segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ciclos

Tolos são aqueles que acham que tudo não passa de uma coincidência. E mais uma. E outra atrás de uma. Nós só vivemos o que escolhemos. De nada adianta xingá-los de filhos de uma puta, se aceitamos o que eles nos oferecem. A culpa é toda nossa. Nós fazemos nossas vidas, nós escolhemos o que nos dá prazer. E aí, vamos gozar com a saudade de quem mora em Paris, com a imaginação de quem come uma velha.
Passa o tempo, passam as sessões de análise, de auto-análise, as lágrimas, gritos, porradas no chuveiro. Percebemos que estamos doentes, que eles são doentes, que precisamos dizer “fim”. Passamos noites sem dormir, sentindo a dor da saudade. Um dia passa. E agradecemos por termos conseguido nos livrar de tudo aquilo. Temos orgulho de nós mesmas. Brindamos nossas taças em prol da liberdade interna.
Mas não percebemos que, semanas depois, existe outro que mora em Portugal, ou em Londres. Existe outro que discute a vírgula colocada no lugar que ele julga errado. Não percebemos que ele vai voltar para a Europa, que vamos chorar a saudade, que vamos gozar com a distância. Não percebemos que ele vai nos sacanear, abusar do amor, dizer que estamos sempre erradas. Não percebemos que estamos nos subestimando, nos martirizando, nos punindo.
Tudo de novo. Sempre no mesmo ciclo. A cura não está no fim da relação. A cura está na nossa descoberta. No entendimento de que a doença está em nós e não neles. Que se o problema é deles, somos ainda mais problemáticas ao aceitá-los. Não precisamos nos envolver. Escolhemos isso. E aí está a maior doença.
Será que existe cura?

Um comentário:

Brrrruna disse...

Deve haver... deve haver um jeito de quebrar o ciclo, quebrar o padrão, mandar pro cacete, inverter as posições..
Vamos tentando.
Enquanto isso, haaaaaaja álcool, blog e terapia!