quarta-feira, 10 de março de 2010

Nenhuma

Tem algo em você que me atrai. E essa atração me impede de dormir. Quando estou sozinha em casa, quase sempre. Esse lance de morar sozinha já me cansou, acho que fiquei mais carente de uns anos pra cá. Aí fico em casa sozinha e lembro da sua companhia. E de como nos dávamos bem. E de como era tudo diferente da forma como é com os outros. Tiveram tantos depois de você. E nenhum foi tão bom. Lembro de você na cozinha, ora fazendo jantar, ora fazendo almoço, ora colocando a cerveja no freezer e molhando as latinhas, ora abrindo um vinho. Ninguém conseguiu abrir um vinho com aquele meu abridor. Só você. Ninguém conseguiu me deixar sem ar, só você. Sinto vontade de saber como seria hoje. Nós dois sentados na beira da minha cama, fumando um baseado, bebendo algo e trocando idéia. Nunca mais sentei na beira da cama. Não é por saudade não. São hábitos que se perdem quando a pessoa se perde. Acho que hoje seria tudo igual. Impressionantemente. Você me olharia com os mesmos olhos azuis e eu diria que você não vale nada, mas que eu te quero mesmo assim. Você diria que não entende onde nos perdemos e eu diria que se você me amasse mesmo, não teria saído. Você passaria a mão no meu rosto, eu te daria um beijo e a gente treparia uma, duas, três, quatro vezes. Quem sabe cinco.
E você iria embora. Hoje, não teríamos mais nenhuma noite juntos. Nenhuma.

2 comentários:

Brrrruna disse...

Que medo. Os "olhos azuis" são o que me aliviam...

Céu disse...

Azuis, de tao negros.