terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Nãomorado

Quanto mais “velhas” vamos ficando, mais aumentam as pressões da sociedade, da família e até dos amigos. Nos almoços de família, sempre tem uma tia que pergunta: “Já arranjou um namorado?” Como se o fato de ser solteira fosse sinônimo de problema. “Não tia, não arranjei um namorado. Graças a Deus, por que quero férias daqueles estresses de um relacionamento a dois”. E a minha tia pensa: “Coitada, está se enganando, está parecendo tão sozinha, mas não consegue se envolver com ninguém”. Não consigo não, eu simplesmente não quero.
Quero acordar no sábado e resolver aonde eu vou almoçar. Quero sair para dançar no lugar que eu mais gosto. Quero acordar de ressaca no domingo e tomar uma Coca-Cola às 9 da manhã, sem ninguém me regulando. Quero ver o Fantástico inteiro sem mudar de canal nem nos comerciais. Pois é, eu gosto de Fantástico. Quero comer um crêpe lotado de catupiry deitada na cama. Se sujar o lençol, o problema é meu. Só meu. Sou eu que vou lavar mesmo.
Quero chegar em casa do trabalho e desligar todos os telefones sem ninguém para achar que eu “estou dando o perdido”. Quero chegar às 6 da manhã bêbada, quero olhar pro gatinho húngaro, quero beijar o sujo-descalço. Quero achar que a vida é uma festa, é surfe-praia-verão. E acordar para o trabalho no dia seguinte achando que estou curtindo muito a vida.
Quero fazer todas as besteiras possíveis, beber todas as cervejas do ambulante, misturar com cachaça. Quero voltar falando merda no taxi, enquanto o motorista ri da minha cara. Quero dormir com os pés sujos de Odisséia, porque é claro que eu não os lavo quando chego. Quero comer o salsichão da Lapa, beber de graça com algum gringo e sentir que as mulheres, finalmente, estão mais espertas que os homens. Sentir que agora eles que são os “otários-coitados” das relações.
“Desculpa, tia. Mas eu não quero um namorado.”

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