quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Felicidade

Trimmmmm!!!!! O barulho do interfone interrompeu a atenção da menina, no meio da novela. O interfone sempre vinha antes da campanhia. Ao abrir a porta, aquele beijinho seguido de um abraço. Sim, ao se cumprimentarem, ainda existiam os gestos carinhosos. E eles lutariam para que esse chamegos resistissem ao tempo. Ultimamente, os abraços tinham um novo cheiro. Um perfume que ela achava delicioso. E ficava feliz por perceber que ele se preocupava em estar cheiroso para ela. Maravilhoso saber que o outro gosta de agradar.
Na cozinha, é hora de colocar as cervejas no congelador. Para isso, ele tira todos as guloseimas-engordativas-congeladas do freezer. Ela observa. Com aquele olhar apaixonado. Cada gesto é lindo. Ela sabe que está vivendo o que sempre quis. Parece que achou o que procurava. Caramba. Já tinha perdido as esperanças e até estava buscando sambas na zona sul. Mas, como diriam todos os amigos: “as coisas acontecem quando menos esperamos”. Podia voltar a frequentar a Lapa. E aquela cerveja na geladeira trazia uma felicidade que a menina até evitava comentar.
É a paixão que agora se tornava real. Dividiam a mesma lata de cerveja, comiam no mesmo prato, as pernas sempre entrelaçadas. Não desgrudavam. E se a menina demorasse mais de 5 minutos na cozinha, logo ouvia um grito de “cadê você?”. Eles queriam e precisavam estar juntos o tempo todo. Em frente ao computador, só era necessária uma cadeira. Ela sempre no colo dele. Até quanto aos programas de TV eles estavam de acordo. Ele via novela e ela, futebol.
As duas escovas de dente. As duas toalhas. Uma só cama. E a casa agora tinha aquele cheiro de “casal feliz”, que tantos sonham. A menina transbordava de alegria, mas lembrava de uma amiga de infância que uma vez disse a ela que era para provocar inveja que ela se dizia tão feliz. Agora, então, a menina feliz era quietinha. Mas quem a conhecia via em seus olhos e sorrisos tamanha alegria. Eles tinham se encontrado. Ele estava começando a acreditar que a vida prega peças mesmo, mas um dia as pessoas se encontram.
Do seu lado, ele se sentia seguro. Dizia não gostar de falar sobre sentimentos, mas nas crises de carência fazia declarações. E ela anotava todas as frases bonitas, em um caderninho do ursinho Pooh. Que ele disse querer ler, mas só daqui há dez anos. Ela sentia que a confiança começava a existir. O mais difícil em um relacionamento, principalmente com o histórico dos dois. Mas eles não desistiam. Começavam a acreditar de verdade na relação.Naquela noite, entre os carinhos, cairam no sono. Acordaram às 4 da manhã, com desejo de estar mais juntos do que a física permite. Encaixaram-se, um dentro do outro, e voltaram a dormir. Mais juntos, impossível...

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