quarta-feira, 17 de junho de 2009

Papai

A gente aprende, assim desde pequenos, que cada coisa tem seu tempo. Primeiro o almoço, depois a sobremesa. Primeiro a digestão, depois a piscina. Primeiro o dever de casa, depois o play. Quanta facilidade temos para não aprender porra nenhuma. Não é dificuldade de aprender, é facilidade para não aprender. Queremos fugir de tudo que nos ensinam. Por que viver nas regrinhas de mamãe?

Só aprendemos depois de colocar o dedo na tomada. Meu pai dizia: Deixa ela enfiar o dedo. Os outros familiares o achavam totalmente louco, despreocupado com a filha. Pelo contrário. Minha mãe falava todo dia que aquilo era perigoso e por isso eu não podia fazer. Logo para mim? Só por ser perigoso, aí sim que eu sempre tentava. E ela, nunca deixava. Um dia, meu pai deixou. E eu nunca mais coloquei. Aprendi. Sozinha. Depois do choque.

Não é questão de individualismo. Aprendemos sozinhos. Com nossos erros e não com nossos acertos. Os erros dos outros não nos fazem chorar, não nos fazem ter insônia, não nos fazem emagrecer 10 quilos. Eles não valem nada.

Meu pai também me fez beber uísque. Fumar um maço inteiro de uma só vez. De nada disso, eu gosto. A única vez que ele me sugeriu não fazer algo; lavei o rosto no mictório.

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