terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Saudade

Vejo as estrelas da minha janela, a brisa quente do verão entra pela fresta que está aberta. Meu corpo esticado na cama sente um calor há mto distante. Pessoas passam pelas ruas aproveitando cada momento da curta estação do ano, que tanto foi esperada. Parece que a vida muda com a chegada do verão. Nós, sul-americanos, não damos valor ao clima. Não imaginamos o quanto isso é valioso em países do hemisfério norte. São 10 da noite, o céu ainda azul sereno, com as estrelas começando a brilhar. Os casais, famílias e amigos, felizes…embaixo da minha janela. Ouço vozes, risadas e até mesmo passos. Moro no primeiro andar e a cidade aqui é silenciosa. Cidade pequena, rua calma, poucos carros. Acredite, escuto mais barulho de gente do que de buzina. Talvez aqui nem exista esse componente automobilístico. Buzina? Acho que no primeiro mundo isso é proibido, sob risco de multa. Na verdade não entendo porque aqui existe multa. As leis são cumpridas. Sempre, por todos.
Mas eu não quero aceitar as leis. Eu quero corronpê-las. Quero viver intensamente como sempre vivi. Muitos me chamam de louca, maluca. Nao entendo o porquê disso. Talvez pela minha coragem? Por não ter medo de mergulhar de cabeca? A melhor amiga conta que mergulho em águas geladas sem nem saber se haverá toalhas depois; e ainda diz que eu a levo junto. Que bom! Quero mesmo fazer as pessoas terem coragem de encarar o frio. Eu nao quero esse calor de verao canadense. Quero ouvir as buzinas, sair do trabalho às 6 da tarde com o céu escuro. O céu claro às 10 da noite é lindo, mas…aonde estão os carros, e as ruas de Copacabana?
Num dos muitos apartamentos de Copacabana, ouve-se o barulho de uma mensagem que chega de madrugada. Se este bipe nao for suficiente para despertar meu sono, logo em seguida o toque do celular fará seu papel. Por volta das 5 da manha, quando a night termina e bate aquela sensação pós-efeito etílico de “qual é o sentido desta vida solta”. Qual o sentido de não ter um pé para entrelacar nos seus no meio da noite. As 5 da manha, com o sol nascendo e a sobriedade começando a voltar às mentes, sentimos saudades. O resto do alcool no sangue é o responsavel pelo movimento do dedo que aperta a tecla “Send”. Pronto, meu telefone tocou. E na telinha piscando eu leio seu nome. Dou um pulo da cama. Com o coracao disparado, finjo pensar se devo ou não atender. Mas, para que me enganar? Eh claro que sempre atendo. Essas são as ligações mais carregadas de declarações de amor. Promessas, planos, vontades.
Depois de horas e horas, com o sol carioca ja chamando para a praia, desligamos. Tento dormir, nao consigo. As idéias correm pela cabeça, se cruzam com o que acho certo e o que realmente acontece. Os fatos se chocam. Os questionamentos surgem. Por que ele nao estava ali em Copacabana? Ou eu no bairro ao lado…tanto fazia…nao pecisamos de muita coisa…apenas de quatro paredes…ou mesmo a rua seria interessante. Ele disse que gosta, coisas de adolescentes que despertam tesão em adultos.
Nos gostamos, nos queremos. Muito. Fazemos planos segretos. Imaginamos um monte de coisas. Um mundo muitas vezes chamado de fantasia. Fantasia porque ele assim quer. Porque eu transformaria tudo isso em realidade. No dia 11 de setembro. Sem um dia de atraso. Nao esperaria nem mais um segundo. A saudade corrói.
Ja sao 11 e meia, o céu já está preto. As estrelas mais brilhantes. Uma fatia de lua me dá boa noite, como quem quer dizer “esquece isso”. Não, Lua, a piscina é gelada, mas estamos no verão.

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