terça-feira, 18 de maio de 2010

Escravos da rotina

Acordei extremamente bem humorada depois de 12 horas de sono. Sim, 12 horas muito bem usadas. Agora já estou sentada na cadeira onde passo a maior parte dos meus dias. Fico pensando nas prioridades que cada um tem na vida. Eu coloco essa calça social, bolsa de couro e um sapato altíssimo de verniz. Chego com um sorriso no rosto e um “bom dia” super simpático. Tudo que eu não sou. Saio daqui tarde e graças a deus já passei da fase MBA.

Hoje em dia, nunca estamos bem, nunca terminamos nada, sempre temos que correr contra o tempo, contra o bem estar e contra a saúde para concorrer com o amiguinho. Precisamos de trabalho porque o dinheiro nunca é suficiente. E então, nos afogamos em rotinas enlouquecedoras, onde não sobra espaço nem para pensar. Somos transformados em robôs e a parte mecânica nos guia o dia inteiro. Mas eu não vivo assim. Eu não aceito isso.

De que adianta eu ter uma conta bancária deliciosa se não terei tempo para gastar meu dinheiro? De que adianta a sociedade se orgulhar do meu trabalho, se não estou feliz? De que adianta eu ser pós doutorada em química se não uso meu tempo com coisas que me dão prazer?

Eu ainda não fui devorada por esse mundo. E espero não ser. Quero ter tempo de fazer as minhas coisas, nem que isso seja sentar no sofá para ler um livro ou deitar na minha cama e tentar encostar os pés no teto. Meus colegas de trabalho ficam impressionados com a minha dificuldade de gravar senhas. Não tenho acesso ao bankline, não consigo entrar na intranet da empresa e minha caixa postal do celular está lotada porque em algum momento tive que gravar uma senha para ouvir os recados. Essas coisas não me fazem falta, por isso não as resolvo. Não vou trocar minha cervejinha do final do dia por duas horas no telefone ouvindo “disque 1, dique 7, disque 9”.

Tenho mais o que fazer. E enquanto eu encontrar coisas que me dão prazer não cederei todo o meu tempo aos escravos da rotina.

É o que eu acho.

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