais os mesmos beijos sem graça. Começo a acreditar no que meus pais me diziam: não é a paixão, é a situação. A pessoa precisa estar procurando. Não existe muito isso de quando é a pessoa, é o momento. Na verdade, é o oposto. O momento faz a pessoa.

Mas hoje as mulheres têm sido tão fáceis (e me incluo nessa) que não há motivo para que os homens mantenham-se com uma única. Se eles podem ter a mim e a todas as minhas amigas quase que ao mesmo tempo, por que escolher apenas uma? Por outro lado, se nós mulheres não aceitarmos algumas dessas situações, ficaremos assim como a minha chefe: sem nenhum amiguinho para dar uma alegrada na quarta-feira cinza.

Realmente não sei o que tem me feito mais feliz. Sexos casuais que terminam em lágrimas na manhã seguinte ou vida solitária sem uma história para contar? No primeiro caso, vive-se na roda gigante, no segundo, vive-se um vazio concreto. Porém, casos e mais casos aumentando a lista de tamanho, grossura e formato de perus também trazem vazio sentimental.

Resta saber qual o tipo de vazio se adéqua melhor a mim.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Minha maior e mais verdadeira amiga,

27 anos depois eu percebi que tenho TPM. E hoje ela está aqui comigo: não consigo produzir nada e só penso no doce de leite que tem lá em casa. Para passar o tempo que não passa, decidi ler textos antigos no seu blog. E como é gostoso ter saudade do tempo que, embora não passe, passou. É sinal que vivemos intensamente cada minuto. Perdidas nas luzes coloridas das noitadas, com o efeito do álcool e nossas ilusões de paixões que terminam no dia seguinte. Ou não.

Foram muitos e a certeza que tivemos é que o próximo é sempre o melhor. Mas só temos a certeza disso quando o próximo vira atual. E quantos homens da nossa vida encontramos, em cada esquina, em cada volta de noitada. E quantas angústias, risadas, lágrimas, paixões e inseguranças. Quantos personagens que hoje nada significam e mal lembramos nomes, defeitos ou qualidades. Homens que não namoramos, embora eles tenham nos namorado. Homens que não são homens e meninos que se tornaram homens.

E nessa loucura de vida, onde ninguém é importante, nos divertimos a cada gole de cerveja. A cada refrão que cantamos pelos cantos da cidade. Ilusões e expectativas. Realizações e sonhos. E no carnaval da vida, vivemos tantos carnavais. Cada um deles com suas fantasias.

Aprendemos e crescemos juntas com a certeza que os textos antigos mostram o quanto nossa vida foi mais especial por termos uma a outra. Os demais personagens de cada uma das histórias ficaram apenas na lembrança. Em meio a tantos coadjuvantes, nós fomos e sempre seremos as personagens principais.

E que assim seja. Para sempre.

Inspirado em http://brrrrog.blogspot.com/2009/12/ate-o-ultimo-biscoito-do-pote-ja-foi.html

quarta-feira, 18 de maio de 2011

PAZ

Então você me pergunta “o que eu posso fazer para te ajudar?”.

Você não pode fazer nada, ninguém pode. Só eu mesma. Eu ando bem, muito bem. Determinada, concentrada, calma. Muito calma. Domingo eu chorei e foi então que você quis me ajudar. Mas as lágrimas às vezes são esclarecedoras. A gente chora e entende o que pode ficar ainda melhor. Foi isso que aconteceu.

Estou sozinha e assim quero permanecer. Estou livre até nos meus pensamentos. Tenho até dormido. Trabalho sem reclamar e estou paciente. Dirijo muito E sem estresse. Vejo TV e presto atenção no que está sendo dito. Bebo bem menos, como idem. Transo idem.

Sinto-me melhor e escolhi o que me faz bem. Entendo os outros, embora não concorde. E convivo. SOCIALIZO. Não cobro, não busco, não anseio. Vou com calma e paz.

Tenho PAZ.