terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Celular

Era do celular. Que saco! Isso significa que temos que estar disponível sempre, a qualquer momento. Temos que ouvir o celular dentro da boate, temos que parar a reunião para atendê-lo, temos que dormir com ele ligado, temos que deixá-lo no vibracall no cinema. Até na hora do banho ele tem que nos acompanhar.
Precisamos estar presente o tempo todo. Basta um domingo em que você desligue o telefone de casa, coloque o celular no silencioso e fique offline no msn para que no dia seguinte uma boa galera comente: “Nossa!! Você sumiu ontem!” Eu sumi? Não...eu apenas não quis ter contato com pessoas. Quis viver pelo menos um pouquinho dentro da minha toca, com meus pensamentos, minhas neuroses, augústias e reflexões.
Mas a sociedade não me permite isso. Tenho que estar constantemente em comunicação com todos. Com a galera. E eu não tenho escolha. Quando “sumo”, muitos fantasiam sobre “o que eu posso estar fazendo” em pleno domingo de sol. E aí já vem a conclusão de que eu não estou bem, devo estar triste, deprimida, reclusa.
Meu Deus! Quantas cobranças! Será que já não bastam as 8 horas diárias que tenho que passar em um trabalho que odeio? Será que não é sufiente a constante necessidade de estudar sem parar para conseguir um lugar no mercado? Será que é pouco ter que enfrentar o trânsito de Copacabana, as filas do supermercado e a poeira no chão de casa? São muitas obrigações. E até mesmo no domingo eu tenho que estar disponível no celular, no fixo e no msn.
Não! Eu não quero! Quero privacidade. Quero um pouco de espaço. Quero curtir momentos só meus. Ou meus e dele. Fiquem tranquilos, eu estou ótima. Só quero um pouco de espaço.

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