terça-feira, 4 de maio de 2010

Vício (ou quase)

Eu fui caminhando, embaixo da chuva. As gotas fortes e grossas deixavam o meu vestido vermelho ainda mais escuro. Eu não estava de branco, toda molhada, linda e despenteada. Eu estava de vermelho, vermelho sangue. E meu cabelo, só você consegue despentear. A chuva não é poderosa como você. Fui andando, calmamente. Você sabe como gosto de chuva, como gosto de me molhar e como sei ficar calma. Bem devagar. Sabia que na próxima esquina você estaria me esperando. Embaixo de uma marquise, com um casaco e as mãos no bolso. Você acha que chuva deixa resfriado. E acha que se chover, também está frio. Então usa um casaco e se protege das gotas que caem.

Eu não. Sou despojada demais para isso. Não acredito em nada que me contam. Então, mergulho de cabeça na piscina depois de almoçar, se eu gostasse de leite, beberia junto com manga e passo por baixo de escadas com ar desafiador. Eu gosto de provocar, gosto de contestar, gosto de duvidar. Não tenho alergia, nem TPM. Não tenho cólica, não tenho paranóia, não tenho frescura. Eu sou pura e simples. Ou não tão pura e muito simples.

Cheguei e você estava exatamente como imaginei. Eu te abracei toda molhada, como você gosta que eu sempre esteja. Segurei na sua mão, apertei, olhei para o seu rosto e sorri. Olhei fundo nos seus olhos. E pedi:

- Hoje eu posso tomar uma Coca Zero?

Sabia que você não resistiria ao meu sorriso. Nem ao meu olhar.

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